Pedro Figari

Obras de arte disponíveis

Pedro Figari - A Recibir Visitas

A Recibir Visitas

óleo sobre cartão35 x 50 cm
Pedro Figari - Despues De La Promesa

Despues De La Promesa

óleo sobre cartão47 x 62 cm
Pedro Figari - Sem Título

Sem Título

óleo sobre cartão40 x 57 cm
Pedro Figari - El Paso

El Paso

óleo sobre cartão40 x 60 cm
Leilão de Arte Online

Biografia

Pedro Figari (Montevidéu Uruguai 1861 - idem 1938)

Pedro Figari foi pintor, advogado, político, escritor e jornalista uruguaio. Nasceu em Montevidéu, em 1861, filho de Juan Figari e Santa Margherita Ligure. Em uma tentativa de emigrar para Buenos Aires, seu navio naufragou e ele conseguiu retornar a nado para Montevidéu. Casou-se com Paula Solari, de mesma origem, prosperou e constituiu uma grande família.

Durante a adolescência, frequentava uma fazenda localizada onde hoje é o centro de Tres Cruces, com litoral na baía, então uma área rural. Nesse ambiente, teve contato com aspectos da sociedade que mais tarde seriam temas recorrentes em suas pinturas, como comunidades negras, quartéis e cortiços.

Em 1886, formou-se em Direito em poucas horas e casou-se com Maria de Castro. O casal partiu em uma longa lua de mel pela Europa, viagem que teve grande impacto em sua formação artística. De volta a Montevidéu, em 1887 nasceu sua primeira filha, seguida por outras cinco meninas e dois meninos.

Figari exerceu a advocacia tanto na esfera pública quanto na privada, atuou na política como parlamentar, no jornalismo e como assessor do presidente José Batlle y Ordóñez. Destacou-se por sua campanha pela abolição da pena de morte e, como defensor público, ganhou notoriedade por sua atuação no caso do Alférez Almeida, acusado injustamente de assassinato. Essa defesa, embora lhe tenha trazido complicações financeiras e de prestígio, resultou em vitórias em diversos julgamentos.

Como diretor da Escola de Artes e Ofícios, posteriormente Escola Industrial, desempenhou um papel importante, mas se afastou após se decepcionar com as disputas políticas associadas à função.

Passou então a se dedicar à pintura, que sempre praticara como amador. Em 1921, enviou obras para uma exposição em Buenos Aires. Apesar do fraco desempenho comercial — vendeu apenas um quadro —, foi muito bem recebido no meio cultural e passou a residir na cidade. Em 1925, enviou obras para Paris, onde teve melhor resultado comercial, o que o incentivou a se mudar para lá. Pintou em Paris até 1933, retornando a Montevidéu no ano seguinte.

Após o retorno, não voltou a pintar, embora ainda assinasse algumas obras antigas. Continuou, no entanto, organizando exposições, incluindo uma em Buenos Aires poucas horas antes de sua morte, em Montevidéu, em 1938.

Foi um escritor compulsivo, autor de milhares de páginas sobre diversos assuntos:

- O caso Almeida

- O tratado "Arte, Estética, Ideal" (Essai de Philosophie Biologique)

- "História Kiria" tratado utópico maravilhosamente ilustrado com seus próprios desenhos

- "The Architect", fábulas e poesias em homenagem a Juan Carlos, seu filho e braço direito, mortos em Paris, em 1927, aos 33 anos. Também ilustra este livro.

- Contos e peças teatrais

- Uma numerosíssima correspondência ao longo de sua vida com a familiares, políticos, artistas, filósofos.

Godofredo Sommavilla ensinou pintura à esposa de Figari, que aproveitou para iniciar o aprendizado técnico. Durante anos, Figari pintou aquarelas e óleos de caráter acadêmico e naturalista, com base em fotografias e cópias para os filhos. Demonstrava grande habilidade como desenhista, como revelam as ilustrações do processo judicial do caso Almeida, repletas de caricaturas expressivas dos envolvidos.

Posteriormente, iniciou uma fase de óleos sobre tela, em sua maioria paisagens — muitas delas noturnas. Em suas últimas fases, suas obras já não incluíam figuras humanas, exceto raras exceções, como na série das “Venecias”, em que aparece um gondoleiro. A maturidade artística de Figari começou por volta de 1919, com obras em óleo sobre cartão, muitas vezes com o fundo visível entre as pinceladas, e uma ampla variedade de temas. Há notável ausência de cenas esportivas e de crianças, salvo um bebê nos braços de uma mãe negra. As cenas retratam a vida urbana e rural, além de evocarem fatos históricos.

Os títulos de suas obras frequentemente incluem humor ou ironia, mesmo quando tratam de temas fúnebres ou religiosos, sempre mantendo o respeito. Observa-se, em sua trajetória, uma evolução espiritual: de um jovem ateu e anticlerical para alguém que representa cerimônias religiosas com sensibilidade. Em seus escritos, como no final de O Arquiteto (1928), reflete essa mudança ao se referir ao filho falecido: “... tem que encontrar novamente nossas células no caminho eterno; e se reconheceram, eu espero.”

Evocava juventude, costumes e história com um senso de intemporalidade, tratando os eventos como cotidianos. Seus personagens, muitas vezes, não projetam sombras, o que os faz parecer espíritos, a não ser quando iluminados por uma luz específica, como a de uma lanterna ou vela.

As ilustrações em seus escritos, embora pareçam frutos da imaginação, remetem com clareza a memórias e experiências. Figari pode ser considerado autodidata até certo ponto, mas sua trajetória artística foi construída ao longo de quase seis décadas de preparo, antes de alcançar a maturidade aos 58 anos. Ele dominou a teoria antes de atingir o auge da prática — algo reconhecido já em 1911 por Barradas, que o caricaturou como “Dr. Pedro Figari, crítico de arte”, muitos anos antes de ele se dedicar à pintura com seriedade.

Sua formação incluiu encontros frequentes com artistas como Moretti-Catelli e Milo Beretta, cuja coleção incluía obras de Van Gogh. Sua casa, em Montevidéu, Buenos Aires e Paris, foi ponto de encontro para pintores, escultores, músicos, filósofos e escritores, incluindo vários argentinos que acompanharam sua trajetória com entusiasmo.

Seus seis filhos sobreviventes herdaram cerca de 2.400 obras. Considerando as vendas e doações em vida, estima-se que tenha produzido cerca de 4.000 pinturas a óleo.

Grande parte dessas informações provém da tradição familiar e permanece aberta a revisões, especialmente à luz de estudos recentes sobre sua vida e obra.

Fonte: Tradução do texto de Fernando Saavedra Faget

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