Florian Raiss

Obras de arte disponíveis

Florian Raiss - Quadrupede

Quadrupede

nanquim sobre papel
2011
21 x 30 cm

Biografia

Florian Raiss (Rio de Janeiro RJ 1955)

Desenhista, pintor, escultor.

Estuda na Accademia di Belle Arti di Firenze [Academia de Belas Artes de Florença], Itália, entre 1973 e 1974. Neste mesmo ano, ingressa na Accademia di Belle Arti di Roma [Academia de Belas Artes de Roma], onde permanece até 1975. Muda-se para o México, onde estuda desenho, entre 1975 e 1977, com Gilberto Aceves Navarro, na Academia de San Carlos da Universidad Nacional Autónoma de México - Unam [Universidade Nacional Autônoma do México], na Cidade do México. Realiza diversas mostras individuais em São Paulo. Participa de exposições coletivas no Brasil e no exterior (Alemanha, Suécia, Venezuela, Holanda, Portugal e Estados Unidos), com destaque para as mostras MAM na OCA, Arte Brasileira do Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, em 2006 e Modernos, Pós-Modernos, 80/90, em 2007, no Instituto Tomie Ohtake, também em São Paulo.

Comentário crítico

A obra de Florian Raiss começa com o desenho, para em seguida ganhar o espaço: "O desenho me levou à escultura, que surgiu como uma necessidade, como uma vontade de materializar figuras que eu tinha em mente." Para seus trabalhos tridimensionais, Raiss lança mão de diversos materiais, como bronze, argila policromada e baixo esmalte. Tanto no desenho quanto na escultura, estão presentes os homens quadrúpedes, a temática erótica, a figuração inscrita numa certa atmosfera fantástica ou bizarra. A historiadora da arte Aracy Amaral aponta um realismo doce, de clima insinuantemente perverso, nos personagens monstruosos de Florian Raiss. O curador Emanoel Araújo, por sua vez, enxerga nessas mesmas personagens animalescas sugestões do homem e dos seus desejos mais profundos e obscuros. Já o crítico Fernando Oliva identifica na obra de Raiss um dos assuntos por excelência da escultura barroca: o embate civilização versus natureza. E, ainda, a imposição da cultura versus a resistência do primitivo; a disputa entre a necessidade de contenção, de um lado, e o desejo animal e incontrolável, de outro. A produção de Raiss é marcada pela possibilidade do surgimento inesperado do fantástico, na qual é impossível isolar tanto o real do imaginário, quanto o passado do presente. Disso decorrem não somente os seres fantásticos, mas também a evocação da arte grega em desenhos e peças feitas com baixo esmalte.

Críticas

"A obra de Florian levanta a hipótese de que homens, embora tenham se livrado do feixe muscular, que ancestralmente lhes amarrava a caixa craniana, impedindo o aumento e largueza do seu cérebro, não atingiram, ainda hoje, a plenitude da compreensão cosmológica. Por isso tudo, o artista faz corpos quadrúpedes, sobre quatro patas, encimados por cabeças cujos semblantes diversos, com seus olhares variados, significam que nada valeu para a humanidade todo trabalho feito ou sonhado após milhares de anos. 
As obras suscitam também outra hipótese crítica, contrária à primeira, de que os quadrúpedes representam a imagem real dos homens ancestrais. Neste caso, as esculturas revelam que, desde o aparecimento do homem na Terra, ele persegue um objetivo, tenta levantar-se para entender e enfrentar o mundo de outra forma".
Radha Abramo
Abramo, Radha. Demasiado humano: Florian Raiss expõe cabeças e quadrúpedes. IstoÉ Senhor, n. 1080.

"Surgido na década passada, Raiss desde o início surpreendeu pela capacidade de juntar em sua produção em argila um alto grau de perícia artesanal a uma poética requintada e extremamente singular, pautada na filtragem sensível de ícones dos meios de comunicação de massa e da história da arte. As peças barrocas em sua dramaticidade formavam um contraponto contundente tanto à pintura satisfeita que se fazia na época quanto à produção tridimensional do período, presa aos ditames minimalistas e pós-minimalistas. 
A partir de seus primeiros trabalhos, o artista ampliou seu repertório, investindo numa mitologia menos afeita aos ícones mais conhecidos, mas optando, pelo contrário, à criação de formas bizarra, onde a figura do homem nunca esteve tão próxima de sua essência animal. Esses trabalhos em argila podem ser vistos agora justamente no contexto de sua produção bidimensional. Uma ótima oportunidade para que o público possa refletir sobre os caminhos percorridos e a percorrer por esse artista tão original".
Tadeu Chiarelli
Chiarelli, Tadeu. Florian inaugura exposição. O Estado de S. Paulo.

Depoimentos

"´... O desenho me levou à escultura, que surgiu como uma necessidade, como uma vontade de materializar figuras que eu tinha em mente. As primeiras esculturas foram rostos de atrizes de cinema. Era um pouco uma maneira de ir além da máscara, porque na foto elas são sempre retocadas. Aí fiz os retratos de quatro atrizes. Isso gerou a escultura. ´
Considerando o retrato como o ponto forte de seu trabalho, Florian preocupa-se em estabelecer uma identificação entre público e obra:
´... Eu poderia trabalhar mais a matéria em si, deixar o material mais aparente, mas o que interessa mesmo é chegar a essa forma muito próxima, uma forma realista. A intenção, na verdade, nem é tanto a de criar uma relação a nível estético só, mas é uma coisa de contato, de identificação. Eu quero que a obra seja uma presença para o espectador. Da mesma maneira como ele vê o trabalho, este também o percebe... ´"
Florian Raiss
IMAGENS de segunda geração. Apresentação de Ana Mae Barbosa. Texto de Tadeu Chiarelli. São Paulo: MAC/USP, 1987. p. 20.

Exposições Individuais

1984 - São Paulo SP - Individual, Mônica Filgueiras Almeida Galeria
1985 - Rio de Janeiro RJ - Individual, Centro Cultural Cândido Mendes
1986 - São Paulo SP - Individual, Galeria Mônica Filgueiras Almeida
1990 - São Paulo SP - Individual, Galeria Subdistrito
1991 - São Paulo SP - Individual, Galeria Subdistrito
1994 - São Paulo SP - Individual, Escritório de Arte Adriana Penteado
2000 - São Paulo SP - Individual, Galeria Francine
2002 - São Paulo SP - Individual, Galeria Francine
2003 - São Paulo SP - Individual, Mônica Filgueiras Galeria de Arte
2005 - Lisboa (Portugal) - Individual, Art Lounge
2005 - São Paulo SP - Individual, Mônica Filgueiras Galeria de Arte
2006 - São Paulo SP - Florian Raiss: obras recentes, Monica Filgueiras Galeria de Arte
2009 - São Paulo SP - Individual, Monica Filgueiras Galeria de Arte

Exposições Coletivas

1976 - Cidade do México (México) - Coletiva de esmaltes, Galeria da Escola Nacional de Artes Plásticas da Universidade do México
1981 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Artes Plásticas e Visuais, Paço das Artes
1982 - São Paulo SP - Áreas e Comentários, Paço das Artes
1984 - São Paulo SP - Áreas e Comentários, Paço das Artes
1984 - São Paulo SP - Arte Xerox Brasil, Pinacoteca do Estado
1987 - São Paulo SP - Imagens de Segunda Geração, MAC/USP
1988 - Berlim (Alemanha) - Workshop Berlim - São Paulo, Staatliche Kunsthalle
1988 - São Paulo SP - Workshop Berlim - São Paulo, Masp
1990 - Estocolmo (Suécia) - Viva Brasil Viva, Kulturhuset
1990 - São Paulo SP - Esculturas, Subdistrito Comercial de Arte
1991 - Caracas (Venezuela) - Brasil: la nueva generación, Fundación Museo de Bellas Artes
1991 - São Paulo SP - 22º Panorama de Arte Atual Brasileira, Museu de Arte Moderna
1992 - Caracas (Venezuela) - 1ª Bienal Barro de América, Museo de Arte Contemporáneo de Caracas Sofía Imber
1992 - São Paulo SP - João Sattamini/Subdistrito, Casa das Rosas
1993 - Alemanha - Art Frankfurt e Art Cologne, Galeria Delta
1993 - Amsterdã (Holanda) - Barro en América, Galeria Delta
1994 - Lisboa (Portugal) - Além da Taprobana: a figura humana nas artes plásticas dos países de língua portuguesa, Sociedade Nacional de Belas Artes
1994 - São Paulo SP - Ainda a Figura, MAM/SP
1995 - Rio de Janeiro RJ - Além da Taprobana: a figura humana nas artes plásticas dos países de língua portuguesa, Museu de Arte Moderna 
1995 - São Paulo SP - Anos 80: o palco da diversidade, Galeria de Arte do Sesi
1995 - São Paulo SP - Coletiva 34, Adriana Penteado Arte Contemporânea
1998 - São Paulo SP - O Moderno e o Contemporâneo na Arte Brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ, Museu de Arte de São Paulo
1999 - São Paulo SP - Dezenove Cabeças, Adriana Penteado Arte Contemporânea
2001 - Rio de Janeiro RJ - Espelho Cego: seleções de uma coleção contemporânea, Paço Imperial
2001 - São Paulo SP - 4ª Bienal Barro de América, Fundação Memorial da América Latina
2001 - São Paulo SP - Espelho Cego: seleções de uma coleção contemporânea, Museu de Arte Moderna
2003 - São Paulo SP - 2080, no Museu de Arte Moderna
2003 - São Paulo SP - Meus Amigos, Espaço MAM-Villa-Lobos
2003 - São Paulo SP - Palmo Quadrado, Associação Alumni
2005 - Belo Horizonte MG - Coletiva de Acervo 2005, Galeria Murilo Castro
2005 - São Paulo SP - Erotica: os sentidos na arte, Centro Cultural Banco do Brasil
2006 - Rio de Janeiro RJ - Erotica: os sentidos na arte, Centro Cultural Banco do Brasil
2009 - São Paulo SP - Branco & Preto, Galeria Daslu
2009 - São Paulo SP - Memorial Revisitado: 20 anos, Galeria Marta Traba

Fonte: Itaú Cultural

Veja também