Carlos Tenius (Porto Alegre RS 1939)
Escultor.
Carlos Gustavo Tenius estudou artes com o Fernando Corona em 1962. Dois anos depois, forma-se em escultura na Escola de Artes da UFRGS. Em 1965, torna-se auxiliar de ensino das cadeiras de escultura e modelagem desta escola. Em 1967, cria uma escultura para a sede do IAB/RS e no ano seguinte, desenvolve a Pira da Pátria para a Prefeitura de Porto Alegre. Entre 1972 e 1975, participa de vários concursos de arte, conquistando a primeira colocação em 1975, quando apresenta proposta ao monumento comemorativo do Centenário da Imigração Italiana, em Farroupilha RS. Em 1977, obtém a vaga de professor assistente no Instituto de Artes da UFRGS, por concurso público. Dois anos depois, desenvolve o monumento em homenagem ao Marechal Castelo Branco, implantado no Parcão, em Porto Alegre. Expõe em coletivas desde 1961, recebendo, no ano seguinte, a medalha de ouro no 19º Salão Paranaense e o título de melhor escultor nacional no 3º Salão de Curitiba.
Críticas
"Homem de seu tempo, vivendo no contexto da sociedade industrial em que o procedimento construtivo e a preocupação estrutural se tornaram a base de toda a organização produtiva e social, Tenius não esculpe ou modela, mas constrói suas figuras com a junção e a sobreposição de chapas, com a solda, com os rebites e, seguidamente, tira partido da própria oxidação do ferro que o recobre com uma pátina avermelhada. Da mesma maneira, integra-se ao universo urbano de nossa época pelo forte senso arquitetônico com que organiza os volumes e divide o espaço com formas abertas e lineares que ativam o conjunto e fazem contraponto com a ortogonalidade das cidades modernas. Contudo, não se deixa levar pelo racionalismo dos grandes movimentos do século a ponto de abrir mão da alegoria, da formulação mítica com que se aproxima dos criadores de monumentos do passado, voltados para a exaltação dos feitos individuais e das esperanças coletivas. Nos monumentos destinados aos grandes espaços públicos, suas figuras nos falam de encontro, de tenacidade, de busca seja do vôo, da ação ou do futuro. O que não significa que em seus trabalhos os elementos narrativos e a emoção romântica se imponham acima da procura de aprofundamento da discussão formal-conceitual com que se tem desenvolvido a arte de nosso século.
Suas obras nos colocam, desde logo, questões como a relação entre massa e linha; entre verticalidade e horizontalidade; entre permanência e movimento; entre a visualização do volume e a percepção da natureza do material empregado e entre a própria noção de figura, enquanto representação das cenas do mundo e enquanto construção da estrutura mesma desse mundo".
Amaral, José Luiz do. José Luiz do Amaral. Monumentos: a transparência do sonho na densidade do metal. In: Tenius, Carlos. Tenius. n. p.
"A trajetória escultórica de Carlos Tenius foi constantemente povoada por vigorosos e dinâmicos personagens. Nem sempre figurativos, pois em alguns momentos transfiguravam-se em blocos semipartidos ou em grandes explosões de ferro soldado. Estes personagens buscavam muitas vezes a evocação de seres alados, em engenhosas estratégias do alçar vôo. No entanto, todos eles, sozinhos ou em grupos, jamais deixaram de apresentar a marca de uma intensa força e a entrega a movimentos de conquista. Na infinita diversidade de dimensões, desde o monumental às pequenas escalas, a constância das estruturas sólidas, da coesão formal e do sábio domínio do volume. Um mundo de imagens tridimensionais no qual pautaram, constantes, signos da história, conceitos de liberdade e opressão, do confinamento e da vitória.
O mundo das imagens inclina-se entre dois pólos, ora sobre o visível, ora sobre o invisível, constituindo, assim, nessa oscilação, uma das características fundamentais do elemento cultural. Tanto este mundo nos remete a uma realidade daquilo que se vê, como nos conduz a um universo mais escondido, mas que não deixa por nenhum instante de estar profundamente presente. A produção escultórica de Tenius explora com extrema perspicácia tais possibilidades da imagem. Enquanto suas figuras e signos abstratos assumem configurações a partir da realidade visível, propõem simultaneamente infindáveis outras imagens do mundo não visível, simbolicamente organizado. Levam-nos estas últimas a mergulhar nos espaços da fantasia, nos quais idéias e conceitos, sentimentos e sonhos constroem com riqueza a anatomia da linguagem".
Mônica Zielinsky
Zielinsky, Mônica. Máscaras de ferro: sutilezas entre o visível e o invisível. In: Tenius, Carlos. Tenius. n. p.
"Tenius prescinde, em geral, do respaldo da figura. Interessa-se pelo aspecto arquitetônico da criação escultórica. Aliás, no momento em que a referência à natureza deixa de ser prioritária, a mão do artista pode fazer a linha sonhar, segundo a bela expressão de Henri Michaux, aplicada a Klee. Só que, no caso de Tenius, a linha não sonha, é submetida a uma construção ou tectônica, que pode agradar ou não, mas constitui sua opção de escultor. (...)
Aparentemente existe uma certa neutralidade emocional nas realizações de Tenius. No entanto, ela é largamente compensada pela valorização matérica do suporte. O gosto pela pátina, a excluir o clichê do metálico, remete o espectador a outra visualidade na mesma matéria, que talvez não lhe seja assídua. É freqüente tomar-se o conceito pela coisa; ora, ao preservar a matéria na sua solidão original, Tenius constrange-nos a aceitá-la como é, na sua apaixonante vulgaridade. A interpelação óptica, a caracterizar suas obras, a sensação incômoda que ressuma de massas pontudas, de volumes sublevados, converte-se em acicate dos sentimentos do observador. Não é fácil apreciar-se uma dessas esculturas: irritam o espectador, empurram-no emocionalmente. Apesar disso, desfeita a perturbação, é possível saborear-se nelas outra emoção, mais austera, mais vagarosa: a da matéria indócil revestida de esperança, ou, ao menos, da crença honesta na capacidade regeneradora da história".
Armindo Trevisan
Trevisan, Armindo. Carlos Gustavo Tenius: o monumentalismo. In: ---. Escultores contemporâneos do Rio Grande do Sul. p. 67-74.
Exposições Individuais
1963 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria do Instituto Cultural Brasileiro-Norte-Americano
1966 - Porto Alegre RS - Individual, na Pinacoteca do Instituto de Artes da UFRGS
1968 - Porto Alegre RS - Individual, no IAB/RS
1992 - Porto Alegre RS - Trinta Anos de Escultura, na Galeria Tina Zappoli
Exposições Coletivas
1961 - Montevidéu (Uruguai) - Artistas Gaúchos em Montevidéu, no Palácio Brasil
1962 - Belo Horizonte MG - 17º Salão de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte
1962 - Curitiba PR - 14º Salão de Belas-Artes de Primavera do Clube Concórdia - medalha de bronze
1962 - Curitiba PR - 19º Salão Paranaense - medalha de ouro
1962 - Curitiba PR - 3º Salão de Curitiba - melhor escultor nacional
1962 - Porto Alegre RS - 1ª Feira Popular de Artes Plásticas - 3º prêmio
1962 - Porto Alegre RS - 9º Salão de Artes Plásticas do Instituto de Belas Artes - 2º prêmio
1963 - Belo Horizonte MG - 18º Salão Municipal de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte
1963 - Curitiba PR - 15º Salão de Belas-Artes de Primavera do Clube Concórdia
1963 - Curitiba PR - 20º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná
1963 - Porto Alegre RS - 1º Salão Cidade de Porto Alegre - 3º prêmio
1963 - Porto Alegre RS - Salão Jubileu de Prata da Associação de Artes Plásticas Francisco Lisboa - prêmio mérito
1963 - São Paulo SP - 12º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - 2º prêmio e prêmio aquisição
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Curitiba PR - 21º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná - Prêmio Emílio Roman
1964 - Porto Alegre RS - Coletiva de Alunos da Escola de Artes da UFRGS - prêmio aquisição
1965 - Campinas SP - 1º Salão de Arte Moderna de Campinas - 1º prêmio
1965 - Porto Alegre RS - 2º Salão Cidade de Porto Alegre, no Margs - 2º prêmio
1965 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, no MAM/RJ - menção honrosa
1965 - São Paulo SP - 1º Salão Esso de Artistas Jovens, no MAC/USP
1966 - Campinas SP - 2º Salão de Arte Contemporânea de Campinas
1966 - São Paulo SP - 13 Artistas Gaúchos, no MAC/USP
1967 - Curitiba PR - 24º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná - prêmio aquisição
1967 - Porto Alegre RS - 3º Salão Cidade de Porto Alegre
1969 - Porto Alegre RS - 4º Salão Cidade de Porto Alegre
1970 - Brasília DF - Artistas Gaúchos em Brasília, na Fundação Cultural do Distrito Federal
1970 - Porto Alegre RS - 1º Salão de Artes Visuais, na UFRGS
1970 - São Paulo SP - Pré-Bienal de São Paulo, na Fundação Bienal
1971 - Curitiba PR - 28º Salão Paranaense de Belas Artes, na Biblioteca Pública do Paraná
1972 - São Paulo SP - 4º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1975 - Brasília DF - Arte Gaúcha/74
1975 - São Paulo SP - 7º Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP
1976 - São Paulo SP - Escultores Brasileiros, na Skultura Galeria de Arte
1977 - Porto Alegre RS - Professores de Ontem e Hoje, no Instituto de Artes da UFRGS
1978 - Rio de Janeiro RJ - Escultura Brasileira no Espaço Urbano: 50 anos, na Praça Nossa Senhora da Paz
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1983 - Porto Alegre RS - Do Passado ao Presente: as artes plásticas no Rio Grande do Sul, no Cambona Centro de Arte
1986 - Porto Alegre RS - Coleção Rubem Knijnik: arte brasileira anos 60/70/80, no Margs
1989 - Porto Alegre RS - Arte Sul 89, no Margs
1991 - Curitiba PR - Museu Municipal de Arte: acervo, no Museu Municipal de Arte
1991 - Porto Alegre RS - Coletiva, na Pinacoteca Aldo Locatelli
1991 - Porto Alegre RS - Coletiva, na Pinacoteca Rubem Berta
1992 - Campinas SP - Premiados nos Salões de Arte Contemporânea de Campinas, no MACC
1996 - Porto Alegre RS - Coletiva, na UFRGS
1998 - Porto Alegre RS - Sete Mostras Especiais, na Galeria Tina Zappoli
1999 - Porto Alegre RS - Garagem de Arte: mostra inaugural, na Garagem de Arte
2001 - Porto Alegre RS - Coleção Liba e Rubem Knijnik: arte brasileira contemporânea, no Margs
2002 - Porto Alegre RS - Desenhos, Gravuras, Esculturas e Aquarelas, na Garagem de Arte
2003 - Porto Alegre RS - Humanidades, na Galeria Tina Zappoli
Fonte: Itaú Cultural