Jagoda Buić (Split, Croácia 1930 – Veneza, Itália 2022)
Jagoda Buić foi uma artista visual e pioneira nas artes têxteis contemporâneas. Reconhecida como uma das mais inovadoras e influentes do século XX no campo das artes têxteis, destacou-se especialmente por suas instalações monumentais em fibra e tapeçarias. Ao longo de sua carreira, que atravessou várias décadas e continentes, Buić se tornou uma referência ao utilizar materiais não convencionais em suas formas têxteis, contribuindo de maneira decisiva para a evolução da arte contemporânea.
Nascida em Split, Croácia, em 14 de março de 1930, Buić iniciou sua formação acadêmica na Academia de Belas Artes de Zagreb, graduando-se em História da Arte. Posteriormente, ampliou seus estudos na Academia de Belas Artes de Viena, onde concluiu sua formação em arquitetura de interiores, cenografia, têxteis e figurino, em 1953. Durante sua trajetória acadêmica, teve a oportunidade de estudar em centros culturais renomados, como o estúdio Cinecittà em Roma, aprofundando seus conhecimentos em cenografia, e o Centro Internacional de Artes e Trajes no Palazzo Grassi em Veneza, focando na história do figurino.
Após sua formação, Buić iniciou uma longa e prolífica carreira como figurinista e cenógrafa, atuando em mais de 120 projetos nas áreas de ópera, balé, teatro e cinema. Sua atuação como cenógrafa se estendeu a importantes teatros em Viena, Zagreb, Osijek, Dubrovnik e Split, onde sua contribuição se fez notar em produções diversas, do teatro clássico aos projetos mais experimentais. Sua experiência no campo da cenografia e do figurino refletia uma sensibilidade estética apurada, que mais tarde se traduziria em sua produção artística têxtil.
Foi em 1965 que Jagoda Buić conquistou reconhecimento internacional ao apresentar sua primeira instalação têxtil na Bienal de Arte Têxtil de Lausanne, evento que a consagrou com aclamação crítica. Sua obra foi adquirida de imediato pelo Stedelijk Museum de Amsterdã, um dos museus mais prestigiados da Europa, marcando o início de uma trajetória de exibição em museus de arte contemporânea ao redor do mundo.
A partir daí, suas instalações têxteis monumentais passaram a ser a assinatura de sua produção artística. Buić trabalhava com materiais como cordas têxteis, cânhamo, lã e outros elementos naturais, criando composições que exploravam as texturas das superfícies e as relações entre espaço e forma. Sua habilidade de experimentar e manipular esses materiais a consolidou como uma das pioneiras no desenvolvimento de novas formas têxteis nas artes visuais contemporâneas, ao lado de Magdalena Abakanowicz.
Buić foi uma artista que integrou elementos da escultura e da instalação em suas obras, desafiando a concepção tradicional de tapeçaria como arte bidimensional. Suas instalações, frequentemente monumentais, possuíam um caráter tridimensional, envolvendo o espectador no espaço e criando uma experiência imersiva, onde o público interagia ativamente com o ambiente artístico.
Na década de 1980, começou a incorporar materiais metálicos em suas esculturas e instalações, um movimento que refletia sua evolução para novas dimensões estéticas e conceituais. Ela passou a trabalhar com metais, criando formas mais geométricas e industriais, o que representou um significativo desdobramento em sua prática artística. Durante esse período, ela introduziu novos meios e técnicas, mantendo o foco nas experimentações com textura e espaço.
A partir dos anos 2000, Jagoda Buić diversificou ainda mais sua prática, adotando técnicas de colagem com materiais como papel, papelão, lã e outros itens recicláveis. Essa fase refletiu seu crescente interesse por processos artísticos mais integrados à vida cotidiana, destacando-se pela abordagem orgânica e sustentável de suas composições.
Reconhecida mundialmente, Buić participou de inúmeras exposições internacionais. Sua obra foi incluída em diversas mostras de arte contemporânea, destacando-se pela originalidade e pela exploração única de técnicas têxteis. Em 2021, sua produção foi homenageada na exposição Mulheres na Abstração, no Centro Pompidou, em Paris, evento de prestígio que reuniu artistas femininas inovadoras da arte abstrata.
Ao longo de sua carreira, Buić teve suas obras exibidas em importantes bienais de arte, museus de arte contemporânea e galerias renomadas. Sua influência no campo das artes têxteis contemporâneas foi imensa, sendo considerada uma figura central na renovação deste campo artístico entre as décadas de 1960 e 1980.
Jagoda Buić faleceu no dia 17 de outubro de 2022, aos 92 anos, em sua residência em Veneza, Itália. Sua morte representou a perda de uma das artistas mais importantes do cenário artístico europeu e mundial, cujo trabalho sempre foi sinônimo de inovação e experimentação.
Seu legado nas artes têxteis continua a ser estudado e admirado, com suas obras sendo mantidas em inúmeras exposições e museus. Com mais de seis décadas de intensa produção, Jagoda Buić deixou um legado de coragem artística e autenticidade, sendo uma das principais responsáveis pela transformação da tapeçaria e das instalações têxteis na arte contemporânea.
Exposições
1975 - São Paulo SP - 13ª Bienal Internacional de São Paulo (17/10/1975 - 14/12/1975)
1979 - São Paulo SP - 15ª Bienal Internacional de São Paulo (3/10/1979 - 16/12/1979)
2016 - São Paulo SP - Atlas Abstrato: um olhar sobre a Coleção de Arte da Cidade de São Paulo (19/11/2016 - 12/3/2017)