Paulo Monteiro

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Biografia

Paulo Monteiro (São Paulo SP 1961)

Escultor, pintor, desenhista, gravador, ilustrador.

Paulo Bacellar Monteiro estudou na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, em 1980. Nessa época, faz também curso de gravura com Sérgio Fingermann (1953). Dois anos depois, forma, com Carlito Carvalhosa (1961), Fábio Miguez (1962), Nuno Ramos (1960) e Rodrigo Andrade (1962), o grupo Casa 7. Além de pinturas e gravuras, desenvolve trabalhos tridimensionais. Ilustra os livros Camões e os Lusíadas; e Livros de Portugal, de Beatriz Berrini, e a capa do disco Vivendo e Não Aprendendo, do Grupo Ira.

Comentário Crítico

No início da década de 1980, Paulo Monteiro, como outros artistas da Casa 7, realiza obras que apresentam afinidades com a produção dos neo-expressionistas alemães, na dramaticidade e na atmosfera sombria, e também fazem referências à obra do artista canadense Philip Guston (1913 - 1980). Monteiro, nessa época, pinta telas de grandes formatos, com fatura ampla, e tintas que escorrem. Como nota a crítica Aracy Amaral, o artista cria nos quadros profundidades ilusórias de interiores, com grande liberdade formal, unindo elementos de densidades diversas em telas estruturadas por excesso de camadas pictóricas.

Na década de 1990, realiza desenhos nos quais revela a admiração pela produção de Mira Schendel (1919 - 1988). Os traços se espalham pelo papel em percurso aparentemente disperso, escapando a qualquer previsibilidade gráfica. Nota-se um esforço do artista para estabelecer as linhas no papel, que se desenvolvem principalmente em suas margens. Como nota o crítico Alberto Tassinari, Paulo Monteiro dá a impressão de mobilizar mais força do que o necessário para realizar os desenhos. O artista carrega o traço, elevando sua potência a um limiar além do qual o gesto ameaça o suporte. Toda essa concentração de ação é expressa no papel. Monteiro não se deixa guiar por um desenho espontâneo, instintivo, mas reafirma com seu traço a vontade de registrar uma ação por inteiro, com seus acertos e desacertos.

O artista passa também a dedicar-se à escultura, inicialmente com obras de pequenas dimensões, criadas em argila e posteriormente fundidas em chumbo. Nelas, a matéria não é retirada ou acrescentada, mas apenas deslocada por gestos rigorosos. Cria formas irregulares, orgânicas, nas quais explora as rugosidades da superfície. Embora feitas de metais, suas esculturas têm um aspecto flexível e maleável. Algumas obras lembram máscaras ou fragmentos de corpos. Para o historiador da arte Rodrigo Naves, as esculturas revelam certa expansão, como se um núcleo interno presidisse uma dilatação imprevisível. Porém a impressão de movimento contrasta com o peso da própria matéria dessas obras, como se esse material fosse mais um empecilho do que uma condição para sua existência. Para Naves, do movimento do escultor ao manipular a argila surge uma estruturação, que, no entanto, realça a instabilidade do conjunto - a tendência a retornar ao aspecto informe original. Embora mantenham proximidade com obras de Claes Oldenburg (1929), as esculturas de Monteiro rejeitam a leveza e a ironia dos objetos da arte pop.

Para o historiador da arte Nelson Aguilar, o artista faz nas esculturas o elogio do poder construtivo do gesto ao enfrentar a inércia da argila com a menor manipulação possível. Esse duelo entre o vazio e a vontade é expressa em seus desenhos e pinturas, nos quais a vastidão do campo branco do papel e da tela tende a contrabalançar a força do grafite ou da tinta em sua superfície.

Acervo

Coleção João Sattamini/MAC - Niterói
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo (SP)

Críticas

"A geração de pintores que emerge nos anos 80 no Brasil assinala em geral uma admiração pela pintura européia festejada nesse retorno à tela deste período. Entre os jovens de São Paulo que se iniciam em arte se distinguiu, sem dúvida, um grupo que trabalhou num mesmo espaço (...). Entre os artistas deste grupo destacamos Paulo Monteiro, que, como os demais, trabalhou, em período de delirante produção, com esmalte sobre papel kraft. Em 1985, com uma figuração bastante evidente, criava profundidades ilusórias com interiores inventados em total liberdade construtiva, justapondo elementos de densidade diversa em clima de dramaticidade, a figura humana se confundindo formalmente com elementos de aparência mineral, ou industrializados, em tratamento pictórico unitário por toda a superfície do trabalho. A seguir seu desenvolvimento passa pelo abstracionismo, onde não estão mais presentes referenciais do mundo exterior, mas já percebe-se nos tons surdos que compõem a tela a disciplina da aplicação da tinta, em plano sobre o qual comparecem, como graffiti, inscrições em que as dominantes são precisamente os ritmos vertical-horizontal, a conferir um desejo de construção à composição. (...)".
Aracy Amaral
MODERNIDADE: arte brasileira do século XX. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988.

"As novas esculturas de Paulo Monteiro lembram caras, máscaras, pedaços de corpos. São fisionomias ainda em formação. Um pouco mais nascidas saberíamos o que representam, mas então se perderia a apreensão do instante em que o gesto formador ainda ameaça perder-se. Como nas antigas gárgulas e carrancas, visão e espanto aqui se entrelaçam. 
Nas suas esculturas anteriores, Paulo Monteiro também lidava com o surgimento de um esquema figurativo. Secções de canos eram arranjadas de tal modo que se equilibravam sobre o chão. As peças se erguiam à maneira de um corpo que desenha sua postura. Agora, entretanto, só o gesto engendra as obras. Não vivifica mais, com ironia, uma ordem mecânica, mas se apega, assustado, às indefinições da matéria. 
Há algo de um procedimento construtivo, porém, que ainda sobrevive nas novas esculturas. Como em Sérgio Camargo ou Amilcar de Castro a obra surge por um jogo de soma zero. A matéria não é retirada, ou acrescentada, mas apenas deslocada. Cada sobra, cada rebarba, se rege, então, pela mesma economia de gestos que gerou uma superfície, seu requinte e seus brilhos. (...)
Toda forma, nos dizem estes trabalhos, implica uma deformação, pois o que sobra deveria perder sentido. Mas o que aqui é buscado é esse momento difícil em que o sentido não-sentido ainda não se perderam um para o outro".
Alberto Tassinari
TASSINARI, Alberto. Paulo Monteiro. Galeria: Revista de Arte, São Paulo, n. 21, p. 94, 1990.

"Paulo Monteiro também revela pudor em acrescentar materiais a uma estrutura dominante ou em justapor elementos. Todo o seu esforço se concentra em vertebrar uma massa preguiçosa de argila - depois fundindo-a em chumbo. Com uns poucos gestos, o artista procura reverter a tendência do barro a escorrer e encontrar repouso no plano que o apóia. 
Essa operação contudo obtém um sucesso apenas parcial. Mesmo suspensas pelo ato que de certo modo as ordena, as peças mantêm muito do aspecto escorregadio daquilo que busca descanso. Em boa medida, é a convivência desses dois movimentos que confere particularidade aos trabalhos de Paulo Monteiro. Por um lado, uma ascensão rápida, que empresta a vários deles um porte grandioso, a lembrar o Balzac de Rodin. Por outro, a indolência da matéria dócil, registrada pela lei do menor esforço. 
Convém contudo qualificar melhor esse jogo de oposições. De saída, sobressai a dificuldade de criar diversidades que dêem à massa uma estrutura mais complexa. Ainda que os gestos produzam concavidades e reentrâncias no chumbo, não surge daí uma especialidade que proporcione diferença às partes - com o que poderiam se armar relações de solidariedade com o meio circundante, retirando os trabalhos desse envolvimento pegajoso consigo mesmo. 
Os sulcos abertos no chumbo não chegam a estabelecer um vínculo entre interior e exterior. Prestes a retornar à sua inteireza original, eles reforçam antes o aspecto amorfo da massa, capaz de cicatrizar tudo".
Rodrigo Naves
NAVES, Rodrigo. Paulo Monteiro. In: BIENAL BRASIL SÉCULO XX, 1994, SÃO PAULO, SP. Bienal Brasil Século XX: catálogo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994. p.82.

"A forma das esculturas de Paulo Monteiro, pesadas peças de chumbo fundido, remete a objetos ligados a terra, grão ou semente agigantados. Por vezes, jazem como restos de uma cabeça - a escala neste caso apresenta uma conformidade similar. Uma cabeça de várias faces, esvaziada do olhar, se impõe como resultado de um ´antropomorfismo abstrato´ (lembrando a proposta de Giacometti no Cubo, 1934, que não é um cubo). Giacometti, cuja busca incessante operava através do exercício de um desenho febril, referia-se a uma ´relação desagregadora´ - condição que coube às peças de Monteiro, enquanto diferença entre a massa de material e o movimento do gesto impregnado. O sentido do projeto aqui é alegórico: uma peça pode substituir outras. Para expor o disforme e o inumano, Monteiro resiste tanto à abstração absoluta quanto à figuração (o interdito). Nesse sentido, a linha-limite atua, acentuando as rebarbas entre a abstração e a desfiguração".
Lisette Lagnado
Lagnado, Lisette. Entre o desenho e a escultura. In: ENTRE o desenho e a escultura. São Paulo: MAM, 1995. p. 18.

Exposições Individuais

1983 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Sesc
1987 - São Paulo SP - Individual, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
1989 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Macunaíma da Funarte
1990 - São Paulo SP - Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
1993 - São Paulo SP - Individual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte 
1994 - São Paulo SP - Individual, na Marília Razuk Galeria de Arte
1998 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Marília Razuk
2002 - São Paulo SP - Individual, na Galeria 10,20 x 3,60
2004 - São Paulo SP - Tudo é Desenho, no Centro Cultural São Paulo - CCSP

Exposições Coletivas

1982 - Curitiba PR - 5ª Mostra Anual de Gravura Cidade de Curitiba, na Casa da Gravura Solar do Barão
1982 - São Paulo SP - Coletiva, na Galeria Suzana Sassoun
1983 - São Paulo SP - Coletiva, no Museu de Arte de São Paulo - MASP - Prêmio Pirelli de Pintura Jovem
1984 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Contemporânea
1984 - São Paulo SP - Coletiva, na Pinacoteca Municipal/Centro Cultural São Paulo - CCSP
1984 - São Paulo SP - Grupo Casa 7 e Sérgio Fingermann
1984 - São Paulo SP - Painéis, no Paço das Artes
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ 
1985 - Rio de Janeiro RJ - Casa 7: pintura, no MAM/RJ
1985 - São Paulo SP - 12 Artistas Paulistas, na Subdistrito Comercial de Arte
1985 - São Paulo SP - 18ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - Casa 7: pintura, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP
1985 - São Paulo SP - Casa 7: pintura, no Subdistrito Comercial de Arte
1986 - Havana (Cuba) - 2ª Bienal de Havana
1987 - Paris (França) - Modernidade: arte brasileira do século XX , no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris
1988 - Rio de Janeiro RJ - Projeto Macunaíma, na Funarte. Centro de Artes
1988 - São Paulo SP - MAC 25 Anos: aquisições e doações recentes, no MAC/USP
1988 - São Paulo SP - Modernidade: arte brasileira do século XX, no Museu de Arte Moderna - MAM/SP
1990 - Brasília DF - Prêmio Brasília de Artes Plásticas 1990, no Museu de Arte de Brasília
1990 - São Paulo SP - 21º Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1991 - Caracas (Venezuela) - Brasil: la nueva generación, na Fundación Museo de Bellas Artes
1992 - Rio de Janeiro RJ - 13 Artistas, no MAM/RJ
1992 - São Paulo SP - João Satamini/Subdistrito, na Casa das Rosas
1993 - Paris (França) - Brésil, le Souffle d'un Pays Crécitif, no Studio Kostel
1993 - Santos SP - 4ª Bienal Nacional de Santos, no Centro Cultural Patrícia Galvão
1994 - Albuquerque (Estados Unidos) - Do Brasil, na Richard Levy Gallery
1994 - Frankfurt (Alemanha) - Desenho Brasileiro Contemporâneo, na Karneliterkloster
1994 - São Paulo SP - 22ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1995 - Londrina PR - Arte Brasileira: confronto e contrastes, no Pavilhão Internacional Octávio Cesário Pereira Júnior
1995 - Rio de Janeiro RJ - Anos 80: o palco da diversidade, no MAM/RJ
1995 - São Paulo SP - Anos 80: o palco da diversidade, na Galeria de Arte do Sesi
1995 - São Paulo SP - Entre o Desenho e a Escultura, no MAM/SP
1996 - Rio de Janeiro RJ - Influências Poéticas: Dez Desenhistas Contemporâneos, no Paço Imperial
1996 - São Paulo SP - Arte Brasileira Contemporânea: doações recentes/96, no MAM/SP
1997 - Salvador BA - 4º Salão MAM-Bahia, no Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM/BA
1998 - Belo Horizonte MG - A Paisagem Urbana Contemporânea, no Itaú Cultural
1998 - Campinas SP - A Paisagem Urbana Contemporânea, no Itaú Cultural
1998 - Campinas SP - Medidas de Si, no Itaú Cultural
1998 - Niterói RJ - Espelho da Bienal, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói - MAC/Niterói
1998 - Penápolis SP - A Paisagem Urbana Contemporânea, na Galeria Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - A Paisagem Urbana Contemporânea, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - Medidas de Si, no MAM/SP
1998 - São Paulo SP - O Colecionador, no MAM/SP
1999 - Curitiba PR - Coletiva, na Casa da Imagem
1999 - São Paulo SP - Arte Brasileira sobre Papel na Coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
1999 - São Paulo SP - United Artists: Viagens de Identidades, na Casa das Rosas
2000 - Lisboa (Portugal) - Século 20: arte do Brasil, no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. Fundação Calouste Gulbenkian
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Rio de Janeiro RJ - Espelho Cego: seleções de uma coleção contemporânea, no Paço Imperial
2001 - Rio de Janeiro RJ - O Espírito de Nossa Época, no MAM/RJ
2001 - São Paulo SP - Espelho Cego: seleções de uma coleção contemporânea, no MAM/SP
2001 - São Paulo SP - O Espírito de Nossa Época, no MAM/SP
2002 - Rio de Janeiro RJ - Caminhos do Contemporâneo 1952-2002, no Paço Imperial
2002 - São Paulo SP - 10 Anos Marília Razuk, na Marília Razuk Galeria de Arte
2002 - São Paulo SP - Mapa do Agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Instituto Tomie Ohtake
2003 - São Paulo SP - 2080, no MAM/SP
2003 - São Paulo SP - Claudio Cretti e Paulo Monteiro, na Marília Razuk Galeria de Arte
2003 - São Paulo SP - MAC USP 40 Anos: interfaces contemporâneas, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Marcantonio Vilaça - Passaporte Contemporâneo, no MAC/USP
2003 - São Paulo SP - Meus Amigos, no MAM/SP
2004 - Rio de Janeiro RJ - Onde Está Você, Geração 80?, no Centro Cultural Banco do Breasil - CCBB/RJ
2004 - São Paulo SP - Arte Contemporânea no Acervo Municipal, no CCSP
2004 - Porto Alegre RS - Tangenciando Almícar, no Espaço Cultural Santander
2004 - São Paulo SP - Lucio Fontana: A Ótica do Invisível, no CCBB/SP
2006 - São Paulo SP - Projeto Parede, no MAM/SP
2006 - São Paulo SP - Formassas, no Centro Universitário Maria Antonia

Fonte: Itaú Cultural

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