François Auguste Biard

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Biografia

François Auguste Biard (Lyon, França ca.1798 - Plâteries, França 1882)

Pintor, desenhista, gravador, caricaturista, decorador.

Inicia seus estudos na École des Beaux-Arts [Escola de Belas Artes], em Lyon, França, com Pierre-Henri Révoil (1776 - 1842). Em 1824, muda-se para Paris. Viaja, em 1827, para Espanha, Grécia, Síria e Egito como professor de desenho da Marinha, colaborando em publicações dedicadas a assuntos geográficos e marítimos. Ao retornar, passa a ser o retratista oficial da corte francesa. Durante a década de 1830, percorre a Inglaterra, Escócia, Espanha e Suíça, registrando povos e costumes e coletando objetos com interesse antropológico. Vem ao Brasil em 1858, onde permanece por um ano. Viaja por diversas regiões e alcança o norte do país, explorando as margens dos rios Amazonas, Negro e Madeira. Executa, em 1859, no Rio de Janeiro, retratos de membros da corte portuguesa, no ateliê do Paço Imperial, que o imperador dom Pedro II (1825 - 1891) coloca a sua disposição. É nomeado professor honorário da Academia Imperial de Belas Artes - Aiba. Volta à França, e publica, em 1862, o livro Deux Années au Brèsil [Dois Anos no Brasil], ilustrado com gravuras de Edouard Riou (1833 - 1900), elaboradas com base em seus desenhos.

Comentário Crítico

Biard, como professor de desenho da Marinha, viaja por diversos países, documenta costumes e coleta alguns objetos. O artista vem ao Brasil em 1858, onde permanece até fins de 1859. Nesse período, executa os retratos do imperador Dom Pedro II (1825 - 1891) e da família de Orleans.

Biard realiza uma longa expedição que, partindo do Espírito Santo, alcança a região do rio Amazonas e seus afluentes. Resultam dessa viagem duas telas em que representa cenas de interior de floresta e rituais indígenas, que revelam o interesse antropológico do artista. Em Os Índios da Amazônia Adorando o Deus Sol, ca.1860, a luz que penetra em diagonal na composição permite a criação de uma cena íntima e mágica, situada em terras tropicais, o que pode ser percebido pela forma cuidadosa como são pintadas as espécies vegetais. Esse mesmo senso de uma civilização exótica está presente em obras como A Fabricação do Curare na Floresta Amazônica, ca.1860. Provavelmente o artista não observa essas cenas, mas baseia-se em relatos coletados na região.

Outro tema que merece destaque na produção de Biard no Brasil é o da escravidão, enfocado em Fuga de Escravos, 1859, quadro em que apresenta uma visão trágica do assunto, aliada a uma luminosidade romântica. O artista publica, em Paris, em 1862, o livro Deux Années au Brèsil Dessiné par R. Riou d'Aprés le Croquis de Biard, um relato de sua viagem ilustrado com gravuras feitas por Edouard Riou (1833 - 1900) com base em desenhos do autor.

Críticas

"Um inveterado viajante, François Auguste Biard apenas chega ao Rio de Janeiro e logo cativa o ambiente da Corte, ingressando em sua intimidade. Contador de suas aventuras pelo mundo afora, havia de ser excelente companhia, apesar de extremamente satírico e impiedoso crítico de tudo o que via. Percebe-se que estes artistas que chegavam, passavam a constituir atrativo cultural para uma elite social que vivia carente de estímulos que lhes ampliassem os horizontes intelectuais. E para isto os franceses possuíam condições de sobra, já que traziam as lições de Paris e, particularmente, dos recintos cortesãos. No caso de Biard, o exemplo é perfeito. Fôra na Corte do Rei Luís Felipe retratista de grande prestígio e por esta razão obteve sempre os melhores favores de Dom Pedro II, que chegou a facilitar-lhe a instalação de seu ateliê numa sala do Palácio Imperial".
Quirino Campofiorito
CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.

Exposições Coletivas

1824 - Paris (França) - Salão de Paris - medalha de prata
1827 - Paris (França) - Salão de Paris - medalha de prata
1861 - Paris (França) - Salão de Paris

Exposições Póstumas

1976 - Washington (Estados Unidos) - Mostra European view of America, em comemoração ao bicentenário da independência dos Estados Unidos, na National Gallery de Washington
1977 - Paris (França) - Mostra European view of America, em comemoração ao bicentenário da independência dos Estados Unidos, no Grand Palais em Paris
1990 - Rio de Janeiro RJ - Missão Artística Francesa e Pintores Viajantes: França - Brasil no século XIX, na Fundação Casa França-Brasil
1992 - Zurique (Suíça) - Brasilien: entdeckung und selbstentdeckung, na Kunsthaus Zürich
1994 - Rio de Janeiro RJ - Os Pintores Viajantes: Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, no MNBA
1994 - São Paulo SP - O Brasil dos Viajantes, no Masp
1998 - São Paulo SP - Brasil Século XIX: uma exuberante natureza, na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
1999 - Rio de Janeiro RJ - O Brasil Redescoberto, no Paço Imperial
2000 - Rio de Janeiro RJ - Visões do Rio na Coleção Geyer, no CCBB
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos

Fonte: Itaú Cultural