Bustamante Sá

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Biografia

Bustamante Sá (Rio de Janeiro RJ 1907 - idem 1988)

Pintor, desenhista e professor.

Em 1926, Rubem Fortes Bustamante Sá ingressou na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, onde tem aulas com Rodolfo Amoedo (1857-1941) e Augusto Bracet. Dois anos depois, expõe pela primeira vez no Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM. Com outros artistas, sai da Enba para fundar o Núcleo Bernardelli, em 1931. Participa do 1º Salão do Núcleo Bernardelli, um ano depois. É aluno de Manoel Santiago (1897 - 1987) e pinta freqüentemente ao ar livre com os colegas Milton Dacosta (1915 - 1988) e José Pancetti (1902-1958). Em 1936, ganha a medalha de prata do SNAM e, em 1938, o prêmio de viagem ao país, graças ao que visita Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, registrando as paisagens locais. Em 1949, recebe o prêmio de viagem ao estrangeiro. Vai a Lisboa, Madri e Paris. Nesta última cidade, freqüenta a Académie Julian, sob a orientação de Chaplain-Midy e André Planson. Quando volta ao Rio de Janeiro, em 1952, passa a participar do Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM. Faz várias exposições pelo Brasil e algumas no exterior, como, em 1974, Salônica, na Grécia, Toronto, Nova York e países da América do Sul. É professor da Associação Brasileira de Desenho, que ajuda a fundar, e do Instituto Nacional de Educação de Surdos, pelo qual se aposenta. Em 1986, o pintor e crítico Quirino Campofiorito (1902 - 1993) lança um livro sobre sua pintura.

Comentário crítico

Bustamante Sá é mais conhecido por suas paisagens. Entretanto, segundo o pintor e crítico Quirino Campofiorito, antes da viagem à Europa, o pintor dedica-se também a outros gêneros de pintura, devido à necessidade de ganhar os prêmios oferecidos pelos salões, já que é de origem pobre e tem de trabalhar para sustentar sua família1. Seu envolvimento no Núcleo Bernardelli é condizente com sua situação social e também indica um antiacademicismo que inclui a crítica à hierarquia dos gêneros e à pintura em ateliê. Mas as instituições são acadêmicas na época e é com Retrato do Pintor Gibson (1948), que Bustamante recebe como prêmio uma viagem ao estrangeiro. O quadro é escuro e dominado por tons de cinza. O retratado está em pé à direita modelando uma escultura em frente ao que parece ser um esboço em uma tela, ainda sem cor. Os únicos tons quentes estão na pele do pintor e em sua gravata vermelha. Graças à distinção, Bustamante tem um contato direto com os mestres europeus. Interessa-se especialmente pela paisagem de Jean-Baptiste Camille Corot (1796 - 1975) e de Paul Cézanne (1839 - 1906), ainda segundo Quirino Campofiorito2. A importância das formas geométricas na visualização da natureza, conforme compreendida por Cézanne, é um traço marcante dos quadros do artista. Suas vistas apresentam poucas curvas e as formas são simplificadas. São aplicadas  pinceladas em ziguezague, que formam planos de cor e não marcam. Nisso, a pintura de Bustamante lembra a do professor do Núcleo Bernardelli Bruno Lechowski e de seu discípulo José Pancetti, com quem Bustamante pinta. Outra característica de seu trabalho são os tons rebaixados. Em geral, não há cores intensas e passa-se de uma cor a outra sem sobressaltos. Outra cor, apenas excepcionalmente.3

Notas
1CAMPOFIORITO, Quirino. A pintura de Bustamante Sá. Rio de Janeiro: Cabicieri Editorial, 1986, p 133-135.
2Idem, p. 36-38.
3Ibidem, p. 30.

Críticas

"Na particularidade da marinha, os horizontes distantes e os imensos e transluzentes espaços de céu, mar e praia são sempre tratados com uma riqueza de cor e matéria, e a sofreguidão incontida de seu temperamento quando se faz estimulado. A jangada tem sido alvo da sofreguidão criativa de nossos pintores mais ambiciosos das motivações nordestinas. É o elemento marcante e que tão impressionantemente se identifica com os cenários praianos que se estendem por toda a costa nordestina. (...) Branca ou de cor viva, a vela distingue-se no mar alto, ou mesmo quando a jangada pousa na areia, resplandescente de sol, engalanando o cenário com a movimentação permanente provocada pelo vento. (...) Bustamante Sá, com sua paleta prenhe de cores límpidas e transparentes, registrou não só velame trepidante como, com igual precisão, captou a transparência atmosférica e a luminosidade que invadem céu, mar e praia".
Quirino Campofiorito
CAMPOFIORITO, Quirino. A Pintura de Bustamante Sá. Rio de Janeiro: Cabicieri Editorial, 1986.

Exposições Individuais

1939 - Florianópolis SC - Individual, no Hotel Glória
1939 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Palace Hotel
1953 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no Clube Assírio
1975 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Maria Augusta Galeria de Arte
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1982 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Trevo
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Gauguin Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Escala
1986 - Rio de Janeiro RJ - Retrospectiva de Bustamante Sá, na Galeria Boghese
1987 - Rio de Janeiro RJ - 80 Anos de Vida, 60 Anos de Arte, na H. Stern

Exposições Coletivas

1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes
1931 - Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Escola Nacional de Belas Artes
1932 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão do Núcleo Bernardelli, na Sociedade Sul-Riograndense de Cultura
1933 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão do Núcleo Bernardelli, no Liceu de Artes e Ofícios
1933 - Rio de Janeiro RJ - 39ª Exposição Geral de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - menção honrosa
1933 - Rio de Janeiro RJ - Seis Artistas, no Studio Eros Volúsia
1934 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1934 - Rio de Janeiro RJ - 40º Salão Nacional de Belas Artes, na Escola Nacional de Belas Artes - medalha de bronze
1935 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão do Núcleo Bernardelli, na Escola Nacional de Belas Artes
1936 - Rio de Janeiro RJ - 42º Salão Nacional de Belas Artes, no Instituto Previdência - medalha de prata
1936 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Belas Artes
1937 - Rio de Janeiro RJ - Milton Dacosta e Bustamante Sá, na Galeria Santo Antonio
1938 - Rio de Janeiro RJ - 44º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao país
1939 - Porto Alegre RS - Salão do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, no Instituto de Belas Artes - medalha de bronze
1944 - Rio de Janeiro RJ - 50º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes
1945 - Rio de Janeiro RJ - Artistas Plásticos do Partido Comunista, na Casa do Estudante
1947 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Fagundes Varela
1948 - Rio de Janeiro RJ - Salão Fluminense de Belas Artes - Prêmio Antonio Parreiras
1948 - São Paulo SP - 14º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - medalha de bronze
1949 - Rio de Janeiro RJ - 55º Salão Nacional de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio de viagem ao exterior
1949 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1952 - Rio de Janeiro RJ - 1º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes
1953 - São Paulo SP - 18º Salão Paulista de Belas Artes, na Galeria Prestes Maia
1954 - Goiânia GO - Exposição do Congresso Nacional de Intelectuais
1954 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Municipal de Belas Artes, no Museu Nacional de Belas Artes - prêmio federal
1954 - Rio de Janeiro RJ - Salão Preto e Branco, no Palácio da Cultura
1955 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Arte Moderna
1955 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Municipal de Belas Artes - grande prêmio municipal
1956 - Rio de Janeiro RJ - 5º Salão Nacional de Arte Moderna
1957 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Arte Moderna
1958 - Rio de Janeiro RJ - 7º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1958 - s.l. - 1º Salão Shell - 1º prêmio
1959 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1960 - Rio de Janeiro RJ - 9º Salão Nacional de Arte Moderna, no Museu de Arte Moderna
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri
1962 - Rio de Janeiro RJ - 11º Salão Nacional de Arte Moderna
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna
1965 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Nogasawa
1966 - Rio de Janeiro RJ - 15º Salão Nacional de Arte Moderna
1973 - Rio de Janeiro RJ - 22º Salão Nacional de Arte Moderna
1974 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Samarte
1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1977 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Galeria Sérgio Milliet - Funarte
1982 - São Paulo SP - Exposição Núcleo Bernardelli: arte brasileira nos anos 30 e 40, na Acervo Galeria de Arte
1985 - Rio de Janeiro RJ - 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna
1985 - Rio de Janeiro RJ - Galeria Ibeu Copacabana 25 Anos: 1960-1985, no Instituto Brasil-Estados Unidos
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Museu de Arte de São Paulo
1985 - São Paulo SP - As Mães e a Flor na Visão de 33 Pintores, na Ranulpho Galeria de Arte
1986 - São Paulo SP - Tempo de Madureza, na Ranulpho Galeria de Arte

Exposições Póstumas

1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1989 - São Paulo SP - Trinta e Três Maneiras de Ver o Mundo, na Ranulpho Galeria de Arte
1996 - Osasco SP - 3ª Mostra de Arte, na Fundação Instituto de Ensino para Osasco
2000 - Caxias do Sul RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Passo Fundo RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Pelotas RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2000 - Santa Maria RS - Mostra Itinerante do Acervo do Margs
2003 - Rio de Janeiro RJ - Arte em Movimento, no Espaço BNDES
2003 - Rio de Janeiro RJ - Tesouros da Caixa: arte moderna brasileira no acervo da Caixa, no Conjunto Cultural da Caixa

Fonte: Itaú Cultural