Karl Plattner (Valle Venosta Itália 1919 - Milão Itália 1986)
Karl Plattner foi pintor, desenhista e professor. Iniciou seus estudos artísticos em Florença, em 1946, transferindo-se no ano seguinte para Milão. Em 1948, frequentou a Académie de la Grande Chaumière, em Paris, onde teve aulas com André Lhote (1885–1962). Em 1952, expôs no 1º Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), no Rio de Janeiro. Realizou exposições individuais no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) em 1952, 1953 e 1954. Participou da Bienal Internacional de São Paulo nos anos de 1953, 1955, 1957 e 1959 e, em 1956, integrou a comitiva brasileira da 28ª Bienal de Veneza, na Itália. Durante o período em que viveu no Brasil, foi professor de Maria Bonomi (1935), Gisela Eichbaum (1920–1996) e Wesley Duke Lee (1931–2010).
Retornou à Itália em 1954, após receber um prêmio para a realização de um painel na cidade de Bolzano. Em 1956, de volta ao Brasil, foi premiado com medalha de prata no Salão Paulista de Arte Moderna e trabalhou na execução de um painel para o jornal Folha de S. Paulo, cuja inauguração foi acompanhada por uma mostra individual. Nesse mesmo ano, teve um desenho publicado na capa do primeiro número do Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo, obra que integraria, em 1993, uma exposição de ilustrações desse caderno no MAM/SP. Em 1957, realizou exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). A partir de 1958, fixando-se definitivamente na Europa, passou a executar murais na Itália, França e Áustria.
Comentário crítico
Durante a década de 1950, a produção de Karl Plattner, na época vivendo em São Paulo, mantinha tanto um traço expressionista, em particular no trabalho com a figura humana, como também certa geometrização quando trabalhando com a paisagem. Os anos de 1950 e início dos 1960 são um período em que a abstração tanto geométrica como informal estabelece-se definitivamente no país por meio das Bienais de São Paulo. Em especial, as Bienais de 1957 e 1959, das quais Plattner participa, geram polêmica devido à presença massiva de artistas concretos e informais ou expressionistas abstratos. Entretanto, o artista italiano mantém-se figurativo, ainda que flerte em certos momentos com a abstração, principalmente na composição de paisagens.
Rio de Janeiro (1952) é um exemplo dessa geometrização urbana, na qual a representação da cidade se dá por meio de sólidos geométricos que formam um todo no primeiro plano; no segundo plano, contrastando com o primeiro, há uma sugestão do Corcovado em preto e atrás dele áreas de cores rebaixadas. Em Paessagio Urbano (1953), Plattner demonstra uma solução abstratizante que, entretanto, remete à realidade pela estilização de postes e fios de luz; a paisagem parece vista por entre a esquadria de uma janela que a secciona criando relações entre as linhas verticais e horizontais. Aqui os tons são também rebaixados, porém não há sólidos geométricos, mas planos preenchidos por cor.
O traço expressionista de Plattner aparece nas figuras femininas que, por vezes, remetem à tradição da pintura bizantina - há uma imobilidade, certa inclinação da cabeça, dedos alongados, bidimensionalidade evidente. O tema tradicional da maestá aparece em Donna con Bambino e vaso (1957-1958) e Donna con Bambino (1955). É comum a representação de mulheres inseridas em ambientes urbanos geometrizados, causando estranhamento a freqüente justaposição de soluções plásticas diversas: as linhas orgânicas e finos contornos que definem as figuras femininas; as áreas de cor que parecem definir os edifícios, como em Balcone (1958-1959). A passagem pelo Brasil aparece na temática de obras desse período, como demonstra o mural que executou para o jornal A Folha de S. Paulo, entre outros trabalhos.
Críticas
"(...) O pintor Plattner, que arribou a São Paulo com a ´denrée´ quase medieval de telas impregnadas de sentimento museológico, como um digno representante do mural e do painel, tratou empenhadamente de se fixar em uma realidade, a nossa. Realidade complexa e múltipla. Não poderia continuar a desenhar e a pintar dentro de sua pragmática severa. O mundo novo trataria antropofagicamente de absorvê-lo".
Manuel Germano
PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Apresentação de Antônio Houaiss. Textos de Mário Barata et al. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
Exposições Individuais
1948 - Bolzano (Itália) - Individual
1951 - Merano (Itália) - Individual, na Galeria Del Corso
1952 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1952 - Viena (Áustria) - Individual, na Galeria Wuerhle
1954 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
Exposições Coletivas
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão dos Estados
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações
1956 - Veneza (Itália) - 28ª Bienal de Veneza
1956 - Paris (França) - Mostra, na Galerie de Seine
1957 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, no MAM/RJ
1957 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Contemporânea
1957 - São Paulo SP - 4ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, na Galeria de Arte das Folhas
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
Exposições Póstumas
1993 - São Paulo SP - Obras para Ilustração do Suplemento Literário: 1956 - 1967, no MAM/SP
Fonte: Itaú Cultural