Mário Navarro da Costa

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Biografia

Mário Navarro da Costa (Rio de Janeiro RJ 1883 - Florença, Itália 1931)

Pintor,  desenhista.

No Rio de Janeiro, tem aulas particulares com José Maria de Medeiros (1849-1925) e Rodolfo Amoedo (1857-1941). Estréia como pintor em 1905, expondo no Salão Nacional de Belas-Artes - SNBA três telas que passam despercebidas da crítica, o que já não ocorre no Salão de 1907, quando recebe menção honrosa. Participa diversas vezes do Salão nas duas primeiras décadas do século XX, é premiado em 1912, 1913 e 1920. Realiza sua primeira exposição individual em 1910, na Galeria de Arte da Associação dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro. Em 1912 e 1913, participa dos salões organizados pela Sociedade Juventas, núcleo da futura Sociedade Brasileira de Belas-Artes. Em 1914 apresenta sua segunda individual, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. No mesmo ano ingressa na carreira diplomática, transfere-se para Nápoles, Itália, e freqüenta a Accademia di Belle Arti e os ateliês de Ulrico Pistilli e Attilio Pratella (1856-1949). Com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), é transferido para o consulado brasileiro em Lisboa e integra-se à vida artística e cultural da cidade.

Participa das exposições anuais da Sociedade Nacional de Belas-Artes em 1916 e 1917. Ainda em 1917 é realizada, na Galeria da Misericórdia do Porto, uma mostra com cerca de 50 óleos e alguns pastéis com temas portugueses. Permanece por um ano em Paris, e entra em contato com obras do impressionismo e do fauvismo. Por volta de 1916, é nomeado cônsul do Brasil em Munique, onde trava contato com a pintura alemã do período. Retorna para o Rio de Janeiro em meados da década de 1920. Em 1926, promove uma exposição com telas trazidas da Europa. Funda, com outros artistas, a Associação de Artistas Brasileiros, da qual é o primeiro presidente. Falece em Florença em 1931, quando se preparava para assumir o consulado brasileiro em Livorno, Itália.

Comentário Crítico

Considerado um dos mais importantes pintores brasileiros de marinhas, Navarro da Costa trabalha, em toda sua carreira, com esse tipo de pintura em diferentes estilos, desde as mais veristas, nas quais explora em detalhes aspectos das atividades portuárias e pesqueiras, até as feitas sob influência do impressionismo ou do fauvismo, em que lida com a atmosfera e as cores da paisagem marítima.

A estada em Nápoles, Itália, embora tenha durado menos de um ano, é decisiva para o artista. Segundo o crítico e historiador da arte José Roberto Teixeira Leite, a convivência com o marinhista Attilio Pratella é marcante para Navarro da Costa, "e não seria demasiado vincular à maneira do pintor napolitano certos efeitos e empastamentos visíveis na arte do brasileiro".1

Quando se transfere para Lisboa, sua marinha italiana, Porto de Pozzuoli, em 1916, é contemplada com medalha de primeira classe na exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes portuguesa. Na vida artística de Lisboa, relaciona-se com os pintores Columbano (1857-1929), Souza Pinto (1856-1939), Carlos Reis (1866-1940) e José Malhoa (1854-1933). Este último executa até mesmo um retrato de Navarro da Costa. Durante sua estada em Lisboa, alcança notoriedade como pintor e expõe uma vasta produção realizada em Portugal, na Itália e no Brasil. Ao deixar Portugal, recebe do governo as insígnias de comendador da Ordem de São Tiago da Espada. Entre suas obras portuguesas, podem-se mencionar Velhos Barcos, Tranqüilidade, Velho Galeão, Roupas ao Sol, Barcos em Ruínas.

No período que passa em Paris, tem a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos de pintura e amadurecer a técnica pelo contato com a obra de artistas impressionistas e fauvistas, influências que se fazem em seu trabalho. Sua paleta torna-se mais luminosa, e o desejo de explorar a cor e a textura se acentua. São dessa época as obras O Sena em Saint-Germain-en-Laye, Pont Royal e Pont Solferino. Interessado em artes e pela atividade de diplomata que exerce, é quase certo que se tenha inteirado, na efervescente Paris do pós-guerra, das tendências estéticas do momento.

Nos anos em que permanece em Munique, realiza, em comparação a momentos anteriores, poucas obras. Viaja com freqüência, visita a Holanda e a Bélgica, e volta algumas vezes à Itália, onde produz parte significativa de sua obra. Em Veneza encontra importante fonte de inspiração e é a cidade que escolhe para retratar em diversas telas, aquarelas e desenhos, entre os quais se destacam Pérgola de Veneza, Casa de Tintoretto, Palácios do Gran Canale, Ponte de Santa Catarina, Veneza e Barcos.

Para Teixeira Leite, suas primeiras marinhas mostram nítida influência de Castagneto (1851-1900), porém norteada por um sentimento cromático mais intenso.2 Tecnicamente, utiliza o pincel e a espátula diretamente sobre a tela, procedimento que, segundo Quirino Campofiorito (1902-1993), é seguido por alguns jovens pintores da geração que o sucede.3

Notas
1 LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. p. 346.
2 Idem, ibidem.
3 CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983. p. 268-274.

Críticas

"Navarro da Costa tinha predileção especial pelos assuntos marítimos: a água, com seus movimentos, com seus reflexos, com suas cambiantes, o atraía. Adotou a técnica impressionista, uma espécie de ´pointillisme´ à Signac, para conseguir maior vibração luminosa. Sua preocupação absorvente era a luz e tudo lhe sacrificava, para conseguir maior intensidade: construção, propriedade da matéria e, às vezes, a própria perspectiva. Sua obra, no conjunto, pode ser monótona, mas trai incontestavelmente um emotivo, em quem o sol acendia lampejos de lirismo".
José Maria dos Reis Jr.
REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio de Oswaldo Teixeira. São Paulo: Leia, 1944.

"Navarro da Costa (...) engrandeceu sua obra até que ela se demonstrasse plena de expressividade plástica e unicamente inspirada na natureza marinha de que tirou os partidos mais variados. Teve sempre à sua vista, servindo aos pincéis ágeis e sensivelmente manejados e às tintas frescas e espontaneamente elaboradas, o mar e suas proximidades imediatas, sua luminosidade inebriante, sua atmosfera envolvente e denunciadora de distantes horizontes, sua cromaticidade pontilhada de vibrações, ora em tonalizações cinzas suavizantes das cores contrastantes, ora em verdadeiras sinfonias policrômicas realçadas na movimentação incessante dos reflexos ou nos plácidos espelhos d´água. (...) Nas pequenas superfícies, como nas grandes extensões de tela, teve sempre bem marcada sensualidade pictórica, tão cara aos pintores que depositam na própria técnica, na sofreguidão com que empregam suas tintas, na sutileza com que dispõem a pastosidade destas, a proposta essencial ou o poder comocional de sua arte. (...) Infenso aos efeitos fortuitos ou casuais, constrói com decisão e certa violência da pincelada, ou com o golpe de espátula, o conteúdo formal. É precisamente essa preferência pelas tintas solidamente argamassadas que o leva a escolher por vezes a espátula ao pincel, garantindo uma matéria pictórica muito rica e particularmente sedutora. Este aspecto singular da pintura de Mario Navarro da Costa atrai jovens pintores que lhe seguem o processo e mesmo se afeiçoam aos motivos marinhistas vindo a se destacar na geração que o sucede".
Quirino Campofiorito
CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.

Acervos

Círculo Artístico de Nápoles - (Itália)
Museu Antonio Parreiras - Niterói RJ
Museu de Arte Contemporânea - Lisboa (Portugal)
Museu Nacional de Belas  Artes - MNBA - Rio de Janeiro RJ
Museu Nacional de Lares dos Reis - Porto (Portugal)
Museu da República - Rio de Janeiro RJ
Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp
Pinacoteca do Palácio do Ingá - Niterói RJ

Exposições Coletivas

1905 - Rio de Janeiro RJ - 12ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1907 - Rio de Janeiro RJ - 14ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - menção de 1º grau
1912 - Rio de Janeiro RJ - 19ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de prata
1913 - Rio de Janeiro RJ - 20ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - pequena medalha de prata
ca.1915 - Lisboa (Portugal) - Coletiva, na Sociedade Nacional de Belas Artes - medalha de 1ª classe
ca.1916 - Munique (Alemanha) - Coletiva
1920 - Rio de Janeiro RJ - 27ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba - medalha de ouro
1925 - Rio de Janeiro RJ - 32ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba
1929 - Rio de Janeiro RJ - 36ª Exposição Geral de Belas Artes, na Enba

Exposições Póstumas

1974 - Rio de Janeiro RJ - O Mar, na Galeria Ibeu Copacabana
1978 - Rio de Janeiro RJ - Individual, no MNBA
1980 - São Paulo SP - A Paisagem Brasileira: 1650-1976, no Paço das Artes
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
1985 - São Paulo SP - 100 Obras Itaú, no Masp
1986 - São Paulo SP - Dezenovevinte: uma virada no século, na Pinacoteca do Estado
1989 - São Paulo SP - Pintura Brasil Século XIX: obras do acervo do Banco Itaú, na Itaugaleria
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura, no IEB/USP
1994 - São Paulo SP - Bienal Brasil Século XX, na Fundação Bienal
1994 - São Paulo SP - Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, na Pinacoteca do Estado
1995 - Campinas SP - Da Marinha à Natureza Morta
1998 - Rio de Janeiro RJ - Marinhas em Grandes Coleções Paulistas, no Museu Naval e Oceanográfico. Serviço de Documentação da Marinha
2000 - Porto Alegre RS - De Frans Post a Eliseu Visconti: acervo Museu Nacional de Belas Artes - RJ, no Margs
2001 - São Paulo SP - 30 Mestres da Pintura no Brasil, no Masp
2002 - Brasília DF - Barão do Rio Branco: sua obra e seu tempo, no Ministério das Relações Exteriores. Palácio do Itamaraty

Fonte: Itaú Cultural

Veja também