Yoshino Mabe

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Biografia

Yoshino Mabe (Japão cerca de 1930)

Yoshino Mabe nasceu no Japão e imigrou para o Brasil ainda jovem, estabelecendo-se em São Paulo, cidade que se tornaria o cenário central de sua vida pessoal e artística. Inserida em uma comunidade japonesa ativa na capital paulista, ela teve contato com a cultura e a tradição artística do país, além de absorver influências do ambiente cultural brasileiro.

Em São Paulo, Yoshino Mabe conheceu o renomado pintor japonês radicado no Brasil, Manabu Mabe. O relacionamento com Manabu se tornou não apenas afetivo, mas também artístico, já que Yoshino acompanhava de perto o trabalho do marido. Eles se casaram e tiveram três filhos: Joh, Ken (gêmeos) e Yugo. Durante os primeiros anos de casamento, Yoshino dedicava-se à vida familiar, cuidando do lar e dos filhos, enquanto observava atentamente o processo criativo de Manabu. Esse período de aprendizado indireto foi decisivo para que desenvolvesse seu próprio senso artístico.

Formação e Início da Carreira Artística

Yoshino Mabe inicialmente não se dedicava à pintura de maneira formal. Seu contato com a arte se dava principalmente por meio da observação: ela acompanhava Manabu em seu ateliê, aprendendo técnicas e experimentando materiais de forma intuitiva. Aos poucos, Yoshino começou a pintar por conta própria, geralmente no período da tarde, em sua casa, conciliando a prática artística com suas responsabilidades domésticas.

Durante décadas, a produção de Yoshino Mabe foi discreta e intermitente, mas consistente, marcada por um olhar sensível para o cotidiano e para a natureza. Yoshino descreve sua relação com a arte como simples e discreta: "Meu cotidiano era ser esposa, mãe e dona de casa. Aos poucos, me aproximei da pintura. Comecei a pintar no período da tarde, em nossa casa. O que eu faço é dar vida a uma natureza morta através das cores, das formas, conforme a luz. Estou muito feliz em poder exibir meus trabalhos realizados durante a minha convivência com Manabu e uns poucos que realizei depois que ele partiu. Ele sempre me apoiou, me estimulou a pintar embora nunca tenha retocado uma tela minha. Ele apenas falava: por que não faz assim, por que não clareia um pouco aqui…"

Estilo e Influências

A obra de Yoshino Mabe é composta principalmente por paisagens e naturezas-mortas. Sua pintura se caracteriza por um olhar contemplativo, poético e delicado, utilizando cores e luz de forma cuidadosa para dar vida aos objetos. Embora seja perceptível a influência de Manabu Mabe, com quem compartilhava a rotina de trabalho e temas, Yoshino desenvolveu um estilo próprio, com autonomia criativa.

Um aspecto único de sua produção é a prática de pintar ao lado do marido, recriando os mesmos temas de maneira independente. Cinco pares de obras dessa dinâmica são particularmente notáveis: similares em composição, mas nunca idênticas, refletem o incentivo de Manabu para que Yoshino criasse de acordo com sua própria sensibilidade, sem copiar. Essa relação entre influência e liberdade artística é um dos elementos mais importantes na compreensão de sua obra. A primeira pintura de Yoshino em São Paulo, criada em 1957, foi feita no ano em que a família se mudou de Lins para a capital paulista, representando uma natureza-morta com cebolinha pintada lado a lado com Manabu, cada um em seu cavalete.

Yoshino Mabe participou de diversas exposições coletivas, principalmente voltadas à comunidade japonesa em São Paulo, incluindo os Salões do Grupo Seibi, que reuniam artistas da colônia japonesa e serviam como importante espaço de visibilidade para a produção artística dos imigrantes. Apesar de sua produção discreta, Yoshino sempre recebeu apoio e incentivo do marido, que oferecia orientações pontuais sem interferir diretamente em suas obras, permitindo que ela cultivasse uma identidade própria.

Yoshino Mabe realizou sua primeira exposição individual aos 91 anos, intitulada “A Arte de Yoshino Mabe”, no Joh Mabe Espaço Arte & Cultura, localizado na Av. Brigadeiro Luís Antônio, 4225, Jardim Paulista, São Paulo. A mostra ocorreu de 14 de setembro a 15 de outubro, com curadoria do crítico de arte Enock Sacramento, que também curou importantes exposições de Manabu Mabe em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília, e coordenação geral de Ely Iutaka, contando com apoio do Governo do Estado de São Paulo por meio do ProAC – Programa de Ação Cultural.

A exposição reuniu 30 pinturas, desde a primeira obra de 1957 até trabalhos mais recentes. Entre os destaques estavam cinco pares de pinturas feitas simultaneamente com Manabu, evidenciando a autonomia artística de Yoshino e sua sensibilidade na observação da luz e da cor. Segundo o curador Enock Sacramento, “estas obras são parecidas, mas não são iguais, pois Mabe nunca estimulou Yoshino a copiar o assunto, mas a recriá-lo livremente.” A mostra também incluiu detalhes sobre a realização e organização das visitas, com pré-agendamento e medidas de segurança sanitária para o público.

Legado e Reconhecimento

Yoshino Mabe é reconhecida como uma artista singular, cuja produção, mesmo iniciada de maneira intermitente, revela consistência, sensibilidade e domínio do uso da cor e da luz. Suas obras estão presentes em coleções públicas e privadas, incluindo a Pinacoteca Municipal de Mauá, garantindo sua preservação e acesso a novas gerações.

Sua trajetória representa um exemplo inspirador de dedicação silenciosa: conciliou vida familiar e produção artística de maneira significativa, construindo uma obra que dialoga com tradição, experiência e percepção sensível do cotidiano. Ao realizar sua primeira exposição individual ainda aos 91 anos, Yoshino consolidou seu lugar no panorama artístico brasileiro, não apenas como esposa de Manabu Mabe, mas como uma artista com identidade própria.

Comentário Crítico

Críticos de arte destacam a singularidade de Yoshino Mabe na forma como transformou o cotidiano em poesia visual. Sua pintura não busca grandeza ou dramaticidade, mas intimismo e delicadeza. As naturezas-mortas e paisagens são tratadas com sensibilidade à luz, harmonia de cores e precisão contemplativa.

A prática conjunta com Manabu Mabe, mantendo autonomia, é central para a compreensão de sua produção: Yoshino absorveu ensinamentos e técnicas sem abrir mão de sua visão própria. Assim, Yoshino Mabe se firma como uma das figuras mais relevantes da colônia japonesa em São Paulo, mostrando que talento, observação e persistência podem resultar em uma obra poética e duradoura, mesmo iniciada de maneira tardia.

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