Fabiana Preti (1979)
Fabiana Preti é pintora, gravadora, escultora e artista visual. Nascida em 1979, vive e trabalha em São Paulo. A obra de Fabiana Preti é marcada por uma intensa pesquisa visual e sensível, estruturada em torno do conceito de repetição – não como cópia do mesmo, mas como exercício de transformação e ressignificação. Artista de múltiplas linguagens, Fabiana Preti transita por suportes que vão da pintura à instalação, da gravura ao bordado, sempre com atenção refinada à escolha de materiais, ao ritmo dos gestos e à presença do vazio como matéria ativa da composição.
Formação e Trajetória
Fabiana Preti é graduada em Desenho Industrial pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Em sua trajetória acadêmica, Fabiana Preti desenvolveu um olhar que associa arte à funcionalidade, forma à intenção, escala ao corpo. Essa base técnico-estética se articula com sua sensibilidade artística, consolidando uma poética onde a precisão do design encontra a fluidez do fazer artístico.
A formação de Fabiana Preti se expandiu para além dos muros acadêmicos: desde 2016, a artista participa de cursos livres, programas de acompanhamento crítico e residências artísticas voltadas à arte contemporânea. Em 2024, uma imersão nas Ilhas Canárias marcou mais um ponto de virada em sua jornada criativa, reafirmando seu interesse por experiências sensoriais e geográficas como motor de investigação poética.
Desde 2018, Fabiana Preti integra o ateliê coletivo Massapê Projetos, em São Paulo, espaço que funciona como laboratório de experimentações individuais e coletivas. O ambiente colaborativo do ateliê alimenta o pensamento crítico e fomenta práticas que ultrapassam os limites tradicionais entre as linguagens.
A Repetição como método e poética
Fabiana Preti entende a repetição como mais do que um procedimento formal: é um modo de pensar o tempo, o gesto, o corpo e o espaço. Em suas obras, repetir não é repetir o mesmo, mas reiterar para transformar. Assim como os ciclos naturais, o trabalho de Fabiana Preti nasce de um impulso rítmico: pontos, linhas, planos, cores e texturas são mobilizados em séries que sugerem movimento e fluxo.
Essa lógica rítmica está presente tanto nas composições pictóricas quanto nas tridimensionais. O gesto repetitivo, em Fabiana Preti, se transforma em linguagem e, ao mesmo tempo, em campo de escuta. Ao insistir no traço, ao percorrer o mesmo caminho com variações sutis, a artista constrói paisagens de acúmulo, de presença e de silêncio.
A repetição, na prática de Fabiana Preti, carrega um sentido quase meditativo. Cada ponto, linha ou corte representa um momento de atenção plena. Seu processo criativo se transforma em ato performático, no qual a artista atua como tradutora de um tempo interno, pautado pela constância e pela escuta.
O Vazio como matéria
Fabiana Preti atribui protagonismo ao vazio em sua poética, compreendendo o espaço em branco, o entre, o intervalo, como parte essencial da obra. Para Fabiana Preti, o silêncio não é ausência, mas potência: não se trata de um campo neutro ou daquilo que falta, e sim de uma dimensão ativa, carregada de sentidos. Assim como na música o silêncio dá forma à melodia, nas composições da artista o espaço não preenchido serve de contraste e respiro, permitindo à repetição se tornar visível e sensível.
Os materiais utilizados por Fabiana Preti — papéis, tecidos, pigmentos, linhas, objetos industriais — são escolhidos com extremo rigor. A textura, a cor original e até mesmo a porosidade de cada suporte são considerados elementos constituintes da obra. Mesmo o material ainda intocado já possui caráter, fala e vibração.
Exploração multimídia e interdisciplinaridade
A obra de Fabiana Preti se desenvolve em diversas linguagens, explorando a interseção entre pintura, gravura, escultura, bordado, objeto e instalação. Essa transição fluida entre meios reflete uma abordagem estratégica, na qual a escolha de cada suporte é motivada pela necessidade da obra, e não por uma vinculação rígida a um único campo artístico.
A gestualidade característica de suas pinturas se estende para os objetos e instalações criados por Fabiana Preti. Em várias de suas obras, o gesto pictórico ultrapassa os limites da tela, invadindo o espaço tridimensional e criando ambientes imersivos. Esses espaços convidam o espectador a interagir, explorar e vivenciar o ritmo das formas, transformando o ambiente em um campo de relações sensíveis.
Nos últimos anos, Fabiana Preti tem aprofundado sua relação com a arquitetura, investigando como suas obras interagem com o entorno, a escala do corpo e a presença do som. Nesse contexto, a cor e a forma tornam-se ferramentas essenciais para ocupar o espaço de maneira afetiva, ressignificando superfícies e volumes de forma única.
Parcerias e experiências
Fabiana Preti tem sua trajetória marcada por parcerias e colaborações significativas com outros artistas e instituições. Entre 2016 e 2017, atuou como assistente de pintura na série Jacarezinho 92, da artista Ana Elisa Egreja. Essa experiência ampliou seu repertório técnico e conceitual, aprofundando a linguagem própria de Fabiana Preti.
Sua participação no ateliê coletivo Massapê Projetos também se destaca. Esse espaço funciona como um ambiente de trocas e cocriação, representando não só um local de produção artística, mas também um centro de pensamento crítico e formação contínua, essencial para o desenvolvimento da arte de Fabiana Preti.
O pensamento artístico de Fabiana Preti dialoga com correntes contemporâneas que valorizam o processo, a repetição e o tempo como elementos fundamentais da obra. Sua produção pode ser associada, ainda que de forma indireta, a mestres como Agnes Martin, Mira Schendel e Hélio Oiticica — artistas que também exploraram os limites entre forma e silêncio, gesto e repetição, materialidade e espiritualidade.
No entanto, Fabiana Preti constrói um caminho único, no qual a sutileza da cor, a textura dos materiais e o ritmo do fazer apontam para uma poética do cuidado, da escuta e da presença. Sua arte não se impõe, ela pulsa. Nesse movimento constante, onde a repetição se funde ao silêncio, emerge uma obra de forte ressonância, profundamente contemporânea, marcada por gestos delicados, mas de grande impacto.
Experiências
Ana Elisa Egreja - Série Jacarezinho 92 - Assistente de pintura. Dez, 2016 - Jun, 2017
Exposição Individual
2020 | “LuzAzuL”, Galeria Thomas Baccaro, SP. Texto Guilherme Teixeira.
2019 | “Ditongo”, Massapê Projetos, SP. Texto Danilo Oliveira.
Principais Exposições Coletivas
2019 | “Vida”, Instituto de Artes da UNESP, SP. Curadoria: Lilian Bado.
2019 | “Istmo”, Galeria Caribé, SP.
2019 | “Tardes de Terça”, Centro Histórico e Cultural Mackenzie, SP.
2018 | “Arte Formatto”, Rua Colombia, SP.
2018 | “Canvas”, Alphaville, SP.
2018 | “Ocupação Studio Luiz Martins”, Studio Luiz Martins, Barra Funda, SP.
2016 | "Pratica" Projeto mesmo lugar, Qualcasa, SP.
2015 | "Contra Prova", Paço das Artes, USP SP.