Jaider Esbell (1979)
Artista, escritor e produtor cultural indígena da etnia Makuxi. Nasceu em Normandia, estado de Roraima, e viveu, até aos 18 anos, onde hoje é a Terra Indígena Raposa – Serra do Sol (TI Raposa – Serra do Sol). Antes de ser artista, habilidade descoberta na infância, Esbell percorreu diversos caminhos, acreditava, levariam à plena condição de manifestar suas habilidades. Deixou a casa dos pais e chegou na capital Boa Vista com o Ensino Médio concluído. Como todo adolescente indígena, fez contatos pares com vilas, cidades e aldeias.
Esbell sempre se encheu de misturas e, com habilidades aprimoradas na escola e vivências plurais no grande palco da vida roraimense, articulou-se, e, na capital, logo estava trabalhando como auxiliar técnico numa estatal. Trabalhou para sobreviver na capital por 8 meses. Em seguida, Esbell fez concurso público para uma vaga de eletricista de linha de transmissão. Trabalhava o dia todo e estudava à noite por conta própria na biblioteca pública. Aprovado em concurso federal, Esbell parte em viagem para fora do estado. A profissão ainda não estava conquistada, precisaria de treinamento rigoroso para altas habilidades. Aprovado em todos os testes, é efetivado aos 19 anos como eletricista de linha de transmissão. Nessa função permanece até 2013. Como empregado da Eletrobras, desenvolve diversas atividades além de suas funções. Realiza ações de educação ambiental, atividades socioculturais, participa em pesquisas e faz contatos bilaterais empresa/comunidades indígenas. Na Eletrobras alcança o topo da carreira para sua função, recebe diversos prêmios e faz estória positiva em toda a rede da estatal.
Esbell, enquanto trabalha, faz vestibular, à época não havia cotas para indígenas, é aprovado e conclui o Curso de Geografia em 2007. Ao longo de sua vida, Esbell sempre escreveu e desenhou, sempre acreditou e trabalhou para criar condições ideais para manifestar suas habilidades de artista. Em 2010 inscreve-se pela primeira vez em um edital de literatura, Bolsa Funarte de Criação Literária – programa do Ministério da Cultura para apoiar financeiramente novos escritores. Esbell leva para Roraima uma das bolsas e lança no ano de 2012 o seu primeiro livro, Terreiro de Makunaima – Mitos , lendas e estórias em vivências.
Esbell, no ano seguinte, começa a pintar e, desde então, são várias exposições coletivas, viagens, inclusive para a Europa, faz itinerâncias, escreve outros livros, artigos, produz rico material artístico e distribui nas mais variadas mídias. Em 2013 é convidado para expor e dar aulas nos Estados Unidos, (Pitzer College). Vai, desliga-se provisoriamente da Eletrobras. Permanece, por lá, 8 meses. Antes de ir ao exterior Esbell articula o Encontro de Todos os Povos (pesquise na internet) e participa da Exposição Coletiva e Latinoameríndia MIRA – Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas, UFMG 2013.
O artista colabora com obras e testemunhos de vivencias coletivas com a arte indígena contemporânea realizadas em Roraima, fruto de articulação entre artistas, artesãos, lideranças, comunidades e a sociedade em geral em torno do tema. O resultado é o aquecimento da cena cultural local e, como demanda, abre seu ateliê, que denomina Galeria de Arte Indígena Contemporânea, com abertura para a coletividade e a prestação de serviços culturais, sem ser empresa ou ONG, incluindo no portfólio formação de alunos, oferecendo estágio a estudantes de artes visuais da UFRR. Destaca-se o trabalho de articulação e fazeres coletivos comunitários desenvolvidos com o povo Xirixana, habitantes da Reserva Indígena Yanomami, região de floresta amazônica bem como diversas atividades com os povos indígenas do lavrado e das montanhas.
Esbell, propõe o Encontro de Todos os Povos, que caminha para a quarta edição. Habilidoso em redes sociais, utiliza-se de toda uma rede de apoio e solidariedade. Esbell marca no tempo sua passagem e toda a diversidade cultural local em contextos que extrapolam todas as fronteiras. Em 2016, recebe indicação ao Prêmio PIPA, o maior prêmio da arte contemporânea Brasileira. Estaria assim de fato e de direito falando a língua universal, a linguagem das artes. Sendo a arte o próprio objeto de vida, o artista desvincula-se de vez da Eletrobras e embarca nesta jornada que ele mesmo denomina ITINERÂNCIA RORAIMA – ARTE E VIDA, UMA JORNADA AO BRASIL DE CASA EM CASA.
Fonte: Site do Artista.