Mogens Osterbye

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Biografia

Mogens Osterbye (Copenhague, Dinamarca 1922 - São Paulo SP 1978)

Pintor e desenhista.

Moby estudou na Escola de Arte Decorativa e na Real Academia de Belas-Artes de Copenhague, com o pintor Kresten Iversen. Passa um período em Paris após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em seguida, sabe-se que viaja muito de navio pelo Oriente e pelo Atlântico, exercendo várias atividades. Seu primeiro paradeiro no Brasil é o Recôncavo Baiano, por volta de 1955. Termina por fixar-se em São Paulo, onde participa do 1º Salão do Trabalho, em 1962. Na mesma cidade, expõe na Galeria Astréia, em 1963, no Clube Escandinavo de São Paulo, em 1964, e na Galeria de Arte da Casa do Artista Plástico, em 1965. No Rio de Janeiro, realiza uma individual na Galeria Goeldi, em 1966. No ano seguinte, participa de mostras na Galeria Atrium e, em 1971, no Paço das Artes, ambas em São Paulo. Nessa época, já tem o reconhecimento de críticos como José Geraldo Vieira (1897 - 1977) e Quirino da Silva, mas é o físico e intelectual Mário Schenberg (1914 - 1990) quem mais divulga e compra seus trabalhos, reunindo uma coleção de aproximadamente 200 quadros. Ele escreve, em 1979, menos de um ano após a morte de Moby, o texto de apresentação para uma retrospectiva no Paço das Artes, São Paulo. Em 1984, a Galeria Cultura, São Paulo, homenageia o pintor com uma individual intitulada Vibração de Negritude. Em 1996, seu trabalho é incluído na exposição O Mundo de Mário Schenberg, na Casa das Rosas, São Paulo.

Comentário Crítico

Moby faz surgir suas figuras com pinceladas grossas e expressivas e muitas cores. Contrasta os tons escuros com rosas, roxos e azuis, às vezes amarelos e verdes amarelados. Sua obra está claramente ligada ao expressionismo. Seus comentadores o relacionam com Edvard Munch (1863 - 1944) e Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), mas também com Pablo Picasso (1881 - 1973), Paul Gauguin (1848 - 1903), Cândido Portinari e Di Cavalcanti. Os primeiros, em razão de seu traço violento e suas cores estridentes, os segundos, de suas mulatas monumentais.

Ele próprio se diz um viking e, segundo o físico e crítico Mário Schenberg (1914 - 1990), é por ser marinheiro e portanto por se identificar facilmente com figuras populares que sabe se aproximar com tanta veracidade do povo brasileiro. Schenberg, que divulga e coleciona sua obra, diz que Moby vê um Brasil negro que os artistas brasileiros não conseguem ver e que descobre um expressionismo brasileiro. Suas mulatas são figuras gigantescas e fortes, ora formadas unicamente por curvas exageradas, ora quase figuras primitivas quadradas, lembrando algumas mulheres de Picasso. Ainda de acordo com Schenberg, são ao mesmo tempo telúricas e mágicas.1

Mas Moby também pinta cenas urbanas, em que deixa aflorar toda a tensão da vida numa metrópole. Em O Bonde do Paraíso, de 1961, sempre com contrastes de cor e pinceladas vigorosas, muitas pessoas sem rosto e de cor fantasmagórica encontram-se dentro e ao redor do bonde iluminado em meio à cidade escura. Brincando, de 1963, é uma cena de circo iluminada, com cortinas que são também cabelos de uma menina cujos olhos vidrados são trapezistas desenhados com pinceladas pretas e grossas. O pintor ainda faz alguns quadros religiosos. Um exemplo é um Cristo de 1963, com o corpo crucificado completamente retorcido, sem rosto e cujo crânio parece a cabeça de uma ave. A cruz está de lado, à esquerda e, no fundo do quadro, abaixo da figura religiosa, há um chão vermelho em que se amontoam várias pequenas pessoas, desenhadas rudemente, à maneira das crianças.

Nota
1SCHENBERG, Mario. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988, p. 143.

Críticas

"(...) É digno de nota que as imagens mais poderosas e verdadeiras da humanidade brasileira nos tenham sido dadas por dois marinheiros, Pancetti e Moby, talvez pela sua identificação profunda com as figuras populares. Ambos nos deixaram séries fascinantes de auto-retratos e também de outros retratos, que muitas vezes enriquecem também a arte mundial. (...) O futuro reconhecerá certamente que Moby foi o criador de um tipo novo de expressionismo brasileiro, nascido de sua descoberta de um Brasil negro, infinitamente distante dos aspectos pitorescos, sentimentais ou folclóricos que outros viram. Caberia a um autêntico viking apreender a tremenda exuberância telúrica do Brasil negro, na sua grandiosidade mágica e tântrico-dionisíaca, tão distante da sensibilidade latina, da sua civilização requintada e de sua sutileza intelectualista, que têm predominado em quase toda a nossa arte contemporânea. Moby sentiu visceralmente o esgotamento do mundo ocidental e pôde discernir a tremenda energia latente do Brasil sob o verniz ocidentalista. Conseguiu exprimir as suas intuições e premonições pela potência da sua cor-matéria-energia e o seu senso escultural-arquitetônico das figuras femininas".
Mário Schenberg
SCHENBERG, Mário. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988.

Exposições Individuais

1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Goeldi

Exposições Coletivas

1962 - São Paulo SP - 1º Salão do Trabalho

Exposições Póstumas

1996 - São Paulo SP - O Mundo de Mário Schenberg, na Casa das Rosas

Fonte: Itaú Cultural

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