Victor Brecheret

Obras de arte disponíveis

Victor Brecheret - Nu Masculino

Nu Masculino

tinta china sobre papel
1940
42 x 28 cm
Victor Brecheret - Mulher Reclinada

Mulher Reclinada

tinta china sobre papel
1940
22 x 30 cm
Victor Brecheret - Nu Feminino

Nu Feminino

tinta china sobre papel
1948
30 x 21 cm
Victor Brecheret - Nu Feminino

Nu Feminino

tinta china sobre papel
c. 1940
42 x 28 cm
Victor Brecheret - Figura Feminina com Cavalo

Figura Feminina com Cavalo

nanquim sobre papel
32 x 21 cm
Victor Brecheret - Casal

Casal

desenho a lápis e sépia sobre papel
S/D
30,5x22 cm
Victor Brecheret - Mulher

Mulher

tinta china sobre papel
1951
30 x 22 cm
Victor Brecheret - Maquete do Painel "Moinho Santista"

Maquete do Painel "Moinho Santista"

escultura em bronze e madeira
13 x 19 cm
Victor Brecheret - Poisson Volant

Poisson Volant

escultura em bronze com pátina preta
déc. 1920/1930
28 x 14 x 5 cm (sem base)
Victor Brecheret - Nú Feminino

Nú Feminino

escultura em bronze polido
30 x 13 x 8 cm
Leilão de Arte Online

Biografia

Victor Brecheret (São Paulo SP 1894 - idem 1955)

Escultor.

Nascido "Vittorio Breheret" (sem a letra 'c' no sobrenome) numa pequena localidade não distante de Roma, filho de Augusto Breheret e Paolina Nanni, esta última falecida quando o pequeno Vittorio tinha apenas seis anos de idade. Foi abrigado pela família do tio materno, Enrico Nanni, e com sua família emigrou para o Brasil ainda na infância.

No Brasil, tornou-se "Victor Brecheret" e já com mais de trinta anos de idade recorreu à Justiça para inscrever seu registro nascimento tardiamente no Registro Civil do Jardim América (município de São Paulo). Assim Brecheret consolidava a sua nacionalidade brasileira, embora tivesse nascido na Itália. Este tipo de "regularização" era muito comum entre imigrantes italianos na primeira metade do século XX no Brasil.

Inicia formação artística em 1912, estudando desenho, modelagem e entalhe em madeira no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (Laosp). De 1913 a 1919, viaja a estudo para Roma, onde é aluno do escultor Arturo Dazzi (1881-1966). Retorna a São Paulo e instala ateliê no Palácio das Indústrias, em sala cedida por Ramos de Azevedo (1851-1928). É descoberto pelos modernistas Di Cavalcanti (1897-1976), Hélios Seelinger (1878-1965), Menotti del Picchia (1892-1988), Mário de Andrade (1893-1945) e Oswald de Andrade (1890-1954), que passam a divulgar sua obra. Em 1921, com bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo, viaja a Paris. Na capital francesa, entra em contato com os escultores Henry Moore (1898-1986), Emile Antoine Bourdelle (1861-1929), Aristide Maillol (1861-1944) e Constantin Brancusi (1876-1957). Alterna sua estada entre França e Brasil até 1936. Entre 1921 e 1929, expõe no Salon dAutomne, no Salon de la Société des Artistes Français - Section de Sculpture et Gravure sur Pierre e no Salon des Indépendents. Mesmo ausente do país, participa com 12 esculturas da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1932, torna-se sócio-fundador da Sociedade Pró-Arte Moderna (Spam). Inicia, em 1936, a execução do Monumento às Bandeiras, cujo anteprojeto data de 1920 e que é inaugurado em 1953 na Praça Armando Salles de Oliveira, em São Paulo. Nos anos 1940 e 1950, realiza esculturas para locais públicos, fachadas e baixos-relevos, entre outras obras. Nesse período, ponto alto da carreira do artista, retrata as figuras e os costumes da cultura indígena brasileira em terracota, bronze e pedra com incisões.

Comentário Crítico

Brecheret inicia sua formação artística, em 1912, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, onde estuda desenho, modelagem e entalhe em madeira. Em 1913, viaja para Roma e torna-se discípulo de Arturo Dazzi, escultor que se destaca pelo gosto por figuras monumentais elaboradas com grande síntese formal. Em Roma estuda atentamente as obras de Auguste Rodin (1840-1917) e Emile Antoine Bourdelle, entre outros, e conhece o escultor Ivan Mestrovic (1883-1962). Quando retorna a São Paulo, em 1919, é um escultor com amplo domínio técnico. Improvisa um ateliê em espaço cedido pelo engenheiro Ramos de Azevedo no Palácio das Indústrias. Seus trabalhos são admirados por um grupo de intelectuais ligados ao movimento modernista: Oswald de Andrade, Menotti del Pichia e Mário de Andrade.

As esculturas Ídolo e Eva (ambas de 1919) apresentam um tratamento naturalista da anatomia e uma contida dramaticidade, que se expressa por meio de torções do corpo e de volumes trabalhados em luz e sombras acentuadas. O escritor e crítico Mário de Andrade denomina esse período da obra de Brecheret (em oposição à época posterior, em Paris) de fase de sombras, na qual estas sempre se valorizam mais do que a luz. Em 1920 realiza a maquete para o Monumento às Bandeiras, no qual evoca a saga dos bandeirantes na conquista de novas terras. No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e viaja para Paris, onde permanece até 1935. Embora ausente, expõe algumas obras na Semana de Arte Moderna de 1922.

Em Paris, Brecheret será muito sensível a três fontes que busca fundir de maneira pessoal: a ênfase ao volume geométrico da escultura cubista, o tratamento sintético da forma dado pelo escultor romeno Constantin Brancusi e a estilização elegante do art déco. A convergência dessas matrizes pode ser percebida em Tocadora de Guitarra (1923). Nessa fase o escultor reduz a dramaticidade vista em suas obras anteriores. Agora produz formas simplificadas e de forte cunho ornamental. A escultura Mise au Tombeau [O Sepultamento], de 1923 - hoje no Cemitério da Consolação, em São Paulo - é uma das obras mais destacadas de seu período francês. Esta é organizada em formas lineares e possui uma suavidade melódica. O tema é tratado com muita simplificação formal, evocando um clima de grande serenidade.

Em 1936, Victor Brecheret fixa-se em São Paulo, onde recebe encomendas de esculturas públicas e também de trabalhos com temas religiosos. Retoma o projeto do Monumento às Bandeiras, que é concluído apenas em 1953. A obra se destaca pelas figuras elaboradas com grande síntese formal, pela preocupação com os volumes, pela simplificação dos detalhes e linhas estilizadas. O monumento consegue resumir o apelo narrativo e alegórico do tema: em sua composição convergem uma forte marcação horizontal e um movimento de arrasto que culmina na figura da Glória, que enfeixa heroicamente todo o grupo escultórico. O tratamento da superfície é mais áspero, se comparado ao de obras anteriores, o escultor dá maior ênfase à matéria.

A partir da década de 1940, o artista se aproxima dos temas ligados à cultura indígena, em esculturas realizadas em bronze ou terracota: Drama Marajoara (1951) ou Drama Amazônico (1955). Nessa fase em que alcança o ponto alto de sua carreira também trabalha com pedras de formas circulares, nas quais interfere realizando suaves incisões, como nas obras Luta da Onça ou Índia e o Peixe (ambas de 1947/1948). Nestas evoca o caráter sagrado ou mágico das pedras e retoma assim, de maneira muito pessoal, formas e arquétipos indígenas, ainda que se note aí a presença da escultura de Henry Moore e Hans Arp (1886-1966). Em trabalhos como Luta dos Índios Kalapalos (1951) produz formas nas quais dialoga com a abstração. Em Índio e Suassuapara (1951) o artista parte de dois volumes que se aglutinam e trabalha as superfícies vazias ou cheias, nas quais se inserem as incisões.

Críticas

"O comentário único admissível ante tais obras é um silêncio devoto, um silêncio religioso que traduza a confissão tácita de que estamos em face de alguma coisa que transcende do nosso círculo de percepções habituais. Esse estado de alma reproduz-se sempre (em quem tem alma, está claro) pela ação da música, quando é Beethoven que nos penetra de sons o intimo da substância, pela ação da pintura, quando faz a mão do gênio, pela ação do verso, quando o cantam os sumos poetas, pela ação da escultura, quando emprestou vida à pedra um desses raros plasmadores da vida marmórea. Pois bem: se Eva de Brecheret transfunde-nos tal estado de alma, não é preciso dizer mais. Isso sagra-o. Isso sagra-o. E isso cobre de vergonha a nossa petulante Cartago, a este São Paulo que repudia de seu seio um artista destes, exila-o, esfameia-o para em seguida meter no bolso dum grileiro de gênio centenas de contos em troca de um presepe de pedra e bronze, cheio de leões, panteras, bugres, cavalos de Tróia, girafas, jacarés, etc. Monumentos falsíssimo uma vez que esqueceu os camelos pagantes e como coroamento de tudo, na cúspide, o pé de cabra onipotente, onipresente, oniciente, onicavante".
Monteiro Lobato

"Mas Brecheret para mim tem mais que o simples fulgor volátil da juventude. No trato continuado em que o pude observar e admirar, arraigou-se-me profundo e forte no espírito a convicção de que o moço escultor é uma personalidade características, a profecia mais genial que o país teve até hoje na escultura, à qual unicamente falta contemplação mais ponderada das grandes obras de arte do nosso tempo e espírito mais afeiçoado ao raciocínio estético para produzir a obra-prima integral, que o Brasil ainda não tem para concorrer ao comércio artístico do mundo e que dele espera com fervor.

Ele é, disto tenho absoluta certeza, um espírito que tende a se tornar independente, uma personalidade que se inclina a singularizar-se. É uma das suas qualidades mais notáveis. Pois bem: em vez de formar um tipo escultórico baseado nas correntes tradicionais assírias ou egípcias, em vez de estilizar no mármore ou no bronze as características físicas dum nórdico, segundo Carlos Milles, ou dum eslovaco segundo Mestrovic - tendências que o internacionalizariam em vez de o nacionalizar - estude os tipos dos nossos índios, tipos não desprovidos de beleza, estilise-os, unifique-os num tipo único, original e terá adquirido assim a maior das suas qualidades".
Mario de Andrade

"Mas a quem analise sua evolução complexa não escapará a tendência dia a dia mais acentuada para a exclusiva preocupação dos volumes e planos e o desinteresse cada vez maior pelo assunto, o tema, a concessão figurativa. A fase atual das pedras realça rigorosamente esse amor à forma pela forma, muito embora Brecheret o mascare com explicações algo confusas em seu catálogo. Na realidade o aproveitamento do acaso da natureza e o grafismo das gravações primitivas revelam tão-somente a timidez do artista à cata de uma justificação para o gesto futuro. Este será, creio, o da confecção da própria pedra, o da procura de novas eurritmias, de proporções ideais de planos e volumes que não lembrem mais o corpo humano, que nasçam simplesmente da imaginação e da sensibilidade do artista. Toda a sua rota, desde o início, está traçada, e visível a um olhar perspicaz, nas estilizações, nas simplificações, nas deformações, nas sínteses. O escultor jamais se apegou à concepção analítica, e quando parou no pormenor foi sempre para fazer da parte um todo, para valorizá-la plasticamente como uma obra em si e não a fim de marcar uma tendência naturalista. E, quando teve como objetivo o próprio todo, o pormenor só lhe interessou como solução de equilíbrio ou de grafismo sensível".
Sérgio Milliet

"Polariza, como Anita Malfatti, os ideais dos modernistas, antes da Semana de 22. A formação italiana, entre 1913 e 1916, com Arturo Dazzi, é marcada também pela escultura secessionista do iugoslavo Ivan Mestrovic. De volta a São Paulo, entre 1919 e 1921, exerce ação renovadora, com suas esculturas estilizadas por alongamentos e dramática tensão da anatomia. Entre 1921 e 1936 sua produção escultórica se insere no contexto da Escola de Paris, passando por uma limpeza e simplificação, de inspiração brancusiana e pelo geometrismo edulcorado do art déco, atingindo uma síntese de volumes abstratizantes de grande luminosidade. Nos anos 30, após algumas experiências abstratas, insiste quanto à globalização de formas, de torneado rústico, simplificações arcaizantes e recortes de volumes em arestas. Em 1936, com a possibilidade de realizar o Monumento às Bandeiras, retorna definitivamente a São Paulo. Após episódica pesquisa da escultura arcaica grega, abandonando o geometrismo, sua escultura de massa expressa maior naturalismo, centrado na figura feminina, monumental, de ressonâncias maiollescas. Ao fim dos anos 40 volta-se para os temas nacionais, indígenas - sua linguagem plástica torna-se cada vez mais orgânica, afloramentos de intuições profundas, mapeando formas essenciais, primitivas, sensibilizando as massas com incisões".
Daisy Valle Machado Peccinini de Alvarado

"Até 1921, o escultor recorre ainda, vez por outra, ao estoque de formas rodinianas, sendo, por exemplo, desse ano a Máscara de Menotti Del Picchia, tão próxima do busto de Mahler, nervosamente modelado pelo gênio francês havia pouco mais de dez anos. Ora, com essas formas de suprema elegância e requintada simplicidade, Brecheret formula com rigor um estilo. Esta primeira fixação de sua singularidade, por assim dizer, de sua "maneira", é de capital importância. Não porque seja este um estilo ne variatur, ou, muito pelo contrário, a obra do escultor conhecerá ainda as mais radicais inflexões, das pedras ao marajoara, do momunental granito alla Bourdelle dos Bandeirantes às Graças I e II inspiradas em Maillol, etc. Mas porque qualquer que seja a "fase" em que se encontre, Brecheret não mais abdicará de uma identidade poética, que permite sempre, para além de tal ou qual experiência passageira, reconhecer uma mesma capacidade de síntese formal, um mesmo e inconfundível estilo.
O mérito maior de Victor Brecheret talvez tenha sido o de escolher sempre (à exceção de Arturo Martini, provavelmente) os maiores mestres da escultura moderna por interlocutores: Rodin, Medardo Rosso, Brancusi, Bourdelle e Maillol. Que ele não tenha sempre saído ileso desses confrontos, os únicos que podiam fascinar seu altíssimo perfil de escultor, em nada compromete a grandeza de seus desafios. Entre nós, foi o único capaz de sustentá-los, consciente de serem os únicos que a escultura exige".
Luiz Marques

"Sem nenhum vínculo com a rarefeita tradição escultórica brasileira, Brecheret deve ser analisado, como sugere Luiz Marques, no âmbito da escultura européia, com a qual trava um diálogo que marca sua trajetória de artista múltiplo. Atentando, aliás, para sua formação e sua longa permanência no estrangeiro impõe-se uma pergunta decisiva: até que ponto Brecheret pode ser considerado um artista brasileiro? Não pertencerá ele, de fato, à história da escultura européia, uma vez que não há em sua obra vínculos mais estreitos com a arte elaborada no Brasil naquele mesmo período? A própria inspiração indígena que pontua sua produção final, na qual parece responder finalmente ao apelo que Mário de Andrade lhe dirigira em 1921 - "Estude os tipos dos nossos índios, tipos não desprovidos de beleza, estilize-os, unifique-os num tipo único, original e terá adquirido assim a maior das suas qualidades" -, pode ser inscrita, se bem que tardiamente, naquele interesse pelo primitivo que mobiliza as vanguardas européias no começo do século.Talvez respondendo a essa indagação, desatando esse nó, seja possível avaliar Brecheret com outros olhos e, quem sabe, recontextualizá-lo devidamente na arte brasileira, para além de uma evidência tão-somente geográfica, incapaz de dar conta dos complexos elementos que envolvem qualquer definição do trabalho artístico".
Annateresa Fabris

"Apenas dois escultores participaram da Semana de Arte Moderna de 1922, W.Haaberg e Victor Brecheret, este com doze obras. Dois anos antes, em junho de 1920, Brecheret já apresentara seu projeto para o Monumento às Bandeiras, cuja construção somente seria iniciada em 1936 e concluída em 1953. Ou seja, quando apresentou seu projeto, a Semana ainda não acontecera, e o meio artístico paulista desconhecia o cubismo, o futurismo, o dadá e outras inovações modernistas. Quando ele foi inaugurado, a Bienal Internacional de São Paulo, um divisor de águas da arte brasileira, realizava a sua segunda edição. Revolucionário em 1920, muito conservador em 1953. O próprio Brecheret, que experimentara antes diversos estilos - o hieratismo egípcio, o art déco e o cubismo -, já alcançara sua plena maturidade artística em obras realizadas em bronze, cobertas por inscrições rupestres (Índio e a Suassuapara, 1951), e na chamada "fase das pedras", que durou até sua morte, em 1955, na qual ele se apropriou de seixos graníticos, tal como foram modelados pela natureza, mas interferindo em sua superfície com incisões".
Frederico Morais

"É em Victor Brecheret que a representação do sagrado se torna eloqüente como linguagem de uma produção extensa, que atravessa toda a longa trajetória de sua vida.

Nele, a arte sacra encontra um modo de percorrer todos os diversos caminhos da expressão escultórica, da monumentalidade de alguns túmulos de São Paulo até a delicada sutileza de suas terracotas, seja na representação da Virgem Maria ou da Fuga para o Egito, seja nas catorze estações da Via-Sacra que ornam a capela do Hospital das Clínicas de São Paulo, seja enfim nas várias representações da Última Ceia, às quais o artista sabiamente imprime uma linguagem absolutamente original".
Emanoel Araújo

Depoimentos

"Fui parar em Paris - conta o artista - pouco depois da I Grande Guerra, época em que a revolução da arte atingia o ápice. O que lá encontrei era completamente diverso do que até então estivera aprendendo. Fiquei aturdido, confuso. Passei um ano sem trabalhar, embora freqüentasse ateliers e artistas. Depois, arrastado pelo meio ambiente entrei na minha fase modernista. Figuras em granito que só apresentavam volume (chamava-os de pneumáticos...). Ou concepções avançadas em que a geometria jogava com forma, figuras essas executadas em cobre polido. (...)

O que se faz hoje - continua o artista - no estrangeiro ou aqui em nossa terra já foi feito na Europa depois de 1920. Naquele tempo desejava-se acabar com certo convencionalismo na arte, pois que a arte era doce, feita para o gosto burguês. Tentou-se uma transformação que não pôde ser realizada por não ter atingido nada. Fora das bases clássicas seria inútil tentar criar alguma coisa nova. Aliás, na arte, tudo o que se poderia conseguir já foi feito. Na efervescência do movimento modernista eu costumava pensar: então por que continuam a apresentar o ponto máximo de atração aquelas estátuas célebres dos museus, que vêm atravessando os séculos sem que sua beleza ou valor diminuam? Nada até hoje conseguiu diminuí-las. Em 1928 houve também, na França, uma verdadeira invasão de artistas de todos os países, que traziam idéias novas, revolucionárias. Porém, desapareceram a seguir, como um fogo fátuo, nada mais. (...)

- Quando voltou às bases clássicas? - indago.

Na verdade - responde Brecheret - eu nunca me afastei delas. Mas, levado pela influência da época, acompanhei o que todos faziam naquele momento. Entretanto, fui peneirando os meus trabalhos, avançando, ou melhor, retrocedendo até me fixar. A experiência adquirida no período modernista foi-me deveras proveitosa, pois adquiri um vasto conhecimento das linhas geométricas na escultura. (...)

Mas o mar é um mau fornecedor - acrescenta Brecheret - e na falta de outras pedras, cuja beleza me inspirasse, venho trabalhando em terracota, sempre no mesmo assunto, com motivos nacionais, procurando assim uma nova forma, uma nova modalidade, uma outra escultura brasileira, legitimamente nossa".
Victor Brecheret
ANTONIA, Maria. Brecheret fala de arte. In: BRECHERET: 60 anos de notícia. São Paulo: s.n., 1976. p.93-95.

Acervos

Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil
Banco Interamericano de Desenvolvimento - Washington D.C. (Estados Unidos)
Casa Guilherme de Almeida - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP - São Paulo SP
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ
Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP - São Paulo SP
Fundação Armando Álvares Penteado - São Paulo SP
Fundação Cultural de Curitiba - PR
Fundação Maria Luiza e Oscar Americano - São Paulo SP
Museu da Casa Brasileira - São Paulo SP
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - SP
Museu Júlio Prestes - Itapetininga SP

Exposições Individuais

1920
Santos SP - Exposição da maquete do Monumento aos Andradas
São Paulo SP - Exposição da primeira maquete do Monumento às Bandeiras, na Casa Byington. A execução do monumento começa em 1936 e sua inauguração é em 1953

1921
São Paulo SP - Individual, na Casa Byington

1926
São Paulo SP - Primeira individual, apresenta 33 esculturas da fase francesa. Doa Porteuse de Parfum à Pinacoteca do Estado

1930
São Paulo SP - Individual

1934
Rio de Janeiro RJ - Individual

1935
São Paulo SP - Individual

1948
São Paulo SP - Individual, na Galeria Domus

1953
São Paulo SP - Individual, na Galeria Tenreiro

Exposição Coletivas

1916
Roma (Itália) - Exposição Internacional de Belas Artes
Roma (Itália) - Participa da exposição do Amatori e Cultori - com a obra Despertar, recebe o 1º prêmio na Exposição Internacional de Belas Artes

1919
Roma (Itália) - Mostra degli Stranieri alla Casa del Pincio
Roma (Itália) - Mostra degli Stranieri alla Casina del Pincio

1921
Paris (França) - Salon d"Automne - premiado com a escultura Templo da Minha Raça

1922
São Paulo SP - Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo

1923
Paris (França) - Exposição de Artistas Brasileiros, na Maison de L´Amérique Latine
Paris (França) - Inauguração da Maison de L"Amérique Latina
Paris (França) - Salon d"Automne - premiado com a obra Mise au Tombeau (Sepultamento)

1924
Paris (França) - Exposition d"Art Américain-Latin, no Musée Galliéra
Paris (França) - Salon d"Automne - expõe Porteuse de Parfum (Portadora de Perfume)

1925
Paris (França) - 18º Salão de Outono, no Grand Palais
Paris (França) - Salon de la Société des Artistes Françaises - menção honrosa
Paris (França) - Salon des Artistes Français
Roma (Itália) - Exposição Internacional de Roma

1926
Paris (França) - 19º Salão de Outono, no Palais de Bois
Paris (França) - Peintres et Sculpteurs de L"École de Paris
Paris (França) - Salão de Outono

1928
Paris (França) - Salon des Indépendents

1929
Paris (França) - 40º Salon des Indépendants, na Société des Artistes Indépendants
Paris (França) - Salon des Indépendents

1930
São Paulo SP - Exposição de uma Casa Modernista

1931
Rio de Janeiro RJ - Exposição na Primeira Casa Modernista do Rio de Janeiro, na Rua Toneleros
Rio de Janeiro RJ - Salão Revolucionário, na Enba

1933
São Paulo SP - 1ª Exposição de Arte Moderna da SPAM, no Palacete Campinas

1934
Rio de Janeiro RJ - 4º Salão da Pró-Arte

1937
São Paulo SP - 1º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo

1938
São Paulo SP - 2º Salão de Maio, no Esplanada Hotel de São Paulo

1939
São Paulo SP - 3º Salão de Maio, na Galeria Itá

1941
São Paulo SP - Salão de Arte da Feira Nacional de Indústrias

1945
São Paulo SP - Galeria Domus: mostra inaugural

1950
Veneza (Itália) - 25ª Bienal de Veneza

1951
São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - prêmio escultura nacional com a obra O Índio e a Suassuapara

1952
Chile - Salón del Museo de Arte Contemporáneo de la Universidad de Chile
Paris (França) - Salon de Mai
Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
Veneza (Itália) - 26ª Bienal de Veneza

1954
São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/SP

1955
Paris (França) - Artistas Brasileiros
São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações

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