Jaider Esbell

Obras de arte disponíveis

Jaider Esbell - Sem Título

Sem Título

técnica mista sobre papel40 x 30 cm
Espólio Fulvio Pennacchi

Biografia

Jaider Esbell (Normandia, Roraima, 1979 – São Paulo, São Paulo, 2021)

Jaider Esbell foi artista, escritor, arte-educador, geógrafo, curador e produtor cultural indígena da etnia Makuxi, além de um ativista dos direitos indígenas. Nasceu em Normandia, estado de Roraima, e viveu até os 18 anos na região que hoje corresponde à Terra Indígena Raposa – Serra do Sol (TI Raposa – Serra do Sol). Antes de se tornar artista, habilidade que descobriu ainda na infância, Jaider Esbell percorreu diversos caminhos que acreditava levá-lo à plena manifestação de suas capacidades. Deixou a casa dos pais e chegou à capital Boa Vista com o Ensino Médio concluído, estabelecendo contatos com pares em vilas, cidades e aldeias, como era comum entre adolescentes indígenas.

Jaider Esbell sempre se encheu de misturas culturais e, com habilidades aprimoradas na escola e vivências plurais no grande palco da vida roraimense, articulou-se na capital e logo começou a trabalhar como auxiliar técnico numa estatal. Sobreviveu na cidade por oito meses até prestar concurso público para eletricista de linha de transmissão. Trabalhava durante o dia e estudava à noite por conta própria na biblioteca pública. Aprovado em concurso federal, Jaider Esbell parte em viagem para fora do estado, ainda precisando de treinamento rigoroso para desenvolver altas habilidades. Aos 19 anos, é efetivado como eletricista de linha de transmissão, função que manteve até 2013. Durante sua carreira na Eletrobras, realizou atividades além de suas funções, incluindo educação ambiental, ações socioculturais, pesquisas e contatos bilaterais entre empresa e comunidades indígenas, alcançando o topo da carreira, recebendo prêmios e deixando um legado positivo em toda a rede da estatal.

Jaider Esbell, enquanto trabalhava, fez vestibular — à época sem cotas para indígenas — e concluiu o curso de Geografia em 2007 pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). Em 2009, obteve especialização em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela Faculdade de Tecnologia Internacional. Ao longo da vida, Esbell sempre escreveu e desenhou, criando condições ideais para manifestar suas habilidades artísticas. Em 2010, inscreveu-se pela primeira vez no edital de literatura Bolsa Funarte de Criação Literária, sendo contemplado e lançando, em 2012, seu primeiro livro Terreiro de Makunaima – Mitos, lendas e estórias em vivências. Inicialmente, destruía parte de sua produção, mostrando a evolução de seu processo criativo.

Jaider Esbell, no ano seguinte, começa a pintar e, desde então, participa de várias exposições coletivas, viagens internacionais, incluindo a Europa, escreve outros livros, artigos, produz rico material artístico e distribui nas mais variadas mídias. Em 2013, é convidado para expor e dar aulas nos Estados Unidos (Pitzer College), desligando-se provisoriamente da Eletrobras por oito meses. Antes de viajar, Jaider Esbell articulou o Encontro de Todos os Povos e participou da exposição coletiva Latinoameríndia MIRA – Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas, na UFMG.

Jaider Esbell colaborou com obras e testemunhos de vivências coletivas da arte indígena contemporânea realizadas em Roraima, fruto de articulação entre artistas, artesãos, lideranças, comunidades e a sociedade em geral. O resultado foi o aquecimento da cena cultural local e, como demanda, abriu seu ateliê, a Galeria de Arte Indígena Contemporânea, com abertura para a coletividade e prestação de serviços culturais, sem ser empresa ou ONG, incluindo formação de alunos e estágios para estudantes de artes visuais da UFRR. Destacou-se também em trabalhos coletivos com o povo Xirixana, habitantes da Reserva Indígena Yanomami, e com diversos povos indígenas do lavrado e das montanhas.

Jaider Esbell propôs o Encontro de Todos os Povos, que caminha para a quarta edição. Habilidoso nas redes sociais, utilizou toda uma rede de apoio e solidariedade, marcando sua passagem e a diversidade cultural local em contextos que extrapolam fronteiras. Jaider Esbell foi um dos destaques da 34ª Bienal de São Paulo e curador da mostra paralela Moquém - Surarî: arte indígena contemporânea, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, reunindo trabalhos de artistas indígenas de diversos povos. Em 2016, recebeu indicação ao Prêmio PIPA, maior prêmio da arte contemporânea brasileira, e também foi indicado na edição de 2021. Em 2023, sua obra Entidades, formada por duas cobras infláveis de 17 x 1,5 metros, foi exibida no Teatro Amazonas, celebrando o território amazonense.

Jaider Esbell desvinculou-se de vez da Eletrobras e embarcou na jornada que denominou Itinerância Roraima – Arte e Vida, Uma Jornada ao Brasil de Casa em Casa, consolidando sua linguagem universal na arte. Em 2024, recebeu o título de Doutor Honoris Causa post mortem pela UFRR, reconhecendo sua contribuição à arte, cultura e à valorização da história e tradições indígenas no Brasil. Jaider Esbell faleceu em 2 de novembro de 2021, em São Paulo, deixando um legado duradouro na arte indígena contemporânea.

Leilão de Arte Online

Veja também