Tadao Nakabayashi (Shimane Japão 1947)
Tadao Nakabayashi é pintor. Iniciou seus estudos de pintura em 1965 com Minoru Ando, em sua cidade natal. Aprendeu cerâmica, técnicas de ikebana, a arte do arranjo floral e a cerimônia do chá. Teve contato com a filosofia zen-budista e iniciou-se na arte caligráfica. Viajou para a Índia, Nepal e China, com o objetivo de estudar filosofias e religiões. Por volta de 1971, seguiu para a Europa, onde pesquisou sobre arte em museus e galerias. Chegou ao Brasil em 1979 e fixou residência em São Paulo.
Na primeira exposição realizada no país, montada na Câmara Municipal, apresentou pinturas de budas coloridos. Utiliza formas geométricas como quadrados e triângulos, além de formas ovóides e elípticas, que servem de base para a composição das figuras. Emprega símbolos e arabescos, elementos herdados da filosofia budista. Suas pinturas são feitas com acrílica sobre tela. Também realiza painéis em formato de trípticos de grandes dimensões, remetendo aos biombos japoneses.
A crítica é unânime ao apontar a filosofia zen-budista — e, consequentemente, o misticismo — como temas marcantes em sua obra. Nas décadas de 1980 e 1990, realizou diversas exposições individuais no Japão, mas sobretudo em São Paulo, onde reside atualmente.
Críticas
"A pintura do japonês Tadao Nakabayashi, 42, há dez anos no Brasil, não é contemplativa nem ativista. São as duas coisas ao mesmo tempo. E isto porque é criada dentro da ótica zen-budista, uma visão difícil de ser entendida pelos ocidentais, acostumados à lógica tradicional. Aparentemente, o zen-budismo não explica nada, embora possa levar à compreensão de muitas coisas. Em sua pintura, que tem raízes nipônicas, chinesas, indianas, ele procura a harmonia, o equilíbrio. Harmonia de formas, cores, ritmos, texturas. Equilíbrio que resulte do uso da variedade, do encontro e da convivência dos opostos. Nela, simplicidade coexiste com sabedoria. Com quadrados, retângulos, circunferências, ovóides, arabescos, ele compõe suas figuras, sintéticas e simbólicas. Não se trata de uma pintura expressionista, transbordante de arrebatamentos. Tadao trabalha com o símbolo e com o vazio. Certamente ele quer nos dizer que o bom uso do vazio é que assegura a inexauribilidade do espaço; que, quando tudo tende à programação, à automação, o mundo interior, com seu vazio inesgotável, poderá ser a grande saída, o grande espaço da vida."
Enock Sacramento
SACRAMENTO, Enock. A arte zen-budista de Tadao. In : TADAO. Pinturas 1988/89. Coordenação Regina Botelho de Abreu Sampaio e Rui Peri, fotografia Yoshiharo Umemura; texto Flávio de Aquino; texto crítico José Zmatto, Enock Sacramento, Jacob Klintowitz. São Paulo: Denis Perri Galeria de Arte, 1989. [20 p.], il. color.
"Além dos signos orientais reestruturados em gestual perturbador e do fervor intrínseco da figuração religiosa - Buda está sempre presente na composição baseada na oval e na elípse - Nakabayashi incorporou à sua geometria lírica o forte colorido dos trópicos. Fiel a si mesmo, Tadao é adepto da mutação. A profissão-de-fé espelha o caráter da obra personalíssima. Tadao faz brotar da tela uma síntese da experiência humana, com extremos de simplicidade. Nossa espécie é reduzida à insignificância mais pura e arquetípica, às vezes a um simbólico triângulo(mulher) ou esfera(homem). Um concentrado de escrita indecifrável, enigmática, que leva o espectador a recuar em sua ancestralidade até o mistério supremo da criação"
Hélio Carneiro
CARNEIRO, Hélio. Nas telas de Tadao, o mistério da vida. In : TADAO. Pinturas. Fotografia C. M. Ventura; projeto gráfico Glenn Hamilton; texto crítico Hélio Carneiro. São Paulo: Artevital, 1991. [16p.]: il. color.
Exposições Individuais
1976 - Japão - Individual, na Galeria Kawasami
1978 - Japão - Individual, no Hotel Ohito
1981 - São Paulo SP - Individual, na Câmara Municipal
1983 - São Paulo SP - Individual, na Associação Palas Athenas
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Copacabana Palace
1985 - São Paulo SP - Individual, na Chelsea Galeria
1987 - Osaka (Japão) - Individual, na Galeria Yamaki
1988 - São Paulo SP - Individual, no Escritório de Arte Regina Botelho de Abreu Sampaio
1989 - São Paulo SP - Individual, na Denis Perri Galeria de Artes
1990 - São Paulo SP - Individual, na Beth Barreto Escritório de Arte
1990 - Lisboa (Portugal) - Individual, na Galeria Moira
1991 - Osaka (Japão) - Individual, na Taffu Gallery
1991 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Arte Vital
Exposições Coletivas
1985 - São Paulo SP - Coletiva, na Fundação Mokiti Okada - MOA
1986 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Monópolio
1987 - São Paulo SP - Primavera, na Liberdade Garô Galeria de Arte
1988 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Garô
1991 - Osaka (Japão) - Coletiva, na Galeria Yamaki
Fonte: Itaú Cultural