Carlos Maximiliano Fayet

Obras de arte disponíveis

No momento não possuimos obras de Carlos Maximiliano Fayet em nosso acervo.
Você possui uma obra deste artista e quer vender?
Clique aqui e envie sua obra para avaliação.

Biografia

Carlos Maximiliano Fayet (Paraju ES 1930 - Porto Alegre RS 2007)

Arquiteto, urbanista, professor.

Conclui, em 1948, o curso de pintura na Escola de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, onde também faz os cursos de arquitetura, em 1953, e urbanismo, em 1955. Retorna à instituição em 1954 como assistente da cadeira de urbanismo e torna-se titular da cadeira grandes composições do curso de arquitetura, catedrático da cadeira de teoria e prática dos planos de cidades do curso de urbanismo; e responsável pelas cadeiras de arquitetura analítica, geometria descritiva e perspectiva e sombras na Escola de Artes. E atua intensamente no Seminário de Reforma de Ensino da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, em 1967.

No escritório, alterna projetos individuais e em parcerias, como o que desenvolve com o arquiteto Luiz Fernando Corona e vence o concurso público nacional de anteprojetos para o Palácio de Justiça de Porto Alegre, em 1953; e com Cláudio Luís Araújo, Moacyr Moojen Marques e Miguel Alves Pereira, com quem desenvolve o projeto da Refinaria Alberto Pasqualini, 1961, em Canoas, primeira instalação dessa natureza e desse porte da Petrobras no Rio Grande do Sul. Ao lado de Araújo, Carlos Eduardo Dias Comas e José Américo Gaudenzi, projeta a Central de Abastecimento - Ceasa de Porto Alegre, 1970/1974, cuja estrutura é calculada pelo engenheiro uruguaio Eladio Dieste. Essa obra sela a colaboração entre Fayet, Dieste e Araújo, com quem funda, em 1978, o escritório Equipe de Arquitetos, uma associação flexível que mantém a independência dos arquitetos que desenvolvem projetos em dupla ou individuais. O escritório atua basicamente no Rio Grande do Sul, com incursões em Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo, onde realiza o projeto Parque Ecológico da Guarapiranga, 1991, primeiro colocado no concurso público organizado pela Fundação Florestal e Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB.

Paralelamente às atividades docentes e do escritório, Fayet contribui intensamente para o desenvolvimento da profissão, participa do 1º Inquérito Nacional de Arquitetura, realizado pelo Jornal do Brasil, em 1962, além de congressos, seminários e instituições de classe. É diretor do Departamento de Urbanismo de Porto Alegre entre 1958 e 1959, chefe do Departamento de Planejamento de Porto Alegre de 1959 a 1963, vice-presidente do Departamento Nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil - DN/IAB, 1966-1967, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - Crea/RS no biênio 1976-1977, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - Confea, entre 1981 e 1985; presidente da Sociedade Brasileira de Planejamento, entre 1980 e 1982, e da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - Asbea, de 1984 a 1989.

Comentário crítico

Representante da terceira geração de arquitetos modernos no Brasil, Carlos Fayet radica-se em Porto Alegre, onde estabelece intercâmbios com países vizinhos do Cone Sul, como o Uruguai, que asseguram uma linguagem própria à sua obra construída.

No ano em que se forma em arquitetura, em 1953, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, ganha o concurso público nacional para o Palácio de Justiça de Porto Alegre. Realizado em parceria com Luiz Fernando Corona, o projeto, marcado pelo uso de pilotis e panos corridos de vidro, introduz em Porto Alegre a linguagem da chamada "escola carioca", revelando que sua arquitetura é inicialmente devedora dessa produção. Em 1961, no entanto, quando realiza com os escritórios liderados por Cláudio Luís Araújo, Moacyr Moojen Marques e Miguel Alves Pereira o plano diretor das áreas administrativas e os projetos dos edifícios da Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, Rio Grande do Sul, a proposta já traz as características que marcam a arquitetura moderna gaúcha, tais como a inédita preocupação paisagística, que os leva a preservar os bosques e a antiga sede da fazenda original e a prever o plantio de novas árvores no entorno da refinaria bem como o emprego pioneiro de pré-moldados nos galpões de manutenção.

Nos anos do regime militar, Fayet participa de inúmeros projetos de grande porte em todo o Brasil, entre os quais se destacam o Terminal Rodoaquaviário, 1978, realizado em Vitória em parceria com o arquiteto uruguaio Nelson Inda, e a Central de Abastecimento - Ceasa, 1970/1974, em Porto Alegre, considerado pelo historiador da arquitetura Hugo Segawa1  o melhor do gênero em todo o país. De fato, a solução desenvolvida por Fayet em parceria com os arquitetos Araújo, Carlos Eduardo Dias Comas e José Américo Gaudenzi é adotada pelo Ministério da Agricultura na Ceasa de Maceió e do Rio de Janeiro. Situado no entroncamento entre as principais rodovias de Porto Alegre, o projeto se destaca pelo sistema de cobertura, formado por abóbadas de tijolo armado de dupla curvatura, que vencem o vão livre de 25,4 metros do Pavilhão dos Produtores e abóbadas autoportantes, que vencem os 20 metros de vão livre do Pavilhão dos Comerciantes. O sistema é elaborado com a participação decisiva do engenheiro uruguaio Eladio Dieste, com quem Fayet e Araújo iniciam uma profícua colaboração. Dessa colaboração também fazem parte as Indústrias Menphis, 1976, construídas em Porto Alegre, com o emprego de concreto armado e lajes de tijolo armado que configuram uma cobertura em forma de tronco de pirâmide. O módulo de 10 x 10 metros adotado para a estrutura permite variações de altura e expansão horizontal, garantindo o isolamento térmico e a iluminação natural adequados. Ao lado de Araújo, projeta ainda vários edifícios residenciais e públicos, de escritórios e indústrias, como a Tramontina Forjasul, 1986/1993, em que o conforto ambiental das duas unidades industriais é garantido por um sistema de aberturas laterais e pátios internos ajardinados, que fornecem ventilação e iluminação natural.

Fayet atua na área de planejamento urbano em cidades gaúchas como Taquara, 1970, Caxias do Sul, 1970, Esteio, 1971, São Gabriel, 1972 e a catarinense Criciúma, 1972, e é autor do plano diretor do Delta do Jacuí, 1958, no Rio Grande do Sul. Além disso, dá consultorias para o planejamento de Florianópolis, 1976-1977, e desenvolve o plano regulador de uso do solo do litoral do Rio Grande do Sul, em 1982. O principal projeto do arquiteto nos anos 1990 é a reciclagem da área da gaúcha Estação Ferroviária de Carlos Barbosa, 1991/1994, desenvolvido em parceria com o arquiteto Sérgio Marques. A extensa área do entorno da desativada estação ferroviária é pensada como local para promoção de grandes eventos do município, bem como espaço de uso cotidiano e de lazer para a população. Para tanto propõe a implantação de novos equipamentos de natureza cultural, esportiva e social, construídos ao longo do tempo, de acordo com os recursos disponíveis.

Nota
1 SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil (1900-1990). São Paulo: Edusp, 1998, 224p., il.p&b., p. 173.

Fonte: Itaú Cultural

Veja também