David Libeskind

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Biografia

David Libeskind (Ponta Grossa PR 1928)

Arquiteto, artista gráfico, ilustrador, pintor.

Muda-se com a família para Belo Horizonte em 1929. Ainda no colégio, freqüenta o curso livre de desenho ministrado pelo pintor Guignard (1896 - 1962) na Escola do Parque. Entre 1947 e 1952, cursa arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Aluno do professor Sylvio de Vasconcellos (1916 - 1979), é convidado por ele a trabalhar como estagiário no departamento estadual do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Sphan. Formado, muda-se para São Paulo, atraído pelo efervescente mercado imobiliário da cidade, onde passa a conviver com arquitetos e artistas importantes no "clubinho" do Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB. Trabalhando sozinho no quarto da pensão em que mora, desenvolve alguns projetos de porte, como o Edifício São Miguel, o Posto de Puericultura para a Legião Brasileira de Assistência, ambos em 1953, o plano para o conjunto residencial dos funcionários da Refinaria de Petróleo União, em Capuava, Santo André, e o Hospital Infantil da Faculdade de Medicina de Sorocaba, ambos em 1954. Essas obras o credenciam, apesar da pouca idade, a realizar um projeto de grande envergadura em 1955: um edifício multifuncional ocupando o quadrilátero entre a avenida Paulista, a alameda Santos e as ruas Augusta e Padre João Manuel, o Conjunto Nacional. Sua proposta de uma lâmina vertical com habitação e escritórios sobre uma base comercial, ocupando toda a extensão do lote, é aceita pelo empresário José Tijurs, permitindo-lhe finalmente montar um escritório próprio para desenvolver o projeto.

Na segunda metade da década, trabalha como ilustrador e artista gráfico e realiza capas para a revista AD - Arquitetura e Decoração, entre outras. Em 1959, abre uma empresa de projeto, construção e incorporação com o engenheiro Simão Schaimberg, e constrói inúmeros edifícios residenciais no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Nos anos 1960, realiza obras públicas no interior do Estado, tais como o Fórum de Socorro, 1962, e o Grupo Escolar Santa Cuz do Rio Pardo, 1963. Assume, em 1970, o cargo de diretor de planejamento da Companhia Metropolitana de Habitação - Cohab, mas perde progressivamente a proeminência que tem nos anos 1950 e 1960 no cenário arquitetônico de São Paulo. Em paralelo à atividade de arquiteto, cultiva durante toda a vida o trabalho de pintor, e chega a participar de três edições da Bienal Internacional de São Paulo, em 1963, 1965 e 1967, e da exposição Tradição e Ruptura: Síntese de Arte e Cultura Brasileiras em 1984.

Comentário crítico

Autor de uma obra particularmente profícua nas décadas de 1950 e 1960, David Libeskind desenha e constrói um conjunto competente de residências particulares e edifícios habitacionais em São Paulo. Acima de tudo é o autor de uma obra-prima, que se destaca das demais tanto pela complexidade do programa - as exigências a que a construção precisa atender - quanto pela escala: o Conjunto Nacional, 1955, edifício multifuncional que ocupa o quadrilátero entre a avenida Paulista, a alameda Santos e as ruas Augusta e Padre João Manuel, no espigão central da cidade. Trata-se de uma lâmina com 80 metros de altura - com apartamentos de moradia e salas de escritórios -, suspensa sobre uma base comercial horizontal que ocupa a totalidade do quarteirão, cobrindo o passeio público em suas quatro faces. Esse projeto, que, além de revelar uma maturidade precoce do arquiteto, pode ser interpretado como a cristalização de um repertório dominante, naquele momento, no ambiente modernizante da cidade. Como uma antena receptora daqueles ideais, Libeskind realiza um projeto que talvez ultrapasse a sua própria capacidade de determinação consciente das coisas, pois, como observa o estudioso Fernando Viégas, "provavelmente, um arquiteto com 26 anos só conseguiria conceber um projeto desta qualidade se estivesse interpretando um desejo coletivo".1

Em sua produção residencial, é nítida a influência do racionalismo despojado da arquitetura californiana, sobretudo da obra do arquiteto vienense, radicado nos Estados Unidos, Richard Neutra (1892 - 1970). É o que se nota, por exemplo, nas casas José Félix, em Goiânia, 1953, e Simão Schaimberg, 1955, Antônio Maurício Rocha, 1957, e José Kalil Skaf, 1958, em São Paulo, em que o tecnicismo industrial é suavizado por elementos da "tradição local", como painéis de azulejo e jardins tropicais. Contudo, é evidente a presença de uma acentuada liberdade plástica em suas obras de maior porte, em que a idéia de "monumentalidade" se fez necessária. É o caso tanto do Grupo Escolar de Santa Cruz do Rio Pardo, 1963, em que o volume inclinado e anguloso do corpo principal lembra a Escola Júlia Kubitschek, 1951, de Oscar Niemeyer (1907), quanto do Conjunto Nacional, com destaque para o desenho elíptico da rampa central, e sua cobertura com um domo geodésico de grande dimensão, inspirado nas pesquisas de Richard Buckminster Fuller (1895 - 1983).

Niemeyer é, declaradamente, uma figura central para Libeskind. É graças ao impacto diante do Conjunto da Pampulha, 1940/1943, que o jovem aspirante a artista, freqüentador do curso livre de desenho ministrado pelo pintor Guignard (1896 - 1962), em Belo Horizonte, decide cursar arquitetura.2 Além disso, pode-se dizer que os projetos de Niemeyer para os edifícios Copan, em São Paulo, e Juscelino Kubitschek, em Belo Horizonte, ambos de 1951, são precursores da tipologia adotada no Conjunto Nacional, entendida não apenas como solução formal, mas também como determinante de um decidido caráter urbano, em que o edifício procura abrir-se para o espaço da cidade, adensar racionalmente a sua ocupação em altura, e oferecer espaços e equipamentos de uso coletivo - como estabelecimentos comerciais, telefones públicos, caixas eletrônicos, cafés e bancos para descanso. Como anota Viégas, se há, aqui, uma forte presença da heterogeneidade de programas das "Unidades de Habitação", de Le Corbusier (1887 - 1965), é notável, por outro lado, uma contraposição ao desprezo de Le Corbusier pela rua.3 O Conjunto Nacional não é uma "máquina" autônoma e auto centrada, mas um equipamento que procura ativar o entorno urbano propondo uma continuidade interior dos seus espaços, pela criação de "ruas internas" ligadas às quatro ruas lindeiras, que se encontram em uma "praça central", dotada de rampas, escadas rolantes e elevadores.

Fundamentalmente, o Conjunto Nacional impõe uma reformulação da ocupação fundiária da cidade em seus centros financeiros e comerciais, substituindo a fragmentação dos lotes estreitos e mesquinhos pela compreensão do quarteirão inteiro como unidade mínima a ser ocupada, a exemplo do que acontece em Manhattan desde o caso emblemático do Rockefeller Center, em 1926. Por essas razões, pode ser considerado uma edificação que se desdobra em intervenção urbanística, figurando parâmetros para uma cidade mais generosa e acolhedora.

Notas
1 VIÉGAS, Fernando Felippe. Conjunto Nacional: a construção do espigão central. 2003. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP, São Paulo, 2003, p. 231.
2 Mesmo assim cultiva durante toda a vida, em paralelo à atividade de arquiteto, o trabalho de pintor, e chega a participar de três edições da Bienal Internacional de São Paulo, em 1963, 1965 e 1967, além da exposição Tradição e Ruptura: Síntese de Arte e Cultura Brasileiras, em 1984.
3 Cf. VIÉGAS, Fernando Felippe. Desenho de cidade: o projeto do Conjunto Nacional. Novos Estudos, n. 70. São Paulo: Cebrap, Novembro de 2004, p. 185.

Exposições Individuais

1971 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Documenta

Exposições Coletivas

1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1960 - São Paulo SP - 9º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1961 - São Paulo SP - 10º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - 1º prêmio
1963 - Rio de Janeiro RJ - 12º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri
1963 - São Paulo SP - 7ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1964 - Brasília DF - 1º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal - isenção de júri
1964 - Rio de Janeiro RJ - 13º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri
1964 - São Paulo SP - 13º Salão Paulista de Arte Moderna
1964 - São Paulo SP - Arquitetos-Pintores, no IAB/SP
1965 - Brasília DF - 2º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal - isenção de júri
1965 - São Paulo SP - 1º Salão Esso de Artistas Jovens
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1966 - São Paulo SP - 15º Salão Paulista de Arte Moderna , na Galeria Prestes Maia - medalha de prata
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1984 - São Paulo SP - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras, na Fundação Bienal
2000 - Valência (Espanha) - De la Antropofagia a Brasilía: Brasil 1920-1950, no IVAM. Centre Julio Gonzáles
2002 - São Paulo SP - Da Antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950, no MAB-FAAP

Fonte: Itaú Cultural

Veja também