Alice Brueggemann

Obras de arte disponíveis

No momento não possuimos obras de Alice Brueggemann em nosso acervo.
Você possui uma obra deste artista e quer vender?
Clique aqui e envie sua obra para avaliação.

Biografia

Alice Brueggemann

Alice Brueggemann (Porto Alegre, 1917-2001) Nascida em 1917, em Porto Alegre, RS, veio a falecer, em 2001, na
mesma cidade. Em 1943, concluiu o curso de Artes Plásticas no Instituto de Belas Artes. Estudou pintura com Ado Malagoli, desenho e colagem com Luis Solari e serigrafia com Júlio Plaza. Em duas ocasiões foi presidente de associações de artistas: da Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, em 1964, e da Associação Cultural dos exalunos
do Instituto de Artes, em 1986. Dividiu ateliê com Alice Soares por mais de quatro décadas.

Arte, ofício de viver

Quando Alice Brueggemann começou a ter aulas de desenho e pintura, no início dos anos 40, nem ela própria poderia imaginar que sua longa vida estaria para sempre imantada pela arte, numa história de persistência e fidelidade. Era ainda impossível acreditar na carreira artística como atividade capaz de prover a sobrevivência material de alguém. Para as mulheres, então, uma opção deste tipo tinha um forte caráter de diletantismo.

Entretanto, as descobertas que fez durante sua formação no Instituto de Belas Artes – especialmente como discípula de Ado Malagoli –, numa época em que se confrontavam violentamente os valores acadêmicos e os modernos, tocaram-na, a ponto de acreditar na possibilidade de fazer do ofício de artista uma profissão. Assim, foi buscando caminhos próprios, fazendo escolhas, definindo sua identidade e dando vazão à riqueza de seu universo pessoal, sempre de modo parcimonioso. Para sustentar-se e manter a autonomia de suapesquisa artística, trabalhou como desenhista para o SESI (Serviço Social da Indústria) durante vinte e oito anos, sem jamais perder o fio que a conduzia invariavelmente de volta à arte.

Sua participação num sistema artístico ainda não inteiramente constituído, que apenas ensaiava formas de inserção no mercado, deu-se pela fiel parceria com amigos, como Alice Soares, sua alma gêmea, com quem dividiu por mais de quatro décadas um ateliê. Aliás, sua geração sempre incentivou a organização grupal como forma de superar as dificuldades de todos. Também atuou como professora na Escolinha de Arte criada pela amiga, a primeira no gênero no Estado, divulgando a importância da experiência artística e da fruição estética na formação integral do ser humano.

Embora tenha se mantido fiel à arte figurativa, aprendeu a capturar para suas pinturas e desenhos o que havia de mais misterioso no espírito moderno. E suas obras foram sendo impregnadas por uma melancolia ímpar, por uma atmosfera onírica, que, na maturidade das últimas décadas, tornou-se metafísica. Dotou suas magníficas naturezas-mortas de tamanha imaterialidade, que delas parece emanar luz. Alguns de seus quadros são configurações de tal forma simbólicas que extrapolam a dimensão do visível.

Passagem obrigatória para quem deseja tomar contato com a melhor parcela das artes visuais riograndenses, a beleza da poesia de Alice Brueggemann não pode ser relegada ao esquecimento. Sua parte nesse contrato ela já cumpriu: dedicou-se inteiramente a alimentar de transcendência nosso cotidiano difícil, nossa impossibilidade de comunicação com os outros, nossos dilemas diários. Deixou-nos seu olhar melancólico sobre o mundo, sua tristeza indisfarçável, sua densa introspecção.

As próximas gerações têm todo o direito de conhecer essas obras serenamente arquitetadas, que compõem um único projeto de vida. O compromisso que pesa sobre os ombros de todos os que se sentem responsáveis pela conservação e divulgação de obras de arte, como as de Alice Brueggmann, que se tornaram patrimônio público, é sempre o mesmo: fazer com que continuem existindo, com o mesmo vigor, e da forma como foram concebidas, e que possam periodicamente ser visitadas, como se visita um amigo querido, de quem temosmuita saudade.

Fonte: Neiva Bohns, professora e crítica de arte - Jornal do MARGS, nº 67, abril de 2001

Veja também