Modesto Brocos (Santiago de Compostela, Espanha 1852 - Rio de Janeiro RJ 1936)
Modesto Brocos foi pintor, gravador, ilustrador, desenhista e professor. Inicialmente, estudou desenho com seu irmão Isidoro, escultor e secretário da Academia de Belas Artes de La Coruña, na Espanha. Por volta de 1870, viajou para a Argentina, onde trabalhou como ilustrador. Em 1872, mudou-se para o Brasil e, três anos depois, ingressou como aluno livre nos cursos da Academia Imperial de Belas Artes (AIBA) no Rio de Janeiro, sendo aluno de Victor Meirelles (1832-1903) e Zeferino da Costa (1840-1915). Em 1877, realizou cursos de aperfeiçoamento em Paris, na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, como aluno de Henri Lehmann (1814-1882). Posteriormente, frequentou a Real Academia de Bellas Artes de San Fernando e o ateliê do pintor Federico Madrazo y Kuntz (1815-1894), ambos em Madri. Em 1882, cursou a Academia Chigi, em Roma. Sua produção artística inclui cenas de gênero, retratos e paisagens.
De volta ao Brasil, assumiu, em 1891, a cadeira de professor de desenho figurado na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), a convite do escultor Rodolfo Bernardelli (1852-1931), cargo que ocupou até sua morte. Entre seus alunos estavam Quirino Campofiorito (1902-1993), Reis Júnior (1903-1985) e Sigaud (1899-1979). Brocos também foi autor de livros sobre o ensino artístico, como A Questão do Ensino das Belas Artes (1915) e Retórica dos Pintores (1933). Destacou-se, ainda, pelo incentivo ao desenvolvimento da gravura no Brasil. Em 1952, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro, realizou uma mostra sobre sua produção, em comemoração ao centenário de seu nascimento.
Comentário Crítico
O pintor espanhol Modesto Brocos viaja para a Argentina, por volta de 1870, onde trabalha como ilustrador. Em 1872, passa a residir no Rio de Janeiro. Faz ilustrações para o periódico O Mequetrefe, no qual, como aponta o historiador da arte Teixeira Leite, introduz uma novidade: a intercalação entre desenho e texto. Em 1877, o artista aperfeiçoa-se em Paris, Madri e Roma. Realiza, nesse período, uma de suas mais importantes composições históricas: A Defesa de Lugo, 1886.
A convite do escultor Rodolfo Bernardelli (1852 - 1931) retorna ao Brasil para assumir o cargo de professor de desenho figurado da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, em 1891. Realiza, em 1892, a tela Engenho da Mandioca, na qual enfoca os costumes da roça, obra que se destaca pelo uso das cores e da luz. O tema rural torna-se constante em sua produção, como em Descascar Goiabas e A Peneirar Café, ambas de 1901. A Redenção de Cam, 1895, um de seus quadros mais famosos, tem, para Teixeira Leite, um caráter alegórico e deve ser compreendido como uma alusão ao progressivo branqueamento da raça negra, dentro do conceito de eugenia em voga no final do século XIX.
Críticas
"Sua técnica é européia, aprendida na Itália e na Espanha. O desenho é correto, posto que algo frio: nota-se uma preocupação de ordem documental incompatível com o espírito do século XX. (...) Broccos não é um inovador, quer na gravura, quer muito menos em pintura: sua audácia maior constituiu em fazer uso de um meio expressivo praticamente desconhecido em nosso país, subordinando-o, contudo, à lição dos antecessores (na obra sobre exame é flagrante a ascendência de Eugene Delacroix), e cautelosamente evitando olhar para o futuro".
José Roberto Teixeira Leite
PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Apresentação de Antônio Houaiss. Textos de Mário Barata et al. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
Acervos
Museu Nacional de Belas Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Museu Histórico da República - Rio de Janeiro RJ
Acervo Biblioteca Nacional - Rio de Janeiro RJ
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil - São Paulo SP
Acervo Galeria de Arte - Rio de Janeiro RJ
Coleção Fadel - Rio de Janeiro RJ
Exposições Coletivas
1876 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba
1882 - Paris (França) - Salão Oficial de Belas Artes
1887 - Madri (Espanha) - Coletiva
1894 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1895 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro
1896 - Rio de Janeiro RJ - 3ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1897 - Rio de Janeiro RJ - 4ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1898 - Rio de Janeiro RJ - 5ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1900 - Rio de Janeiro RJ - 7ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1901 - Rio de Janeiro RJ - 8ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1902 - Rio de Janeiro RJ - 9ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1903 - Rio de Janeiro RJ - 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1906 - Rio de Janeiro RJ - 13ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Rio de Janeiro RJ - 17ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1911 - Rio de Janeiro RJ - 18ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1911 - São Paulo SP - Primeira Exposição Brasileira de Belas Artes, no Liceu de Artes e Ofícios
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1914 - Rio de Janeiro RJ - 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1915 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1916 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1917 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
Exposições Póstumas
s.d. - Nova York (Estados Unidos) - Exposição inaugurada no Roerich Museum com outros pintores dos séculos XIX e XX
1948 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva da Pintura no Brasil, no MNBA
1950 - Rio de Janeiro RJ - Um Século da Pintura Brasileira: 1850-1950, no MNBA
1954 - Rio de Janeiro RJ - A Europa na Arte Brasileira, no MNBA
1958 - Rio de Janeiro RJ - O Trabalho na Arte, no MNBA
1976 - São Paulo SP - O Retrato na Coleção da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado
1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes
1984 - Rio de Janeiro RJ - Doações Recentes 82-84, no MNBA
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1989 - Fortaleza CE - Arte Brasileira dos Séculos XIX e XX nas Coleções Cearenses: pinturas e desenhos, no Espaço Cultural da Unifor
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX e XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
1995 - Campinas SP - Da Marinha à Natureza Morta
1999 - Rio de Janeiro RJ - Mostra Rio Gravura: Gravura Moderna Brasileira: acervo Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1999 - Rio de Janeiro RJ - O Brasil Redescoberto, no Paço Imperial
2000 - Porto Alegre RS - Biblioteca Nacional: obras raras, no Margs
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural