João Luiz Musa

Obras de arte disponíveis

No momento não possuimos obras de João Luiz Musa em nosso acervo.
Você possui uma obra deste artista e quer vender?
Clique aqui e envie sua obra para avaliação.

Biografia

João Luiz Musa (São Paulo SP 1951)

Fotógrafo, professor.

Forma-se em engenharia de produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), em 1974. Durante a graduação, organiza o laboratório de fotografia do centro acadêmico da Poli/USP, com os fotógrafos Raul Garcez (1949-1987) e Sérgio Burgi (1958- ). De 1978 a 1982, trabalha no laboratório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU/USP) e atua como professor de fotografia em faculdades particulares. Nos anos 1970 e 1980, realiza pesquisas e freqüenta diversos cursos na área de conservação da imagem e controle de tons. Em 1984, torna-se professor de fotografia do curso de artes plásticas da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA/USP). Na mesma instituição, em 1990, conclui mestrado em artes com a dissertação Viagem a uma Terra Desconhecida, que dá origem ao ensaio fotográfico homônimo exposto no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), em 1992. Com esse trabalho, recebe prêmio de melhor fotógrafo do ano da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). De 1994 a 1999, desenvolve o projeto de doutorado O Viajante e as Cidades, na ECA/USP. Em 2004 e 2005 é contemplado com a bolsa da Fundação Vitae para pesquisa em tecnologias de digitalização e representação de imagens coloridas da paisagem. Além de dar aulas, atua como fotógrafo, sobretudo nas áreas de publicidade, institucional, reprodução de obras de arte e na sistematização e preservação de arquivos.

Comentário Crítico

A origem etimológica da palavra fotografia (foto = luz + grafia = escrita) revela que a imagem fotográfica é uma inscrição feita com a luz. A obra de João Luiz Musa parece ter base nessa conceituação elementar, pois seu interesse se concentra, sobretudo, em conhecer e dominar as técnicas de impressão da luz sobre os materiais fotossensíveis. O artista costuma expor suas fotos acompanhadas de etiquetas informando as características técnicas de captação da imagem: a câmera utilizada, a lente, a abertura do diafragma, o filme, a marca do papel de ampliação, detalhes sobre a exposição e o processo químico de revelação. No caso das imagens digitais, indica, por exemplo, a impressora usada. Isso denota a importância conferida ao processo de elaboração da imagem e ao controle que ele procura ter sobre os resultados. O tema central de sua obra é a própria fotografia.

Estudos sobre o contraste e a densidade dos filmes, além da busca em produzir negativos com o máximo de detalhes e informações tanto nas altas-luzes quanto nas sombras relacionam Musa com a obra dos fotógrafos norte-americanos Anselm Adams (1902-1984) e Edward Weston (1886-1958). Ambos defendem a idéia de que o artista deve ter total domínio sobre todas as etapas do processo fotográfico para direcionar com precisão suas intenções poéticas.

Com Raul Garcez (1949-1987), Sérgio Burgi (1958- ) e Cristiano Mascaro (1944- ), entre outros, João Musa integra, na década de 1970, o Movimento Photo USP, em São Paulo. Na falta de uma formação acadêmica especializada na área, esses fotógrafos montam laboratórios nas Faculdades de Engenharia e Arquitetura da Universidade de São Paulo. Os locais se tornam importantes pontos de referência para a geração de fotógrafos paulistanos formada nesse período, pois são espaços de discussão estética e investigação técnica, além de promoverem cursos e exposições.

Nos ensaios realizados como parte dos trabalhos de mestrado, Viagem a uma Terra Desconhecida, e doutorado, O Viajante e as Cidades, Musa propõe uma analogia entre a figura do fotógrafo e a do viajante. Para ele, ambos possuem uma disposição incansável de olhar o mundo. A condição do viajante seria também uma espécie de modelo para o fotógrafo, pois, ao se distanciar dos afazeres do dia-a-dia, aquele que passeia por lugares desconhecidos se torna mais atento aos acontecimentos do tempo presente.

Viagem a uma Terra Desconhecida é composto de fotografias coloridas de paisagens naturais (mares, montanhas e florestas) realizadas entre 1987 e 1990 em diversas regiões do Brasil. Apesar disso, elas não constroem uma imagem do país, pois não têm elementos que identifiquem os espaços registrados. Sem figuras humanas, há nelas a idéia de vazio, como se o artista buscasse momentos de silêncio e quietude. Muitas são vistas aéreas que parecem pinturas abstratas, sendo que as tomadas feitas de cima eliminam as características do relevo e provocam um achatamento da imagem. O artista trabalha com poucos elementos: enquadra porções homogêneas de mar e florestas, criando fotos monocromáticas e de ritmo cadenciado. Nuvens e ondas lembram linhas e pinceladas. Ele procura fazer os registros pela manhã e no final da tarde, horários em que a luz desenha as formas com suavidade e os contrastes são atenuados. Nas fotos feitas em terra, a atenção se concentra na luminosidade rasante sobre a vegetação.

A construção cuidadosa do enquadramento é uma questão mais importante do que o congelamento de uma ação. As fotografias são conseqüências da relação que o fotógrafo busca estabelecer com o real: parecem o resultado de um instante de meditação em que a mente está vazia de ansiedade e de expectativas. Como se o fotógrafo estivesse interessado apenas no passeio da luz pela paisagem, remetem à noção de contemplação e de admiração pela natureza.

Críticas

"(...) Outra atitude também comum aos fotógrafos e trabalhos expostos é uma cuidadosa articulação dos elementos da linguagem fotográfica. Sobre o valor referencial, no caso o tema, é justaposto um outro valor, o da linguagem que o está registrando. Luz e sombra, angulação, enquadramento, tudo é levado em consideração e adequado ao estágio da documentação e à intenção do autor. Ou seja, um valor estético é justaposto intencionalmente aos valores sócio-histórico-antropológico-temáticos. E esses valores estéticos possuem referência, possuem história. Eles incorporam, de certa maneira, uma linguagem histórica da fotografia, que se desenvolve lentamente, assimilando com vagar, mas em definitivo, as inovações que fotógrafos e movimentos vão criando no decorrer da própria história. (...)"
Moracy R. de Oliveira
Oliveira, Moracy R. de. A fotografia, descobrindo/mostrando a periferia paulistana. Jornal da Tarde.

"(...) Na verdade, João Musa não procura chocar, agredir. O seu trabalho digno, claro, impregnado de respeito para com o homem, faz as pessoas pensarem. É nisso que reside a força do seu trabalho. João Musa, poeta, registra sonhos do passado e do futuro. A moça revive o dia do seu casamento e enfeita-se com o seu vestido de noiva. O fotógrafo, no seu registro contra luz, transforma as paredes sombrias do barracão apenas num décor. E a sobriedade, a elegância do gesto e, sobretudo, a luminosidade da silhueta invadem totalmente a imagem. A foto do homem, apoiado no aparelho de televisão, ganha uma terceira dimensão numa seqüência de vários planos, obtida pelo reflexo nas superfícies da tela e do espelho. Os sonhos se esvanecem".
Stefania Bril
Bril, Stefania. Registro de sonhos passados e futuros. O Estado de S. Paulo. p. 18.

"(...) Em suas imagens, João Musa sintetiza uma visão subjetiva de um mundo poético, que somente o ecletismo da linguagem fotográfica possibilita. Aliás, uma das qualidades mais fascinantes da fotografia. (...)
(...) O conceito de documentação também é inerente à natureza do processo fotográfico - e Musa consegue explicitar, em seu ensaio, o lado contemplativo e exuberante da vida. Um trabalho profundo, rico em detalhes e sutilezas, de composição forte, que provoca a incômoda sensação de questionar a veracidade fotográfica e transformar o leitor em viajante e cúmplice. (...)"
Rubens Fernandes Junior
Fernandes Junior, Rubens. João Musa: viagem a uma terra desconhecida. IrisFoto, n. 455, p. 10-23.

Acervos

Coleção Pirelli/Masp de Fotografias - São Paulo SP
Acervo Masp - São Paulo SP
Coleção Galeria Fotóptica - São Paulo SP
Acervo MAC/USP - São Paulo SP
Acervo MIS/SP - São Paulo SP
Acervo Fundação Bienal de Curitiba - Curitiba PR
Coleção Semasa - Santo André SP

Exposições Individuais

1974 - São Paulo SP - O Campo e a Cidade, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
1975 - São Paulo SP - Europa, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Sâo Paulo - FAU/USP
1975 - São Paulo SP - Europa, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
1980 - São Paulo SP - Jardim Elba e Vila Renato, no Bairro de Vila Prudente
1980 - São Paulo SP - Jardim Elba e Vila Renato, na FAU/USP
1980 - São Paulo SP - Jardim Elba e Vila Renato, na Fotóptica
1991 - São Paulo SP - Europa, no Museu da Imagem e do Som - MIS/SP
1992 - São Paulo SP - Viagem a uma Terra Desconhecida, no Museu de Arte de São Paulo - MASP
1992 - Santo André - Bom Ver te Verde Santo André, no Teatro Carlos Gomes
1994 - São Paulo SP - Paisagens, no MIS/SP
1996 - São Paulo SP - Um Projeto de Cidade, na FAU/USP
1999 - São Paulo SP - O Viajante e as Cidades, no Centro Cultural São Paulo - CCSP
1999 - Ribeirão Preto SP - O Viajante e as Cidades, na Casa de Cultura
2005 - São Paulo SP - Sobre Fotografia, no Centro Cultural Maria Antônia - USP
2006 - São Paulo SP - João Luiz Musa, na Galeria Brito Cimino

Exposições Coletivas

1974 - São Paulo SP - O Campo e a Cidade, na Escola Politécnica da USP
1974 - São Paulo SP - O Fotógrafo Desconhecido, no MAC/USP
1974 - São Paulo SP - Paisagem Européia - Semana Internacional de Fotografias, no Masp
1975 - São Paulo SP - Europa, na FAU/USP
1976 - São Paulo SP - Grande São Paulo, no Masp
1977 - São Paulo SP - Amazônia, na FAU/USP e no Sesc
1977 - Rio de Janeiro RJ - Amazônia, no Parque Lage
1979 - Milão (Itália) - Jardim Elba e Vila Renato, na Trienal de Milão
1980 - São Paulo SP - Acervo, na Galeria Fotóptica
1980 - São Paulo SP - Mumbuca, na FAU/USP
1980 - São Paulo SP - Vila Renato e Jardim Elba, Vila Prudente, na FAU/USP e na Galeria Fotóptica
1982 - São Paulo SP - São Paulo, na FAU/USP
1985 - São Paulo SP - 1ª Quadrienal de Fotografia, no MAM/SP
1985 - Washington (Estados Unidos) - Fotografias Brasileiras, no Brazilian-American Institute
1988 - Milão (Itália ) - Imagens de São Paulo, na Trienal de Milão
1989 - São Paulo SP - Imagens de São Paulo, no Masp
1991 - São Paulo SP - Escolas, no MIS/SP
1991 - São Paulo SP - Europa 1973, no MIS/SP
1992 - Santo André SP - Bom Ver-te Verde, no Teatro Carlos Gomes
1992 - São Paulo SP - Viagem a Uma Terra Desconhecida, no Masp
1993 - Arona (Itália) - Fotos do Brasil
1993 - Milão (Itália) - 3º Festival de Arte Latino-Americana
1993 - São Paulo SP - Brasil: Pequenos Formatos, Poucas Palavras, na Galeria Documenta
1993 - São Paulo SP - 1º Mês Internacional da Fotografia. Fotografia Contemporânea Brasileira, no Sesc Pompéia
1994 - São Paulo SP - 4ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, no Masp
1994 - São Paulo SP - Paisagens, no MIS/SP
1995 - São Paulo SP - 2º Mês Internacional de Fotografia. Coletiva Brasileira de Retratos Anos 80 e 90, na Faap. Espaço Cultural Faap
1995 - São Paulo SP - Investigação Brasil, no CCSP
1996 - Bogotá (Colômbia) - Imagenes de Brasil. Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, na Casa do Brasil
1996 - Buenos Aires (Argentina) - Imagenes de Brasil. Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, no Museo Nacional de Bellas Artes
1996 - Caracas (Venezuela) - Imagenes de Brasil. Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, no Museo de Arte Contemporáneo de Caracas Sofía Imber
2002 - São Paulo SP - Fotografias no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP
2003 - São Paulo SP - Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM, no MAM/SP
2004 - São Paulo SP - Paralela Bienal
2004 - São Paulo SP - Versão Brasileira, na Galeria Brito Cimino
2005 - São Paulo SP - Panoramas SP, no MIS/SP
2006 - São Paulo SP - A Cidade para a Cidade, na Galeria Olido
2006 - São Paulo SP - Paralela 2006, no Pavilhão dos Estados

Fonte: Itaú Cultural