Fernando Bento

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Biografia

Fernando Bento (Cabo Frio RJ 1954)

Pintor, escultor e artesão.

Filho de marceneiro naval português, Fernando Bento aprende o ofício com o pai. Sua formação como artista é autodidata. Inicia-se na pintura e depois parte para a exploração de outros suportes e materiais, como madeira, pregos e caneta esferográfica. Trabalha como assistente da artista Mira Schendel (1919 - 1988). Como artesão e técnico habilidoso, presta serviços para grandes nomes da arte contemporânea brasileira, resolvendo problemas na execução de seus trabalhos. Realiza poucas mostras, pois precisa de muito tempo para produção de uma única peça e não produz duas obras simultaneamente. Uma das exposições que marcam sua carreira é a individual na Galeria São Paulo, em 1997, pela qual recebe o prêmio de melhor exposição individual do ano da Academia Paulista de Críticos de Arte (APCA). Sua pesquisa com a esferográfica culmina com a instalação Atlântico (2001), também exposta da Galeria São Paulo.

Comentário Crítico

Mar e navegação são duas paixões de Fernando Bento que se manifestam em toda sua obra. Seja por meio da pintura, tendo como base a chapa de compensado naval, da exploração da cor e do movimento, das formas escultóricas ou ainda das questões que sua obra evoca a respeito da nacionalidade e da herança portuguesa.
Quando Bento apresenta individual na Galeria São Paulo (1997), sua obra se aproxima de produções do artista norte-americano Ad Reinhardt (1913 - 1967), conhecido por suas telas negras; do alemão Josef Albers (1988 - 1976), pelo uso de quadrados; e do polonês Roman Opalka (1931 - 2011), pelo uso dos números. "A diferença é que Opalka pinta números e Bento arranha a superfície da madeira com pequenas incisões verticais [como um presidiário na parede de uma cela]"1, ressalva o crítico Antônio Gonçalves Filho. Esse crítico, posteriormente, ao analisar as esculturas em madeira apresentadas em exposição na mesma galeria no ano seguinte (1998)2, menciona a influência que o artista recebe de Hélio Oiticica (1937 - 1980).
Em 2001, Fernando Bento realiza a mostra Atlântico, na Galeria São Paulo. Na instalação, o artista cobre toda a sala expositiva com uma grande extensão de tela recoberta com tinta de caneta esferográfica azul, convidando os visitantes a entrar num grande oceano pictórico.

Notas

1 Gonçalves Filho, Antônio. Fernando Bento muda o rumo da pintura. O Estado de São Paulo, São Paulo, 16 set. 1997. Cad. 2, p. D-7.
2 BENTO, Fernando. Fernando Bento. Texto Antonio Gonçalves Filho; fotografia Rômulo Fialdini; design Maria Helena Pereira da Silva; versão em inglês Margaret Clark Mack. São Paulo: Galeria de Arte São Paulo, 1998. [16p.] il. color.

Críticas

"É preciso parar diante de cada obra para gradativamente descobrir sob o requinte da feitura e a aparente contenção da forma circular uma amplidão que se estende além da materialidade do objeto. Entretanto não é na matéria - encobrindo e ao mesmo tempo revelando o vazio - que o artista encontra seu caminho expressivo, sua via é a da subtração e não a da adição. Ao olhar superficial, a beleza destes discos satisfaz imediatamente pelo colorido, pela textura, pela precisão da execução. São planos recortados em madeira, pintados em tinta acrílica ou metálica e ranhurados com a ponta de um prego. Não existe posição predeterminada para fixá-los à parede, o giro completo é admitido, são portanto obras mutáveis porque a cada colocação os resultados são outros. A forma geométrica e o rigor na feitura podem conduzir a uma apreensão errônea desta arte. Não se trata aqui de rigidez formal, de pura visualidade mas de uma organicidade finamente articulada, com elegância e complexidade semelhante à das nervuras de uma folha ou à da secção de um molusco".
Maria Alice Milliet
MILLIET, Maria Alice. Fernando Bento. Guia das Artes, São Paulo: Casa Editorial Paulista, v. 3, n. 14, p. 105, 1989.

"À procura de uma nova esfera de construção formal, Fernando Bento encontrou a autêntica fisionomia daquilo que um conhecido escritor brasileiro modernista definiu como culto estético, mas como atitude: a antropofagia cultural. Prescindindo do arcabouço teórico de que dispões artistas conceituais, bento constrói sua obra para provocar uma revisão de nossa herança colonial. Embora a formação dessa cultura híbrida tenha resultado de um acidente, qual seja, o descobrimento do país pelo espírito aventureiro dos navegantes, a obra de Fernando Bento é fruto de um projeto que elimina o fortuito. (...) Respeitando a existência de uma ordem própria em cada obra (...) instaura uma nova liberdade como resultado de sua experimentação. Do encontro entre antagonismos, do bugre com o caráter "flutuante" do descobridor, vago e impreciso como um rio calmo que se transforma numa cachoeira, para usar uma expressão do próprio Freyre, nasce uma obra mestiça, precisa como uma nau portuguesa e buliçosa como a rede do índio".
Antônio Gonçalves Filho
BENTO, Fernando. Fernando Bento. Texto Antonio Gonçalves Filho; fotografia Romulo Fialdini; design Maria Helena Pereira da Silva; versão em inglês Margaret Clark Mack. São Paulo : Galeria de Arte São Paulo, 1998. [16 p. ] il. color.

Exposições Individuais

1975 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Prado
1980 - Cabo Frio RJ - Individual, na Galeria Léa de Abreu
1981 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Figueiredo
1985 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Prado
1986 - Niterói RJ - Individual, na Galeria da UFF
1986 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Paulo Figueiredo
1989 - São Paulo SP - Individual, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
1989 - São Paulo SP - Individual, na Livraria Letra Viva -Sala Mira Schendel
1997 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte São Paulo - Prêmio APCA
1998 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte São Paulo
1999 - São Paulo SP - Inútil Mobília - Pinacoteca no Parque
2000 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte São Paulo
2003 - São Paulo SP - Latitude, na Gabinete de Arte Raquel Arnaud

Exposições Coletivas

1974 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão de Arte, no MAM/RJ
1980 - Limeria SP - 8º Salão de Arte Contemporânea de Limeira
1980 - Rio de Janeiro RJ - 3º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MNBA
1981 - Assis SP - 2º Salão de Artes Plásticas de Assis
1981 - Belo Horizonte MG - 13º Salão Nacional de Arte
1981 - Franca SP - 5º Salão de Artes Plásticas - Prêmio Aquisição
1981 - Marília SP - 2º Salão de Artes Plásticas de Marília
1981 - Novo Hamburgo SP - 1º Salão de Arte de Novo Hamburgo
1981 - Rio de Janeiro RJ - 4º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM/RJ
1981 - Santos SP - 8º Salão de Arte Jovem - Prêmio Aquisição
1981 - São João do Meriti RJ - 4º Salão Municipal de Arte S. J. de Meriti
1981 - São Paulo SP - 4º Salão Jovem de Arte Contemporânea
1982 - Belo Horizonte MG - 14º Salão Nacional de Arte, no MAP - Prêmio Economisa
1982 - Curitiba PR - 39º Salão Paranaense
1982 - Franca SP - 6º Salão de Arte de Franca
1982 - Piracicaba SP - 15º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba
1982 - Presidente Prudente SP - 5º Salão de Arte de Presidente Prudente
1982 - Santo André SP - 10º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, no Paço Municipal
1982 - São Paulo SP - 3º Salão Brasileiro de Arte da Fundação Mokiti Okada - Prêmio Aquisição
1982 - São Paulo SP - Artistas Premiados no Interior de São Paulo, no Paço das Artes
1982 - São Paulo SP - Coletiva dos Artistas Premiados, no MIS
1983 - São Paulo SP - 6ª Exposição de Arte Brasil-Japão
1986 - Niterói RJ - Na Ponta do Lápis, na Galeria de Arte UFF
1988 - Ribeirão Preto SP - 13º Salão de Arte de Ribeirão Preto, na Casa da Cultura de Ribeirão Preto
1992 - São Paulo SP - Polaridades x Perspectivas, no Paço das Artes
1994 - São Paulo SP - Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP, no MAC/USP
1995 - São Paulo SP - Bandeira, na Galeria de Arte do Sesi
1998 - São Paulo SP - Acervo Galeria de Arte São Paulo, no Escritório de Arte São Paulo

Fonte: Itaú Cultural

Veja também