Norberto Nicola (São Paulo SP 1931 - idem 2007)
Norberto Nicola foi tapeceiro, pintor, desenhista, escultor e gravador. Iniciou sua formação em 1954, no curso para professores de desenho da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e no Atelier-Abstração, de Samson Flexor (1907-1971), em São Paulo. Nesse ambiente, conheceu Jacques Douchez (1921), com quem fundou, em 1957, o Ateliê Douchez-Nicola de tapeçaria, ativo até 1980. Passou a produzir tapeçarias, inicialmente planas e, mais tarde, tridimensionais. Realizou estágios na manufatura de Aubusson, na França, entre outras instituições europeias.
Em 1961, apresentou uma mostra individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Participou da 7ª Bienal de São Paulo, em 1963, além da 8ª, 9ª, 11ª e 13ª edições do evento. Exibiu suas obras em espaços como a Galeria da O.E.A., em 1973, em Washington, e no Museu Nacional de Belas Artes do México. Nesse mesmo ano, recebeu o prêmio da categoria tapeçaria da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Foi o criador da Trienal de Tapeçaria, que teve três edições em São Paulo, a primeira realizada em 1976.
Por volta de 1970, tornou-se colecionador e estudioso da arte plumária brasileira. Produziu mostras importantes, como Arte Plumária no Brasil, em 1980, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). No final dos anos 1990, começou a realizar gravuras por meio do computador, algumas das quais foram expostas no Club Athletico Paulistano, em São Paulo, no ano 2000.
Comentário crítico
As tapeçarias de Nicola utilizam-se de raízes, folhas, terra, penas, árvores e cipós em tons quentes e envolventes, em entrelaçamentos que nos põem diretamente no meio de uma selva, como se fossem recortes desta. Os materiais tradicionais da tapeçaria são variados: lã, linho, estopa, sisal, vime, cânhamo e outros. Podem estar trançados e tecidos, mas também soltos, como se fossem plumagem, pelagem ou capim. O resultado é fortemente tátil, sensual e vivo.
Além desse aspecto sensorial, ele consegue investir suas peças de uma dimensão ritualística. Como afirma o crítico Jacob Klintowitz no texto de apresentação de uma exposição, o artista brasileiro em geral acredita que está mais em contato com a natureza do que os outros e que sua missão é resgatar a herança mística, cultural e formal do país. Aqui, essa missão parece ter sido cumprida.1
Crisálida, por exemplo, de 1980, é uma espécie de manto xamanístico em cores fortes, como vermelhos, amarelos e azuis, em forma de grandes asas abertas, de cujas bordas pendem tipos de cipós e fios soltos. Remete-nos diretamente à arte plumária brasileira.
Para esta, a partir dos anos 1970, Nicola busca a legitimação, organizando mostras e estudos. Na apresentação de um dos catálogos de exposição, afirma querer divulgar essa arte, mas também guardá-la e preservá-la, despertando o interesse do público e fazendo registro dela.2 Essa consciência pública da arte se manifesta igualmente na sua atividade em comissões, por exemplo no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e na coordenação de eventos, como a Trienal de Tapeçaria.
Notas
1 OS RITMOS E AS FORMAS: arte brasileira contemporânea. Apresentação Abram Szajman. Texto Jacob Klintowitz. São Paulo: Serviço Social do Comércio - SESC/SP, 1988. 77 p., il. color.
2 DORTA, Sonia Ferraro e NICOLA, Norberto. Aroméri: arte plumária indígena. São Bernardo do Campo, São Paulo: Mercedez-Benz do Brasil S.A., 1986.
Exposições Individuais
1959 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte Folhas
1959 - Campinas SP - Individual, na Galeria Aremar
1961 - São Paulo SP - Individual de tapeçaria, na Galeria Sistina
1983 - São Paulo SP - Tapeçaria, na Galeria São Paulo
1985 - São Paulo SP - Tapeçaria e Escultura, no Espaço de Artes Saldiva
1987 - São Paulo SP - Tapeçaria, na Galeria Augôsto Augusta
Exposições Coletivas
1956 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição
1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - menção honrosa
1958 - Nova York (Estados Unidos) - Ateliê Abstração of São Paulo, na Roland de Aenlle Gallery
1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1958 - São Paulo SP - IV Coletiva do Grupo Guanabara
1959 - São Paulo SP - V Coletiva do Grupo Guanabara
1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - grande medalha de ouro
1961 - s.l. MG - Exposição Douchez Nicola, no MAM/MG
1962 - São Paulo SP - 11º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1962 - São Paulo SP - Douchez - Nicola, tapeçaria, na Galeria Astréia
1962 - São Paulo SP - Salão Oficial Paulista - medalha de ouro
1963 - Montevideo (Uruguai) - Coletiva, no Centro de Artes e Letras de Montevideo
1963 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva, no MAM/RJ
1963 - São Paulo SP - 7º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - São Paulo SP - 14 Tapeçarias do Atelier Douchez Nicola, tapeçaria, na Galeria Astréia
1965 - Lima (Peru) - Coletiva, no MAM de Lima
1965 - São Paulo SP - 8º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1966 - México (México) - Coletiva, no Museu de Belas Artes do México
1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1966 - São Paulo SP - Mosaicos, na Galeria de Arte 4 Planetas
1967 - São Paulo SP - 9º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1969 - São Paulo SP - Formas Tecidas de Nicola e Douchez, tapeçaria, na Documenta Galeria de Arte
1970 - São Paulo SP - Nicola e Douchez, tapeçaria, na Galeria Bonino
1971 - São Paulo SP - 11º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1972 - São Paulo SP - Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois, na Galeria da Collectio
1973 - Brasília DF - Norberto Nicola e Jacques Douchez, tapeçarias, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1974 - São Paulo SP - 1ª Mostra Brasileira de Tapeçaria, no MAB/Faap - 1º prêmio
1975 - Brasília DF - Formas Tecidas, tapeçaria, na Sala de Exposições do Setor de Difusão Cultural
1975 - Lisboa (Portugal) - Coletiva, na Fundação Gulbenkian
1975 - São Paulo SP - 13º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1975 - São Paulo SP - Nicola e Douchez Formas Tecidos, tapeçaria, na Documenta Galeria de Arte
1977 - Belo Horizonte MG - 5º Salão Global de Inverno, na Fundação Palácio das Artes
1977 - Brasília DF - 5º Salão Global de Inverno
1977 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Global de Inverno, no MNBA
1977 - São Paulo SP - 5º Salão Global de Inverno, no Masp
1977 - Washington (Estados Unidos) - The Original and its Reproduction: a Melhoramentos project, no Brazilian-American Cultural Institute
1978 - Buenos Aires (Argentina) - Nicola e Douchez, tapeçaria, na Galeria Práxis
1978 - São Paulo SP - 1º Mostra do Móvel e do Objeto Inusitado, no Paço das Artes
1979 - São Paulo SP - 2ª Trienal de Tapeçaria, no MAMSP - Hors Concours
1980 - Bonn (Alemanha) - Quatro Artistas Brasileiros/Vier Brasilianische Kunstler, na Kultur Fórum BonnCenter
1980 - Frankfurt (Alemanha) - Quatro Artistas Brasileiros/Vier Brasilianische Junster, na Jahrhunderthalle Hoechst
1980 - Leverkusen (Alemanha) - Quatro Artistas Brasileiros/Vier Brasilianische Kunstler, na Erholungshaus
1980 - Lisboa (Portugal) - Quatro Artistas Brasileiros, no Museu Gulbenkian da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, Portugal)
1980 - Porto (Portugal) - Quatro Artistas Brasileiros, na Junta Comercial
1980 - Porto (Portugal) - Quatro Artistas Brasileiros/Vier Brasilianische Kunstler, na Associação Comercial do Porto
1980 - s.l. (Chile) - Tapeçaria, no MNBA do Chile
1980 - São Paulo SP - I Mostra Fios/Tecidos, tapeçaria, na 25ª Fenit Parque Anhembi
1980 - Stuttgart (Alemanha) - Quatro Artistas Brasileiros/Vier Brasilianische Junster, na Rathaus
1981 - Osaka (Japão) - Arte Latino-americana y Japón, no Museu Nacional de Osaka
1982 - Cidade do México (México) - Arte Plumária do Brasil, no Museu de Antropologia
1982 - Penápolis SP Convidado - 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste, na Funep. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis
1982 - Washington (Estados Unidos) - Arte Plumária do Brasil, na Smithsomain Institute
1983 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria São Paulo
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1986 - Rio de Janeiro RJ - Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, no Paço Imperial
1987 - São Paulo SP - Arte Têxtil, tapeçaria, no Masp
1988 - São Paulo SP - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Sesc Pompéia
1989 - Copenhague (Dinamarca) - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Museu Charlottenborg
1990 - São Paulo SP - O Múltiplo na Visão de Baravelli, Marcello Nitsche, Maria Bonomi, Noberto Nicola, Peticov e Vlavianos, na Multipla de Arte
1990 - São Paulo SP - Frutas, Flores e Cores, na Ranulpho Galeria de Arte
1992 - São Paulo SP - Coletiva Ontem/Hoje, na Galeria Múltipla
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1998 - São Paulo SP - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAMSP
1999 - Rio de Janeiro RJ - Arte Construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner, no MAM/RJ
1999 - São Paulo SP - Década de 50 e seus Envolvimentos, no Jo Slaviero Galeria de Arte
Fonte: Itaú Cultural