Joaquim Cândido Guillobel

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Biografia

Joaquim Cândido Guillobel (Lisboa, Portugal 1787 - Rio de Janeiro RJ 1859)

Desenhista, aquarelista, arquiteto, topógrafo e cartógrafo.

Muda-se com seu pai, Francisco Agostinho Guillobel, para o Rio de Janeiro em 1808. Em 1811 ocupa o posto de primeiro tenente do Imperial Corpo de Engenheiros e passa a exercer a função de desenhista do recém-fundado Arquivo Militar. No ano seguinte inicia a produção de uma série de desenhos representando tipos e cenas urbanas do Rio de Janeiro. Em 1819 é enviado à província do Maranhão, onde realiza alguns mapas, publicados no ano seguinte com o título de Usos e Costumes dos Abitantes (sic) da Cidade do Maranhão. Retorna ao Rio de Janeiro e realiza a carta topográfica da província, em 1825. Matricula-se, em 1827, no curso de arquitetura civil, ministrado por Grandjean de Montigny (1776 - 1850) na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba. Em 1829, assume novamente o posto de desenhista do Arquivo Militar e projeta novo chafariz para o largo da Carioca. Três anos depois, desenha a planta topográfica do terreno onde seria construído o novo edifício da Casa de Correção. Em 1834, trabalha como professor assistente do curso de desenho da Academia Militar. Promovido a titular dessa cadeira em 1836, ocupa o posto até 1852. Entre 1845 e 1855, dedica-se às obras de construção do Palácio de Petrópolis, realiza trabalhos para a Santa Casa de Misericórdia e responsabiliza-se, com José Maria Jacinto Rebelo e Domingos Monteiro, pela construção do Hospício D. Pedro II (Hospício dos Alienados). Em 1855 é nomeado professor honorário de ciências acessórias na cadeira de matemáticas aplicadas da Aiba.

Comentário crítico

Joaquim Cândido Guillobel vem para o Brasil em 1808. No Rio de Janeiro, ingressa na carreira militar por volta de 1811 e ocupa todos os postos até ser reformado como coronel de primeira linha do Imperial Corpo de Engenheiros. Ainda em 1811 é promovido a segundo-tenente para exercer a função de desenhista do Arquivo Militar.

Começa a pintar, em 1812, pequenas figuras humanas, aquareladas, representando tipos e cenas de rua do Rio de Janeiro, como escravos trabalhando, vendedores ambulantes, damas portuguesas, cavaleiros, soldados, crianças tocando instrumentos musicais africanos, uma família saindo a passeio, um canto de mercado ou uma tropa. O estudioso Gilberto Ferrez compara os trabalhos do artista, que medem de oito a doze centímetros de altura, aos irresistíveis cartões-postais de então, que poderiam ser vendidos em álbuns ou separadamente. Para Ferrez, o artista revela nessas obras grande senso de observação. As figurinhas de Guillobel dão continuidade à tradição de ilustração de usos e costumes, já realizada no país, no século XVIII, por Carlos Julião (1740 - 1811). Sua produção serve de modelo para vários artistas viajantes que vêm ao Brasil nesse período, como Thomas Ender (1793 - 1875) e Henry Chamberlain (1796 - 1844). As aquarelas do artista têm grande importância também, como aponta o historiador da arte Rodrigo Naves, para a elaboração das aquarelas e litografias de Debret (1768 - 1848).

Guillobel integra, a partir de 1819, uma comissão ativa na província do Maranhão, para a qual desenha mapas e cartas topográficas. Ao regressar, trabalha no comitê de levantamento da carta topográfica da província do Rio de Janeiro. Em 1827, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, como aluno de arquitetura civil. Em 1834, passa a atuar como professor da cadeira de desenho descritivo e arquitetura militar, na Academia Militar. Trabalha como arquiteto em diversas obras públicas na cidade do Rio de Janeiro. Projeta o novo chafariz do Largo da Carioca e colabora em obras como a da Câmara dos Senadores, do Hospício dos Alienados e Santa Casa de Misericórdia. Seu maior projeto arquitetônico, do Palácio Imperial de Petropólis, inicia-se por volta do começo da década de 1850, quando passa a residir na cidade. Projeta também o Colégio de Petropólis. Em 1855, é nomeado professor honorário da seção de ciências acessórias na parte relativa às matemáticas aplicadas da Aiba. Guillobel, além da carreira militar e atividades de desenhista, topógrafo e arquiteto, é autor dos primeiros desenhos de cartas de brasão feitas no Brasil.

Críticas

"Guillobel possue observação penetrante e aguçada; é rigoroso no que desenha. Suas figuras são típicas e definitivas. Não é um acadêmico. Supre a falta do academicismo com uma riqueza de detalhes minuciosamente executados, não superados por nenhum outro desenhista da época, o que o torna, em nossa opinião, na apreciação dos costumes, mais palpitante do que Debret, mais original do que Rugendas. Cada uma de suas figuras tem caráter, integra-se em determinada situação social, profissional ou doméstica. É notável a maneira com que caracteriza o tecido, as dobras do panejamento. Suas aquarelas são extraordinariamente decorativas. É um miniaturista. Suas figuras não têm de altura mais de 12 cms. Parecem trabalhadas com lente e de tal maneira que nenhum detalhe é supérfluo ou impreciso.
Chegam a parecer modelos para serem pintados sobre peças de porcelana. O desenhista empresta às figuras africanas e crioulas um ar grotesco, devido à preocupação de fazer realçar os olhos".
Francisco Marques dos Santos
SANTOS, Francisco Marques dos. O ambiente artístico fluminense à chegada da Missão Francesa em 1816. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rio de Janeiro, n. 5, p.226, 1941.

Exposições Póstumas

2000 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio na Coleção Geyer, no CCBB

Fonte: Itaú Cultural