Augustus Earle

Obras de arte disponíveis

No momento não possuimos obras de Augustus Earle em nosso acervo.
Você possui uma obra deste artista e quer vender?
Clique aqui e envie sua obra para avaliação.

Biografia

Augustus Earle (Londres, Inglaterra 1793 - Idem 1838)

Pintor, aquarelista e desenhista.

É sobrinho do famoso retratista americano Ralph Earl (1751 - 1801) e filho do pintor James Earle. Ingressa na Royal Academy of Arts [Academia Real de Artes] de Londres, em 1807. Em 1815, viaja para Malta, onde registra as paisagens. Conhece toda a costa do Mediterrâneo e, depois, vai a Gibraltar. Volta à Inglaterra em 1817 e, já em 1818, percorre os Estados Unidos durante dois anos. De lá, aporta no Rio de Janeiro, em 1820. Afora dois meses que passa no Chile e no Peru, permanece no Brasil até o início de 1824, sempre exercendo atividade artística. Tenta embarcar para a Índia. Seu navio aporta, devido a uma tempestade, em Tristão da Cunha, no Atlântico Sul. Após três dias ancorada, a embarcação parte, deixando o artista e um tripulante na ilha. Earle espera pela passagem de outro barco durante cerca de oito meses. Consegue ser recolhido e chega à Austrália, onde vive por três anos. Entre 1827 e 1830, vai à Nova Zelândia e à Índia, e, por fim, retorna a Londres. Em 1832, é engajado como desenhista na expedição do navio Beagle, da qual participa o naturalista Charles Darwin (1809 - 1882). Nesse mesmo ano Darwin e Earle passam tempos juntos no Rio de Janeiro, mas o artista deixa a expedição por motivos de saúde. Reside em Montevidéu durante cerca de dois anos e volta à Inglaterra provavelmente em 1834, onde se supõe que permaneça até a morte, cujo local e data são desconhecidos. Sabe-se que em 1838 expõe Um bivaque de viajantes na Austrália, na Royal Academy. 

Comentário crítico

Augustus Earle é um típico artista viajante do século XIX. Aventureiro, conhece diversas partes do mundo e registra as paisagens e costumes locais. Em 1830 e 1832 respectivamente, publica, na Inglaterra, um livro de esboços sobre a Austrália e um diário de suas estadas na Nova Zelândia e em Tristão da Cunha.

No Brasil, reproduz paisagens, cenas populares, retratos e espécimes de história natural. A maior parte dessas obras encontra-se na Austrália. Duas foram incluídas no livro Viagem ao Brasil, da pintora e escritora Maria Graham (1785 - 1842), de 1824. Da época da participação na expedição Beagle, restam três gravuras de paisagens urbanas e naturais do Rio de Janeiro e Salvador.

Segundo David James, seus desenhos e aquarelas podem ser comparados em qualidade aos de outros viajantes famosos, como Debret (1768 - 1848) e Rugendas (1802 - 1858) 1. Possui evidente domínio técnico: o desenho é correto nas proporções e perspectiva, como se vê em Largo do Paço por Volta de 1824, em que mostra a atividade cotidiana e a paisagem urbana da região do antigo cais do Rio de Janeiro. Em Entrudo, apresenta uma cena de Carnaval em um prostíbulo carioca, à qual consegue imprimir movimento por meio de linhas diagonais e representação de objetos dispersos. O comentador David James destaca, em sua obra, um caráter especificamente inglês, em função da liberdade com que trata os temas e na tendência à intensificação2, um certo exagero que ultrapassa o meramente documental. Ele compara Entrudo a pinturas da série A Rake´s Progress, do inglês William Hogarth (1697 - 1764).

Notas
1 JAMES, David. Um pintor inglês no Brasil do primeiro reinado. Revista do patrimônio histórico e artístico nacional, Rio de Janeiro, nº 12, 1955, p. 151.
2 Idem, p. 162.

Críticas

"As aquarelas brasileiras, feitas entre 1820 e 1824, podem ser divididas em quatro categorias: paisagens, cenas populares, retratos e espécimes de história natural. O primeiro grupo, vistas da baía do Rio de Janeiro, é interessante, porém não constitui exemplo marcante de pintura paisagísta britânica. Uma de suas vistas tem considerável importância histórica, porque mostra no primeiro plano, uma tripulação de marinheiros britânicos do navio de Lord Cochrane o amigo e patrono de Maria Graham. É nas cenas populares que Augustus Earle revela seu grande talento para captar a essência da vida da gente do povo, no momento em que o Brasil passava de colônia a Império. Seu estilo é mais pungente e mais vigoroso do que se revela na arte um tanto pálida do desenho de Debret. É evidente que Earle não se sentia tolhido nem contrafeito pelas concepções e preconceitos neo-clássicos que David havia impôsto a Debret e que por vêzes impedia o artista francês de desenhar com perfeita liberdade as cenas que se apresentavam a seus olhos. Há maior similaridade entre a obra de Earle e a de Rugendas".
David James
PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Apresentação de Antônio Houaiss. Textos de Mário Barata et al. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.

"De curiosidade e inquietação insaciáveis, parte em seguida a bordo do Beagle rumo à América do Sul, como desenhista da expedição de Charles Darwin. (...) Da permanência brasileira de Earle restaram unicamente duas dezenas de aquarelas e desenhos, conservados em sua maior parte na Commonwealth National Library de Canberra, na Austrália. São paisagens, cenas populares, retratos e desenhos documentais de História Natural, destacando-se as cenas populares, nas quais se revela o rival de Rugendas".
José Roberto Teixeira Leite
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.

Exposições Coletivas

1806/1815 - Londres (Inglaterra) - Expõe pinturas históricas e temas militares na Royal Academy of Art
1837 - Londres (Inglaterra) - Mostras na Royal Academy of Art
1839 - Londres (Inglaterra) - Mostras na Royal Academy of Art

Exposições Póstumas

1999 - Rio de Janeiro RJ - O Brasil Redescoberto, no Paço Imperial
2010 - São Paulo SP - 6ª sp-arte, na Fundação Bienal

Fonte: Itaú Cultural

Veja também