Rodolfo Bernardelli

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Biografia

José Maria Oscar Rodolfo Bernardelli (Guadalajara, México 1852 - Rio de Janeiro RJ 1931)

Escultor e professor.

Irmão dos pintores Henrique Bernardelli (1858-1936) e Felix Bernardelli (1862-1905), deixa o México, com sua família, para fixar-se no Rio Grande do Sul, por volta de 1866. Muda-se para o Rio de Janeiro com os pais, futuros preceptores das princesas Isabel (1846-1921) e Leopoldina (1847-1871), a convite do imperador dom Pedro II (1825-1891). Entre 1870 e 1876, freqüenta as aulas de escultura de estatuária de Chaves Pinheiro (1822-1884) e de desenho de modelo vivo na Academia Imperial de Belas Artes - Aiba. Como aluno pensionista permanece em Roma de 1877 a 1884, estuda com os mestres Achille d'Orsi (1845-1929) e Giulio Monteverde (1837-1917). De volta ao Brasil é professor de escultura na Aiba, em substituição a Chaves Pinheiro. Considerado um dos reformadores do ensino artístico no Brasil, Rodolfo Bernardelli é, entre 1890 e 1915, o primeiro diretor da recém-instituída Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Em sua gestão cria a categoria de aluno livre e o Conselho Superior de Belas Artes e propõe a edificação da nova sede na avenida Rio Branco. Em 1919, em Madri, é proclamado acadêmico honorário da Real Academia de Belas Artes de San Fernando. Em 1931, no Rio de Janeiro, é fundado o Núcleo Bernardelli em homenagem aos irmãos Rodolfo e Henrique.

Comentário Crítico

Rodolfo Bernardelli vem para o Brasil em 1866, em companhia da família, passando pelo Chile e Argentina e fixando-se no Rio Grande do Sul. A convite do imperador dom Pedro II (1825 - 1891), seus pais mudam-se para o Rio de Janeiro para serem preceptores das princesas Isabel e Leopoldina. De 1877 até 1885, permanece em Roma como bolsista da Academia Imperial de Belas Artes - Aiba, do Rio de Janeiro. Na Itália, estuda com Giulio Monteverde (1837 - 1917). Executa nesse período diversos trabalhos, como o relevo Fabíola, 1878 e a escultura Santo Estevão, 1879, aliados ao verismo da escultura européia contemporânea.

Em seu regresso da Itália, o escultor alcança uma posição tão destacada no círculo republicano que o leva a assumir o cargo máximo da principal instituição de arte do Brasil - a Escola Nacional de Belas Artes - Enba -, em que permanece até 1915. Entre as razões para isso estariam a relevância e divulgação dadas pela imprensa aos trabalhos do escultor, sobretudo por Angelo Agostini (1843 - 1910), na Revista Illustrada.

Bernardelli deixa uma extensa produção, que inclui inúmeros bustos de personalidades públicas, obras tumulares e diversos monumentos comemorativos, realizados principalmente para a cidade do Rio de Janeiro, como os dedicados ao General Osório, 1894, ao Duque de Caxias, 1899, a José de Alencar, 1897 e o grupo escultórico Descobrimento do Brasil, 1900. O artista executa ainda as estátuas que ornamentam o prédio do Theatro Municipal, ca.1905, o Monumento a Carlos Gomes, 1905, em Campinas, e a estátua de dom Pedro I, 1921, para o Museu Paulista da Universidade de São Paulo - MP/USP, em São Paulo.

Críticas

"Os estatutos da Academia exigiam dos artistas em estudo no estrangeiro obrigações precisamente delimitadas. Cada ano deveriam ser enviados ao Brasil trabalhos, que poderiam ser cópias de obras célebres ou composições próprias, passando por toda uma gama de estudos de crescentes dificuldades. O relevo Adão e Eva e as cópias das Vênus de Médicis e Vênus Calipígia são obras que demonstraram o extraordinário esforço exigido pela Congregação. Realmente eles revelam conhecimento no tratamento específico do mármore.

Outras obras italianas do autor encontram-se entre as suas melhores criações. Nos bustos, Bernardelli alcançou pleno domínio conceitual e técnico, especialmente em Checa, no Dr. Montenovesi, no Visconde de Araguaia, em Cristo e no Criado do Artista, em que ele expressou, além da representação figurativa, um certo prazer na execução em si, que vamos notar em outros retratos feitos no Brasil com a mesma simplicidade agradável já observada. Entre estes, citaremos o busto do pintor Oscar Pereira da Silva.

Formado sob a orientação neoclássica, Bernardelli absorveu esse espírito e suas primeiras produções são típicas. No Santo Estêvão encontraremos uma figura em estilo renascentista florentino quatrocentesco, com membros alongados e acabamento apurado.

O artista tinha preferência por essa obra, escolhida por ele para encimar seu túmulo.

Ao retornar, suas esculturas foram muito bem recebidas, justamente no momento de mudanças profundas na sociedade brasileira, devido à libertação dos escravos e à Proclamação da República. A nova classe dirigente reclamava um artista que correspondesse e representasse a exaltação progressista do momento. Bernardelli, na escultura, atendia àquelas aspirações.

Rodolfo Bernardelli, em sua atuação didática, será um dos reformadores do ensino artístico em nosso meio e o primeiro diretor, na República, da recém-denominada Escola Nacional de Belas Artes.

Sua liderança se faz notar especialmente quando da construção e transferência da escola para o edifício da Avenida Central, em local privilegiado, cujo risco pertence a Adolfo Morales de Los Rios".
Luiz Rafael Viera Souto
Souto, Luiz Rafael Viera. Texto transcrito do Boletim do MNBA, jul./ago./set. 1980.

"Se, de fato, fossem comparadas as produções de Bernardelli e Chaves Pinheiro, pareceria óbvio que a Revista tinha razão em considerar o primeiro como parâmetro para a escultura brasileira. Pegue-se, por exemplo, a Faceira, de Bernardelli, e Índio, Figura Alegórica do Império Brasileiro, de Pinheiro. O caráter explicitamente alegórico da segunda obra não justifica de maneira alguma o hieratismo da figura do índio, que acaba reforçando as excessivas ligações de Chaves Pinheiro com a estatuária européia mais conservadora. Já Faceira, com sua sinuosidade estrutural que realça ainda mais a sensualidade da figura que representa naturalisticamente uma índia, bem demonstra a liberdade de Bernardelli em dosar com sua individualidade o frio repertório da estatuária carioca do Segundo Império.

Mesmo no grupo escultórico Cristo e a Adúltera, de 1885, Bernardelli conseguiu dar individualidade ao trabalho, apesar de todo convencionalismo requerido pelo próprio tema. O contraste fundamental entre o tratamento despojado e vigoroso da figura de Cristo - evidenciado pela quase inexistência de drapeados em suas vestes, o que lhe confere ainda mais força - e o refinado sentido dramático conseguido na postura e no tratamento da superfície da figura da adúltera, confere a Bernardelli uma qualidade como escultor que o colocava, de fato, bem acima de seus pares brasileiros.

A admiração da Revista pelas produções de Bernardelli aos poucos foi se transformando em adesão incondicional. Tornou-se a grande defensora do artista, quer na continuidade dos elogios reiterados que dispensava a ele, quer no intuito de sempre querer demonstrar que Bernardelli era o melhor escultor brasileiro".
Tadeu Chiarelli
Chiarelli, Tadeu. Rodolfo Bernardelli. Skultura, São Paulo, n.31, inverno de 1990.

"O Cristo, de Bernardelli, é um tipo judaico, humano, real; não relembra de forma alguma as antigas criações da escultura; não é uma inspiração da fé católica segundo a imposição dos dogmas; não é um transcendente tipo místico, tal como criara Leonardo da Vinci ou o imaginara o beatífico Fiesole. Nisso vai o valor da sua estátua. Para fazê-lo como o idealizaram os mestres do passado e do Renascimento fora necessário que o meio atual em que o artista vive tivesse decaído para a fervorosa fé do tempo dos mártires, e, portanto, que Bernardelli fosse um originalíssimo estacionário. Mas, também, não é uma criação propriamente sua, tipo desencavado das grossas camadas dos tempos e ressurgido aos nossos olhos pelo fiat criador de talento extraordinário. Assim, como ali o vemos, já o tinham concebido muitos mestres, tornando-se mais notável, entre todos, o célebre Delacroix.

A composição desse grupo é bela e moderna. A figura do Cristo, apresentada em grandeza superior ao natural, tem bastante imponência e serenidade, a expressão do seu rosto, os gestos de seus braços são verdadeiros e denotam muita observação.

O corte é seguro, delicado, meticuloso; nos menores contornos, nas linhas mais difíceis, mais sutis, nas massas menos espessas, não se lhe encontra uma falha, e, por isso, o detalhe forma um dos caracteres da sua obra.

A clâmide que o Cristo veste foi tão minuciosamente talhada, foi tão escrupulosamente observada, que a ilusão é completa; a carnação atinge o maior grau do modelado a que é possível chegar a escultura.

Daí conclui-se que Bernardelli é um realista, tendo por única preocupação a verdade, qualidade esta que se manifesta da mesma maneira no esboço em gesso do Santo Estêvão".
Gonzaga Duque
Duque, Gonzaga. A arte brasileira. Campinas: Mercado de Letras, 1995. p.244-245.

Exposições Coletivas

s.d. - Rio de Janeiro RJ - Galeria Irmãos Bernardelli, no MNBA 
1870 - Rio de Janeiro RJ - 21ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba
1872 - Rio de Janeiro RJ - 22ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - medalha de prata
1875 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - medalha de ouro
1876 - Filadélfia (Estados Unidos) - Exposição Internacional da Filadélfia - Prêmios com as obras Saudade da Tribo e À Espreita
1876 - Rio de Janeiro RJ - 24ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - prêmio de viagem ao exterior e 1ª medalha de ouro
1878 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Industrial Fluminense, apresenta a obra David, Vencedor de Golias
1879 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba
1883 - Roma (Itália) - Esposizione Artística Internazionale di Roma
1884 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba
1884 - Turim (Itália) - Exposição de Turim
1890 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1893 - Chicago (Estados Unidos) - Exposição de Chicago - Palma de Louro, com a obra Cristo e a Adúltera
1894 - Rio de Janeiro RJ - 1ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1895 - Rio de Janeiro RJ - 2ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1897 - Rio de Janeiro RJ - 4ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1898 - Rio de Janeiro RJ - 5ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1901 - Rio de Janeiro RJ - 8ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1903 - Rio de Janeiro RJ - 10ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1904 - Rio de Janeiro RJ - 11ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1908 - Rio de Janeiro RJ - 15ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1909 - Rio de Janeiro RJ - 16ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1919 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Carioca de Gravura e Água-Forte
1927 - Rio de Janeiro RJ - 34ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de honra
1928 - Rio de Janeiro RJ - 35ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1928 - São Paulo SP - Grupo Almeida Júnior, no Palácio das Arcadas

Exposições Póstumas

1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição retrospectiva dos irmãos Bernardelli em comemoração do centenário de nascimento do escultor Rodolfo Bernardelli
1970 - São Paulo SP - Pinacoteca do Estado de São Paulo 1970
1978 - São Paulo SP - A Arte e seus Processos: o papel como suporte, na Pinacoteca do Estado
1982 - São Paulo SP - Um Século de Escultura no Brasil, no Masp
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1990 - Rio de Janeiro RJ - Mostra, na Sala Dorival do Prado Valladares, no MNBA
1991 - São Paulo SP - O Desejo na Academia: 1847-1916, na Pinacoteca do Estado
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
1998 - Rio de Janeiro RJ - Imagens Negociadas: retratos da elite brasileira, no CCBB
2000 - São Paulo SP - Escultura Brasileira: da Pinacoteca ao Jardim da Luz, na Pinacoteca do Estado
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2002 - São Paulo SP - Imagem e Identidade: um olhar sobre a história na coleção do Museu de Belas Artes, no Instituto Cultural Banco Santos

Fonte: Itaú Cultural

Veja também