José Cláudio (Ipojuca PE 1932)
Pintor, desenhista, gravador, escultor, crítico de arte e escritor.
Em 1952, José Cláudio, ao lado de Abelardo da Hora (1924), Gilvan Samico (1928) e Wellington Virgolino (1929 - 1988), entre outros, funda o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR. Posteriormente, em Salvador, José Cláudio é orientado por Mario Cravo Júnior (1923), Carybé (1911 - 1997) e Jenner Augusto (1924 - 2003). Viaja para São Paulo em 1955, onde inicialmente trabalha com Di Cavalcanti (1897 - 1976), estudando também gravura com Lívio Abramo (1903 - 1992) na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Recebe bolsa de estudos da Fundação Rotelini, em 1957, permanecendo por um ano em Roma, na Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve artigos sobre artes plásticas para o Diário da Noite, do Recife. Realiza pinturas de caráter figurativo, retratando cenas regionais e paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco. O artista escreve, ao longo de sua carreira, vários textos de apresentação para exposições de pintores nordestinos, como a mostra Oficina Pernambucana (1967). Publica, entre outros, o livro Memória do Ateliê Coletivo (1978), no qual reúne depoimentos dos vários artistas que integram o grupo.
Comentário Crítico
José Cláudio é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife - SAMR, ao lado de Abelardo da Hora (1924), Gilvan Samico (1928) e Wellington Virgolino (1929 - 1988), entre outros. O Ateliê Coletivo é um centro de estudo de desenho e gravura voltado para uma arte de caráter social e funciona no Recife entre 1952 e 1957. Posteriormente, em Salvador, José Cláudio é orientado por Mario Cravo Júnior (1923), Carybé (1911 - 1997) e Jenner Augusto (1924 - 2003).
O artista viaja para São Paulo em 1955, onde estuda gravura com Lívio Abramo (1903 - 1992) na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Em 1957, recebe bolsa de estudo da Fundação Rotelini e permanece por um ano em Roma, na Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve artigos sobre artes plásticas para o Diário da Noite, do Recife.
José Cláudio realiza pinturas de caráter figurativo, retratando cenas regionais e paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco, como em Pátio do Mercado (1972) ou Rua Leão Coroado (1973). Em Casa Vermelha de Olinda (1973), destaca-se o diálogo com a abstração, a simplificação formal, o uso livre da pincelada e o colorido intenso. Em suas obras podemos perceber a admiração por artistas da Escola de Paris e também pelos expressionistas, como na série de nus femininos, do fim da década de 1970. O carnaval é o tema dos quadros Homem da Meia Noite ou Cheguei Agora (ambos de 1974), com cores vivas e contrastantes. Em 1975, o artista participa de expedição à Amazônia, promovida pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, registrando em vários desenhos a óleo diversos aspectos regionais.
Em 1980, José Cláudio cria uma série de telas nas quais reinterpreta o quadro O Repouso do Modelo, do pintor ituano Almeida Júnior (1850 - 1899). Nessas obras revela a tendência a abolir a profundidade do plano pictórico, simplificando os elementos formais, que tendem a uma geometrização. Em 1985, pinta paisagens ao ar livre, como Ipojuca e Serrambi, empregando pinceladas largas e enérgicas.
O artista escreve, ao longo de sua carreira, vários textos de apresentação para exposições de pintores nordestinos, como a mostra Oficina Pernambucana (1967). Publica, entre outros, o livro Memória do Ateliê Coletivo (1978), no qual reúne depoimentos dos vários artistas que integram o grupo.
Críticas
"José Cláudio é figurativista desde sempre, e pratica uma arte em que a emoção primeira sequer permite ou admite emendas e correções. Disso resulta certa impressão de desleixo e de mal-acabamento que por vezes inspira sua obra. No entanto, trata-se de efeitos deliberadamente obtidos, fruto de seu acentuado amor à matéria. Expressionista, fazendo uso de um desenho rigoroso, de uma pincelada larga e espontânea de um colorido profundo, do ponto de vista da temática José Cláudio debruçou-se sobre cenas e tipos regionais, sobre os costumes regionais e sobre a paisagem, as aves e as frutas do seu Nordeste, despojando-as, porém, de qualquer conteúdo pitoresco, para apenas se concentrar em sua expressão pictórica. Um sensual e um dionisíaco, hedonista que, segundo suas próprias palavras, diante de uma bela manga não sabe se deva pintá-la ou chupá-la, José Cláudio voltou-se também para a problemática da criação artística - como pintor, na série de grandes óleos que dedicou em começos da década de 1980 ao REPOUSO DO MODELO, de Almeida Júnior - desmembrado, rearticulado, reinterpretado em cada um de seus múltiplos aspectos formais e psicológicos -, e como escritor, historiador da arte pernambucana, num estilo tão pouco alambicado quanto sua pintura, (...)".
José Roberto Teixeira Leite
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
Acervos
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo - São Paulo SP
Acervo Banco Itaú S.A. - São Paulo SP
Exposições Individuais
1956 - São Paulo SP - Primeira individual, no Clube dos Artistas e Amigos das Artes (Clubinho)
1963 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Luís
1966 - Recife PE - Individual, na Galeria Casa Hollanda
1970 - Recife PE - Individual, na Galeria Detalhe
1975 - São Paulo SP - Individual, na Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1977 - São Paulo SP - Individual, na Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1977 - Recife PE - Individual, na Galeria Artespaço
1977 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Nara Roesler
1977 - Recife PE - Individual, na Gatsby Arte
1980 - São Paulo SP - Individual, na Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1980 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria Kraft
1981 - Recife PE - Individual, na Galeria Artespaço
1982 - São Paulo SP - Individual, na Renato Magalhães Gouvêa Escritório de Arte
1983 - Recife PE - Individual, na Galeria Artespaço
1986 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Ipanema
Exposições Coletivas
1954 - Recife PE - 1ª Exposição do Ateliê Coletivo
1954 - Recife PE - Salão de Pintura do Museu do Estado de Pernambuco - menção honrosa
1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1956 - São Paulo SP - Salão Paulista de Arte Moderna
1957 - São Paulo SP - 4ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1961 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas - 1º prêmio em desenho
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1969 - São Paulo SP - 1º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1971 - São Paulo SP - 3º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1975 - Bruxelas (Bélgica) - Image du Brésil, no Manhattan Center - organizada pelo Masp
1976 - São Paulo SP - O Desenho em Pernambuco, na Galeria Nara Roesler
1982 - Rio de Janeiro RJ - Entre a Mancha e a Figura, no MAM/RJ
1983 - Rio de Janeiro RJ - 3 x 4 Grandes Formatos, na Galeria do Centro Empresarial Rio
1983 - São Paulo SP - 14º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1984 - Rio de Janeiro RJ - Intervenções no Espaço Urbano, na Funarte. Galeria Sérgio Milliet
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1986 - Brasília DF - Pernambucanos em Brasília, no ECT Galeria de Arte
1986 - Fortaleza CE - Imagine: o planeta saúda o cometa, na Arte Galeria
1986 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Mostra Christian Dior de Arte Contemporânea: pintura, no Paço Imperial - premiado
1987 - Recife PE - José Cláudio e Gil Vicente, no Museu do Estado de Pernambuco
1987 - São Paulo SP - As Bienais no Acervo do MAC: 1951 a 1985, no MAC/USP
1988 - Rio de Janeiro RJ - Le Déjeuner sur l'Art: Manet no Brasil, na EAV/Parque Lage
1988 - Rio de Janeiro RJ - Abolição, na Galeria de Arte Ipanema
1988 - São Paulo SP - A Mão Afro-Brasileira, no MAM/SP
1988 - São Paulo SP - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Sesc Pompéia
1989 - Copenhague (Dinamarca) - Os Ritmos e as Formas: arte brasileira contemporânea, no Museu Charlottenborg
1989 - Recife PE - Natureza da Pintura, no Centro Cultural Adalgisa Falcão
1989 - Olinda PE - Viva Olinda Viva, no Atelier Coletivo
1990 - Olinda PE - Permanência da Pintura, no Atelier Coletivo
1991 - São Paulo SP - A Mata, no MAC/USP
1992 - Rio de Janeiro RJ - Coca-Cola 50 Anos com Arte, no MAM/RJ
1992 - São Paulo SP - Coca-Cola 50 Anos com Arte, MAM/SP
1992 - Rio de Janeiro RJ - Ateliê Coletivo, no Centro Cultural Candido Mendes
1993 - Hamburgo (Alemanha) - Atelier Coletivo, no Km Wolff
1993 - São Paulo SP - 23º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1993 - São Paulo SP - Obras para Ilustração do Suplemento Literário: 1956 - 1967 - MAM/SP
1994 - São Paulo SP - Marinhas, na Galeria Nara Roesler
2000 - São Paulo SP - Almeida Júnior: um artista revisitado, na Pinacoteca do Estado
2000 - Recife PE - Ateliê Pernambuco: homenagem a Bajado e acervo do Mamam, no Mamam
2003 - São Paulo SP - Arte e Sociedade: uma relação polêmica, no Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural