Tomie Ohtake morre aos 101 anos em São Paulo

A artista plástica Tomie Ohtake morreu nesta quinta-feira (12), em São Paulo, aos 101 anos, no Hospital Sírio Libanês em São Paulo, onde estava internada desde o dia 2 de fevereiro, para tratamento de uma leve pneumonia. Tomie reagia bem ao tratamento e estava prestes a ter alta médica, mas na manhã de terça-feira (10) engasgou com o café da manhã e teve uma broncoaspiração seguida de parada cardíaca e foi internada na UTI do hospital.

Tomie Ohtake (Imagem: Arte1)
Tomie Ohtake (Imagem: Arte1)

Sempre vestida de preto e econômica no falar, Tomie, com sua discrição, contrastou com sua efusiva produção. Desde 1952, quando começou a estudar pintura, já quase com 40 anos e depois dos filhos criados, a artista criou uma vasta produção em pinturas, gravuras, esculturas e obras públicas.
Iniciou na pintura com o artista Keisuke Sugano. No ano seguinte, integra o Grupo Seibi. Passou um certo tempo produzindo obras no contexto da arte figurativa, a artista define-se pelo abstracionismo. A partir dos anos 1970, passa a trabalhar com serigrafia, litogravura e gravura em metal.
Fez mais de 50 exposições individuais e participou de mais de 80 coletivas. Teve uma carreira produtiva, reconhecida e longa.

A paisagem de São Paulo ganhou a cara de Tomie Ohtake. São criações dela as curvas coloridas das grandes esculturas que dividem os dois lados da via expressa da Avenida 23 de Maio (homenagem aos 80 anos da imigração japonesa no Brasil); as ondas vermelhas de gesso da obra presa ao teto do Auditório do Ibirapuera; os quatro painéis de 2 metros de altura por 15 de comprimento que representam as estações do ano no metrô Consolação; o arco vermelho de 3 toneladas e 12,5 metros de altura no Brooklin; e o painel de 23 metros de altura na lateral do prédio que leva seu nome no Itaim Bibi.

Ela começou a pintar em uma época de grandes embates, quando o abstracionismo se sobrepunha ao figurativismo. Muitos artistas passaram para a corrente chamada vanguarda por oportunismo. Tomie foi fiel a ela por toda a sua vida. Ao longo de mais de 60 anos de carreira, o que ela mais fez foi depurar seu estilo cada vez mais.

Nos anos 1980, cresceu ainda mais o interesse por sua obra. Foi marcante a grande retrospectiva feita em 1983 pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp), um sucesso de público e crítica. Com o reconhecimento, nesta década ela começa a realizar várias das esculturas expostas em espaços abertos de São Paulo, marcadas pelas formas arredondadas e a grande escala.

Em 2000 foi criado o Instituto Tomie Ohtake, com sede em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. O objetivo é apresentar e discutir a história e as tendências das artes no Brasil – não apenas a obra de Ohtake. Mas ela não se fechou no Instituto. Uma escultura de 15 toneladas e 12 metros de altura, inaugurada em 2013 em Santo André (SP), pela artista centenária, é só mais um dos exemplos do inconfundível e incansável trabalho de Tomie Ohtake.

O velório vai ocorrer nesta sexta-feira (13) das 8h às 14h no Instituto Tomie Ohtake, na Zona Oeste de São Paulo. O corpo será cremado com cerimônia fechada para a família.

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