Miguel Rio Branco (Las Palmas de Gran Canaria, Espanha 1946)
Miguel Rio Branco é fotógrafo, diretor de fotografia e pintor. Filho de diplomata, Miguel da Silva Paranhos de Rio Branco viveu a infância e a adolescência entre Espanha, Portugal, Brasil, Suíça e Estados Unidos. Pintor autodidata, realizou sua primeira exposição em 1964, em uma galeria em Berna, Suíça. Em 1966, estudou no New York Institute of Photography e, dois anos depois, na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), no Rio de Janeiro. Entre 1969 e 1981, dirigiu filmes experimentais e trabalhou como diretor de fotografia e cameraman para cineastas como Gilberto Loureiro (1947) e Júlio Bressane (1946). Paralelamente, atuou como fotógrafo documental. De 1978 a 1982, foi correspondente da Agência Magnum, em Paris, destacando-se pelo uso de cores saturadas em seus trabalhos.
Na década de 1980, passou a realizar instalações audiovisuais que integravam fotografia, pintura e cinema, expondo com frequência no Brasil e no exterior. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Kodak da Crítica Fotográfica, em 1982, a Bolsa de Artes da Fundação Vitae, em 1994, e o Prêmio Nacional de Fotografia da Funarte, em 1995. É autor dos livros Dulce Sudor Amargo (1985), Nakta (1986), Miguel Rio Branco (1998), Silent Book (1998) e Entre Olhos o Deserto (2001).
Comentário Crítico
Miguel Rio Branco dedica-se ao cinema experimental e à fotografia a partir da década de 1970. Conhecido por seu trabalho com a cor, explora em suas fotos os contrastes cromáticos, a diluição dos contornos, os jogos de espelhamentos e as diversas texturas, criando atmosferas por meio do uso da cor e da luz. A passagem do tempo, a violência, a sensualidade e a morte são temas constantes.
Na série Pelourinho (1979), Miguel Rio Branco fotografa o Maciel, parte mais antiga do bairro do Pelourinho, em Salvador, Bahia, local bastante degradado, ligado à prostituição. Fotografa pessoas com rostos na penumbra, corpos marcados por cicatrizes e também se interessa por casas arruinadas pelo tempo. Capta o que resta de dignidade nas situações cotidianas do local, em ambientes cercados pela violência e pela solidão.
Em instalações criadas na década de 1990, exibe projeções fotográficas juntamente com recortes de jornais, cacos de espelhos ou retalhos de tecido. O espectador percorre assim um mundo em fragmentos, composto por imagens dramáticas. Utilizando recursos como transparências, justaposições, cortes e colagens, Miguel Rio Branco cria situações de continuidade e descontinuidade. Para alguns críticos, sua produção situa-se no limite entre arte, fotografia e cinema.
Fonte: Itaú Cultural