Pedro Peres

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Biografia

Pedro Peres (Lisboa, Portugal 1850 - Rio de Janeiro RJ 1923)

Pintor.

Pedro José Pinto Peres ainda criança, chega ao Brasil e ingressa no Liceu de Artes e Ofícios do Rio Janeiro por volta de 1865. Em 1868, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), sob orientação de Victor Meirelles (1832-1903) e Agostinho da Motta (1824-2878), entre outros. Tem como colegas Almeida Júnior (1850 - 1899), José Maria de Medeiros (1849-1925) e Augusto Duarte (1848-1888). Participa da Exposição Geral de 1875 como aluno da Aiba. Em 1879, apresenta A Elevação da Cruz e recebe distinção honorífica pela obra. No mesmo ano vai à Europa a estudos, retornando em 1881. Exibe vários trabalhos em 1884 e ganha a menção de Oficial da Ordem da Rosa. Executa, em 1885, A Princesa Isabel Entrega as Cartas da Liberdade. Entre 1889 e 1890 substitui Meirelles como professor interino da Aiba. Em 1910, expõe duas obras: Passeio Impedido e Previsão Dolorosa. Foi professor de desenho do Liceu e da Escola Normal. Neles, leciona até o fim da sua vida.

Comentário Crítico

O trabalho de Pedro Peres transita por importantes gêneros da produção artística do século XIX. Torna-se conhecido ao expor a pintura histórica A Elevação da Cruz, cujo tema, para o jornalista Félix Ferreira2, é um prólogo da Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles.

De fato, Peres recebe grande influência de Meirelles na Aiba. Observa-se na sua pintura um diálogo com aquela obra do mestre. Além do tema, ela também guarda afinidades com a Primeira Missa no aspecto cromático e na organização compositiva. Nas duas, o grupo principal da ação aparece em uma zona mais clara, rodeada por índios e jesuítas. No primeiro plano uma árvore solitária emoldura um lado da tela, contrapondo-se à densidade da mata fechada que aparece no lado oposto.

Embora essa obra projete o nome de Peres, é na produção de retratos e cenas de gênero - representações de fatos cotidianos - que ele tem sua mais destacada produção. Quanto aos retratos, o crítico de arte Gonzaga Duque (1863-1911) afirma que o pintor "os faz por uma maneira fora do comum. Procura entrar na intimidade dos seus retratados, buscar-lhes a nota, o característico"3. Quanto às cenas de gênero, Peres se alinha aos demais artistas brasileiros da sua geração, produzindo representações do universo brasileiro, anedóticas ou moralizantes, e contribui na difusão de um imaginário nacional oitocentista.

Notas
1 Existe uma divergência quanto a data de nascimento de Pedro Peres. Alguns autores indicam que o artista nasce em 1841. Outros assumem 1850 como a data mais provável. Adota-se aqui esta data como a mais provável em razão de um contexto do período: se Peres nasce em 1841, ingressa na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro somente aos 27 anos, idade bastante incomum para o período. Ademais, não há referência de autor algum sobre o fato de Peres ser mais velho do que os outros alunos da Aiba.
2 FERREIRA, Félix. Belas Artes: estudos e apreciações. Rio de Janeiro:Baldomero Carqueja Fuentes Editor, 1885.
3 ESTRADA, Luiz Gonzaga Duque. A arte brasileira. Campinas: Mercado de Letras, 1995.

Críticas

"Em retratos tem produzido obras dignas de estima e menção. O seu ultimo quadro - Primeira Destribuição de Cartas de Liberdade, no Paço Municipal - é um engenhoso agrupamento de retratos perfeitamente pintados. Mas é preciso notar, Pinto Peres não faz retratos como todos fazem ou são capazes de fazerem. Se assim fosse elle não teria o nome de um bom retratista. Elle os faz por uma maneira fora do commum; procura entrar na intimidade de seus retratados, busca-lhes a nota, o caraterístico, a feição typica, a pressão physionomica. É n´isto que está a grande difficuldade, e dela o Peres desdenha porque conhece-lhe o segredo".
Gonzaga Duque, 1888
DUQUE, Gonzaga. A arte brasileira: pintura e esculptura. Rio de Janeiro: s. ed. , 1888.

"Discípulo preferido de Vítor Meireles foi Pedro José Pinto Peres (...). Via o mestre condições excepcionais no jovem aluno. Sua obra é numerosa, tanto no período à viagem ao estrangeiro como à sua volta. Foi um trabalhador constante e dedicou-se com entusiasmo à sua arte. Não conseguiu, porém, atingir importância à altura do mestre que tanto admirou e cuja obra parece sempre servir-lhe de guia, conforme se constata em Elevação da Cruz em Porto Seguro, tema que muito se aproxima da Primeira Missa no Brasil de Vítor Meireles. (...) Destacam-se em sua obra o esboço arrojadamente lançado para a Última Corrida de Touros em Salvaterra, cuja inspiração lhe veio do livro de Rebelo da Silva. Estagia na Europa entre 1879 e 1881, quando colhe boa experiência na visita aos museus. Em seguida executa Fuga para O Egito, de composição inegavelmente original em que o amplo terreno deserto realça as diminutas proporções das figuras. (...) A execução não corresponde, entretanto à inspiração singular do artista. Outros quadros melhor demonstram suas possibilidades: Lição de Bondade (1884), A Princesa Isabel entre Cartas de Liberdade (1885) e Freqüentador de Ateliê".
Quirino Campofiorito
CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.

Exposições Coletivas

1875 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba
1879 - Rio de Janeiro RJ - 25ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba - medalha de ouro
1884 - Rio de Janeiro RJ - 26ª Exposição Geral de Belas Artes, na Aiba
1885 - Rio de Janeiro RJ - Loja Laurent de Wilde: mostra inaugural, na Loja Laurent de Wilde
1890 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1891 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1910 - Rio de Janeiro RJ - 17ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1916 - Rio de Janeiro RJ - 23ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

Exposições Póstumas

1943 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Pintura Religiosa, no MNBA

Fonte: Itaú Cultural

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