Revert Henrique Klumb

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Biografia

Revert Henrique Klumb (Alemanha 183? - s.l. ca.1886)

Fotógrafo.

Assim como outros fotógrafos que atuam no Brasil no século XIX, pouco se sabe a seu respeito antes de 1852, quando se instala no Rio de Janeiro. Entre 1855 e 1862, realiza diversas vistas estereoscópicas da capital imperial e é, provavelmente, o introdutor desse processo no país. Em 1860, é condecorado com uma menção honrosa na 14ª Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba). No ano seguinte, documenta a inauguração da primeira estrada de rodagem brasileira, a União-Indústria, ligando Petrópolis, no Rio de Janeiro, à cidade mineira Juiz de Fora, e recebe o título de Fotógrafo da Casa Imperial. Em 1866, transfere-se para Petrópolis e passa a dar aulas de fotografia para a princesa Isabel (1846-1921). Além de retratar uma clientela nobre, Klumb é conhecido pelas paisagens e por registrar plantas, aves e naturezas-mortas, temas pouco comuns na fotografia oitocentista. Publica, em 1872, Doze Horas em Diligência. Guia do Viajante de Petrópolis a Juiz de Fora, um dos primeiros livros de fotografia editados no Brasil, com textos e fotos de sua autoria. Nos anos 1860 e 1870, mantém sociedade com Paul T. Robin no estabelecimento Photographia Brazileira. Por volta de 1885, muda-se para Paris com a família, mas, no ano seguinte, devido a problemas financeiros, solicita passagens de volta ao Brasil à imperatriz dona Teresa Cristina (1822-1889). O pedido é deferido. No entanto, não se sabe se retorna a Salvador, como pretendia, ou se permanece na Europa.

Comentário Crítico

Ao lado de Auguste Stahl (1824-1877) e Marc Ferrez (1843-1923), Revert Henrique Klumb é considerado um dos mais importantes fotógrafos paisagistas que atuam no Brasil no século XIX. Além de trabalhar em estúdio, produz vistas urbanas do Rio de Janeiro, Petrópolis e da estrada União-Indústria e registra intensamente a flora local.

Klumb é o primeiro fotógrafo a documentar a paisagem carioca de maneira ampla e sistemática. Possivelmente entre 1855 e 1862, realiza cerca de 200 imagens estereoscópicas mostrando a capital do império ainda com feições coloniais. Registra o Passeio Público antes da reforma iniciada em 1862, a Floresta da Tijuca, o Jardim Botânico, edifícios públicos, monumentos históricos, vistas gerais da cidade e cenas urbanas com o movimento das ruas.

As imagens panorâmicas feitas do alto dos morros lembram o caráter descritivo da pintura holandesa do século XVII. No Passeio Público e no Jardim Botânico, a figura humana está quase sempre presente, apresentada de maneira diminuta em relação à exuberância da flora, que remete à noção do sublime, presente na pintura romântica do século XIX.

Outros temas enfocados por Klumb o singularizam em relação à fotografia oitocentista brasileira. Por volta de 1860, ele retrata lavadeiras na Floresta da Tijuca e registra uma procissão em frente à capela imperial, o que demonstra seu interesse pelo cotidiano da cidade. Fotografa aves e plantas nos jardins da residência da princesa Isabel (1846-1921), naturezas-mortas e, por encomenda do imperador dom Pedro II (1825-1891), os interiores do Palácio de São Cristóvão.

Críticas

"Não podemos silenciar um nome como o do alemão Revert Henrique Klumb, fotógrafo de Suas Majestades Imperiais e da Academia Imperial das Belas Artes, chegado ao Brasil em 1852 ou 1853 e estabelecido no Rio desde 1855. (...) Já em 1855 Klumb andava fotografando aspectos do Rio de Janeiro e de Petrópolis. Esta última cidade o encantou tanto que em 1859 ele ali se estabeleceu definitivamente. Ampliando suas atividades, tirava retratos de personagens ilustres que lá iam veranear e organizava exposições de trabalhos seus, onde o visitante, ao pagar a entrada, adquiria ´o direito´ a um exemplar do seu retrato em quadro que se entregará três dias depois de tirado. Klumb fixou vários aspectos da cidade serrana e de seus arredores, e a respectiva lista vem divulgada num livro in-oitavo, editado lá mesmo, sob o título de 'Petrópolis e seus arrabaldes, tiradas por R. H. Klumb, fotógrafo de S. S. M. M. I. I.'. Algumas dessas fotografias serviam para ilustrar o delicioso e raro livrinho 'Viagem pitoresca a Petrópolis' por ***, atribuído a Carlos Augusto Taunay, e o raríssimo 'Doze horas em diligência, guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora', por Rt. H. Klumb, Rio, 1872".
Gilberto Ferrez
Ferrez, Gilberto. A fotografia no Brasil: 1840-1900. 2. ed. p. 26.

"Um dos mestres maiores da nossa fotografia, Revert Henrique Klumb recebeu o título de Photographo da Casa Imperial a 24 de agosto de 1861, quando ainda residia no Rio de Janeiro. Exímio paisagista, realizou algumas das fotografias mais radicalmente inovadoras de seu tempo como os closes de plantas e de aves nos jardins do palácio da Princesa Isabel e do Conde d'Eu, em Laranjeiras. Contudo, Klumb celebrizou-se como o autor de cenas noturnas que encantavam seus contemporâneos mas não passavam de ardilosas trucagens... Abstração feita a este episódio de caráter anedótico, Klumb deve ser louvado como um dos mais extraordinários paisagistas brasileiros. Seu talento neste campo foi admiravelmente condensado na obra 'Doze horas em diligência, guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora' de 1872, um dos raríssimos exemplos de livros ilustrados com fotografias realizadas no Brasil oitocentista. (...) Sua contribuição, vasta e de impressionante qualidade, ainda está por merecer uma monografia amplamente ilustrada capaz de lhe fazer justiça".
Pedro Vasquez
Vasquez, Pedro. Mestres da fotografia no Brasil: Coleção Gilberto Ferrez. p. 33-34.

Acervos

Coleção Dom Pedro de Orleans e Bragança - Rio de Janeiro RJ
Coleção Gilberto Ferrez - Rio de Janeiro RJ
Coleção Biblioteca Nacional - Rio de Janeiro RJ
Coleção Dom João de Orleans e Bragança - Petrópolis RJ
Acervo Museu Histórico Nacional - Rio de Janeiro RJ
Acervo MAM/RJ - Rio de Janeiro RJ
Acervo Instituto Moreira Salles - São Paulo RJ

Exposições Coletivas

1860 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - menção honrosa
1875 - Petrópolis RJ - Exposição de Horticultura

Exposições Póstumas

1976 - Nova York (Estados Unidos) - Pioneer Photographers of Brazil 1840/1920, no The Center for Inter-American Relations
1985 - Rio de Janeiro RJ - Dom Pedro II e a Fotografia no Brasil, na Casa do Bispo
1986 - Paris (França) - La Photographie Bresilienne au Dix-Neuvieme Siecle, no Mairie du XIV e Arrondissement
1987 - Rio de Janeiro RJ - Fotografias. Collecção D. Thereza Christina Maria, na Biblioteca Nacional
1992 - Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro: retratos da cidade 1840/1992, no CCBB
1993 - São Paulo SP - A Fotografia no Brasil do Século XIX : 150 anos do fotógrafo Marc Ferrez 1843/1993, na Pinacoteca do Estado
1995 - Rio de Janeiro RJ - Mestres da Fotografia no Brasil: Coleção Gilberto Ferrez, no CCBB
1997 - Buenos Aires (Argentina) - A Coleção do Imperador: fotografia brasileira e estrangeira no século XIX, no Museo Nacional de Bellas Artes
1997 - Rio de Janeiro RJ - A Coleção do Imperador: fotografia brasileira e estrangeira no século XIX, no CCBB
1997 - São Paulo SP - A Coleção do Imperador: fotografia brasileira e estrangeira no século XIX, na Pinacoteca do Estado
2000 - Brasília DF - O Século XIX na Fotografia Brasileira: coleção Pedro Corrêa do Lago, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty
2000 - Porto (Portugal) - A Coleção do Imperador: fotografia brasileira e estrangeira no século XIX, no Centro Português de Fotografia
2000 - São Paulo SP - Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal
2001 - Belém PA - Fotógrafos Alemães no Brasil do Século XIX, no Museu de Arte do Belém
2001 - Rio de Janeiro RJ - Fotógrafos Alemães no Brasil do Século XIX, no Instituto Goethe
2003 - Rio de Janeiro RJ - Revert Henrique Klumb: fotógrafo da Casa Imperial, no Instituto Moreira Salles

Fonte: Itaú Cultural

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