Sepp Baendereck

Obras de arte disponíveis

Sepp Baendereck - Sem Título

Sem Título

óleo sobre tela
1973
127 x 94 cm
Leilão de Arte Online

Biografia

Sepp Baendereck (Uzice, Iugoslávia, atual Sérvia e Montenegro 1920 - São Paulo SP 1988)

Pintor, desenhista, ilustrador, fotógrafo e publicitário.

Estuda direito na Universidade de Belgrado (Iugoslávia, atual Sérvia e Montenegro). Interrompe o curso devido à invasão nazista em seu país, em 1941. Serve sucessivamente no exército iugoslavo e no alemão, até ser desmobilizado em 1942. Muda-se para Berlim, onde cursa a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas e frequenta uma escola de desenho.

Em 1944, devido a bombardeios sobre Berlim, viaja a Zagreb (Iugoslávia, atual Croácia), onde estuda pintura na Escola de Belas Artes. Em 1948, fixa residência no Rio de Janeiro e começa a trabalhar em uma empresa de outdoor. Abre um ateliê de desenhos publicitários que, em 1954, se transforma na agência Studio Ás de Propaganda e, em 1957, na Denison Propaganda S/A.

Transfere a agência para São Paulo, mudando-se para a cidade em 1959. Começa a se interessar pela Amazônia e viaja para a região pela primeira vez em 1974. Vai para lá com certa frequência, e em 1976 conhece os rios Araguaia e Tocantins e a Transamazônica. Fotografa a região. Em 1978, em companhia de Frans Krajcberg (1921) e do crítico Pierre Restany (1930-2003), percorre os rios Purus, Solimões e Negro. Dessa experiência surge o Manifesto do Rio Negro - Naturalismo Integral. Na década de 1980 faz novas expedições à região, mas a temática amazonense cede espaço a flores em cores vibrantes.

Comentário Crítico

A obra de Sepp Baendereck pauta-se por múltiplas referências. Podemos notar certo traço cézanniano em obras da década de 1940, como por exemplo, Paisagem de Zagreb (1946). A década de 1950, por sua vez, já em solo brasileiro, traz paisagens geometrizadas como Leblon (1956) e Regata no Flamengo (1952). Ilustra o livro de poemas Puro Canto, da autoria de Tasso da Silveira, editado em 1956. Nessas ilustrações, a fatura é despojada, e a imagem constrói-se com uma linha fina e sinuosa.

Na década de 1960, Baendereck executa pinturas nas quais explora o grafismo e o uso de símbolos, como em Súplica de Paz (1966) e Ponto e Contraponto Omega (1967). Nestas obras, o artista cria e desenvolve signos pessoais e, ao mesmo tempo, reúne símbolos cristãos a letras do alfabeto. Em 1986, organiza a exposição Brasil Natureza Morta, em São Paulo. Nesta ocasião, mostra desenhos cujo tema é a destruição da floresta amazônica. Obras como Dantesca (1986), Apocalíptica (1986) e Catastrófica (1985) falam das queimadas que o artista testemunha.

Para essa mostra, Baendereck inspira-se no Manifesto do Rio Negro do Naturalismo Integral, que firma em parceria com o crítico Pierre Restany e com o artista Franz Krajcberg, em 1978. Esse manifesto deseja lançar as bases conceituais para uma nova consciência ambiental e existencial, que seria o naturalismo integral. A ideia é que a arte, assim como a visão ambiental do ser humano, seja destituída da busca pelo poder, em qualquer âmbito, para encontrar uma nova sensibilidade aguçada, livre de julgamentos e diretamente ligada à percepção.

A exposição Natureza Viva, realizada em 1987, é uma guinada na produção de Baendereck. O artista abandona os desenhos de tons brancos e cinzas do ano anterior e mostra pinturas de riqueza cromática, pinceladas heterogêneas e tendência à abstração, como em Allegro e Palmas II.

Críticas

"E vemos na pintura de Sepp, além de suas qualidades materiais, cromáticas, organizadas em magmas de cores, vemos, repetimos, uma semiótica mística que só pode ser decomposta, como as parábolas, através da análise ideoplástica. E então já não podemos denominar siglas, logotipos, logogrifos ou ideogramas a série de emblemas cabalísticos que irrompe da pintura de Sepp Baendereck como a fibrilação das cores da fachada de um templo pintado por um impressionista. Pois não se trata de fachada. Nem de nave. Trata-se de retábulo".
José Geraldo Vieira
PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Apresentação de Antônio Houaiss. Textos de Mário Barata et al. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.

"(...) Para o artista e para o homem a Amazônia era o começo e o fim. De tal modo identificou-se com a região, suas belezas, mistérios, alegrias e tragédias, que sua arte passou a ser reflexo direto da vida e da morte que ali existia e existe. Lembro-me de que escrevi que havia um Sepp antes e outro depois da Amazônia. Disse que Sepp era o nosso Rugendas, o nosso Debret contemporâneo a desvendar, revelar a floresta em toda a plenitude ou decadência. Para o artista o universo amazônico passou a participar, a integrar seu mundo mental, intelectual, emocional, psicológico. Pintar, desenhar, gravar a Amazônia em cores vivas, brilhantes ou nos tons neutros dos cinzas, das sombras dos carvões, do chumbo dos grafites, das terras, dos ocres, seduzia Sepp, dominando-o por completo. (...) Quando em sua (...) mostra apresentou enormes desenhos focalizando restos da floresta destruída, queimada, carbonizada, nos deu uma antevisão trágica da hecatombe atômica. (...) O colorista que existe em Sepp surge nas telas ´desenhando como a natureza´. Baudelaire, do alto de sua sabedoria, dizia também que ´os coloristas são poetas épicos´. Sepp, sem a menor dúvida, enquadra-se na definição. Suas flores são poemas em que canta a beleza da vida, o prazer de estar, de ser. Ver nestas pinturas apenas flores é falta de visão, de imaginação. Além das pétalas, das corolas, dos estames, dos pistilos, dos ramos, há uma festa. Encontre-a e participe. E viva".
Carlos Von Schmidt
LOUZADA, Júlio. Artes plásticas: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984-.

"Vale dizer, a denúncia, na atual obra de Sepp, cede lugar para um desenho muito fluente e competente, com valores gráficos e hábel economia cromática. Por um lado, é um desenho até tradicional. Por outro, é o desenho de quem dominou inteiramente a técnica e se serve dela como intermediária para um exercício de vontade. Em outras exposições anteriores de pintura também sobre a Amazônia, Sepp não tinha conseguido se descolar tão eficientemente do assunto. Aqui, ele consegue - e isto é bom. A Amazônia é apens o pretexto para que ele deixe correr a mão e o pensamento sobre amplíssimos espaços, com visível naturalidade e prazer".
Olívio Tavares de Araújo
ARAÚJO, Olívio Tavares de. "Com naturalidade e prazer". In : IstoÉ, São Paulo, 11 de junho de 1986.

Depoimentos

"Em minha obra, quero mostrar as pessoas, a terra e as coisas simplesmente como se apresentam, analisá-las pelos modelos que encontro e não através da minha mente...- como diz meu amigo Krajcberg - 'a imaginação humana é infinitamente mais pobre do que a pródiga criatividade da natureza (Deus)'... A fotografia é um importante auxiliar da minha visão e memória. A máquina enxerga com um olho só, a minha visão é binocular, o que resulta numa interpretação dupla. O que se vê no meu quadro, portanto, é essencialmente uma dupla imagem, uma realidade duas vezes interpretada, duas vezes filtrada, dus vezes focalizada e iluminada. Não há risco de engano. É uma pintura de verdade. O que eu pinto não é fantasia. ... Essa minha compulsão inexplicável de pintar está hoje intimamente ligada ao mundo em que vivo há quase 30 anos, a essa Amazônia imensa, a este Brasil que amo mais do que a própria terra onde nasci. Esta é a minha ambição : Quero ser, humildemente, um repórter deste Brasil, como foram Frans Post, Debret, Rugendas. Tenho um compromisso com o Brasil".
Sepp Baendereck
BAENDERECK, Sepp. In : Novas Notícias do Brasil : catálogo. São Paulo, 1977.

"Hoje vejo o Brasil com muita excitação. Um Brasil muito diferente daquele que conheci quando, imigrante, cheguei sem profissão em 1948. O Rio era uma cidade civilizada, bonita, em que havia pobreza, mas não miséria. Hoje isso se inverteu. É um país em desarmonia e a estética é a mercadoria mais em falta e só trabalhamos para pagar dívidas. Por isso cada dia é mais necessário inventar, criar. O brasileiro não pode mais viver da imitação e da exploração da sua natureza.... Sou um pintor livre. Faço apenas o que quero, sem preocupações, sem depender do rendimento da pintura para viver. Mas vivo para a pintura".
Sepp Baendereck
BAENDERECK, Sepp. In : Gazeta Esportiva. São Paulo, 1986.

Exposições Individuais

1947 - Graz (Áustria) - Individual
1951 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MEC
1964 - São Paulo SP - Individual, na Seta Galeria de Arte
1965 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria Guignard
1965 - Salvador BA - Individual, na Galeria Quirino
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Relevo
1969 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
1970 - Munique (Alemanha) - Individual, no Brasilianische General Konsulat
1970 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1970 - Santos SP - Sepp Baendereck: pinturas, no Centro Cultural Brasil-Estados Unidos
1970 - São Paulo SP - Sepp Baendereck: 25 anos de pintura, no MAM/SP
1971 - Alicante (Espanha) - Individual, na Galeria Arrabal - Calosa de Ensarria
1971 - Rio de Janeiro RJ - Sepp Baendereck: 25 anos de pintura, no MAM/RJ
1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
1972 - Guarujá SP - Individual, no Hotel Jequitimar
1972 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria de Arte Ipanema
1972 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Portal
1973 - Belo Horizonte MG - Individual, na Galeria Guignard
1974 - Guarujá SP - Individual, no Hotel Jequitimar
1974 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1974 - São Paulo SP - Individual, na Petite Galerie
1976 - Rio de Janeiro RJ - Brasil: terra e gente, na Petite Galerie
1976 - São Paulo SP - Brasil: terra e gente, no Masp
1976 - São Paulo SP - Pinturas de Sepp Baendereck, na Petite Galerie
1977 - São Paulo SP - Novas Notícias do Brasil, na Galeria Arte Global
1981 - São Paulo SP - Imagens da Amazônia, na Galeria de Arte São Paulo
1982 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Kouros Gallery
1984 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Suzanna Sassoun
1985 - Manaus AM - Individual, no Teatro do Amazonas
1986 - São Paulo SP - Brasil Natureza Morta, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1987 - São Paulo SP - Natureza Viva, na Galeria Múltipla de Arte

Exposições Coletivas

1946 - Graz (Áustria) - Exposição com o Grupo Sezession
1951 - Rio de Janeiro RJ - 57º Salão Nacional de Belas Artes, no MNBA
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ - menção honrosa
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no MNBA
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - São Paulo SP - 8º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1963 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1965 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - medalha de prata
1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1967 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Artista Plástico Publicitário - prêmio melhor pintor publicitário
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Brasília DF - Salão de Arte Moderna do Distrito Federal
1969 - Santo André SP - 2º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal
1969 - São Caetano do Sul SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de São Caetano do Sul - prêmio aquisição
1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1969 - São Paulo SP - 1º Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Masp
1970 - Rio de Janeiro RJ - 19º Salão Nacional de Arte Moderna, no MAM/RJ
1970 - Santo André SP - 3º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal
1970 - São Paulo SP - 2º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - Belo Horizonte MG - 8 Artistas Paulistas, na A.M.I.
1971 - Paris (França) - Salão de Outono de Paris
1971 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Contemporânea
1971 - São Paulo SP - Coletiva de Galerias, na Hebraica
1971 - São Paulo SP - Inaugural, na Galeria Portal
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1976 - São Paulo SP - 8º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 - São Paulo SP - 10º Arte e Pensamento Ecológico, no Viaduto Jacareí
1977 - São Paulo SP - Coletiva de Galerias, em A Hebraica
1977 - São Paulo SP - 14ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1977 - São Paulo SP - 9º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1978 - São Paulo SP - 16ª Arte e Pensamento Ecológico, na Cetesb
1979 - São Paulo SP - 11º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - Rio de Janeiro RJ - Pintura Brasileira Atuante, no Espaço Petrobras
1985 - Brasília DF - Pintura Brasileira Atuante, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1986 - São Paulo SP - Coleção Denison, no Masp
1991 - São Paulo SP - Baendereck-Krajcberg, no Banco Santander 
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no  Centro Cultural Banco do Brasil

Exposições Póstumas

1991 - São Paulo SP - Baendereck-Krajcberg, no Banco Real
1992 - Rio de Janeiro RJ - Natureza: quatro séculos de arte no Brasil, no CCBB

Fonte: Itaú Cultural

Veja também